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Península Ibérica pronta para receber Mundial de Futebol

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A candidatura conjunta de Portugal e Espanha à organização do Campeonato do Mundo de futebol de 2018 é a que mais cumpre o caderno de exigências da FIFA e está, por isso, bem colocada para assegurar o torneio.

A FIFA entende que a candidatura ibérica é superior aos concorrentes em expectativa de vendas de bilhetes, orçamento mais baixo para a construção e renovação de estádios e capacidade hoteleira, entre outrositens. A decisão será anunciada pela FIFA, em Zurique, na próxima quinta-feira (02).

A candidatura ibérica, de acordo com um relatório divulgado pela FIFA a 17 de novembro, falha em apenas um requisito: menos campos de treino nas cidades-sede, com apenas 42, quando os exigidos são 84.

Apesar de tudo, tal como nos revela o Diretor de Comunicação da Federação Portuguesa de Futebol, Onofre Costa, Portugal e Espanha apresentam grandes vantagens relativamente a Inglaterra, Rússia e à parceria Holanda/Bélgica, os outros países envolvidos na corrida.

swissinfo.ch: Quais os principais argumentos a apresentarem pela candidatura Ibérica naquela que será a derradeira oportunidade para convencer os membros do comité Executivo da FIFA?

Onofre Costa

“Há muitos fatores a nosso favor: os estádios, que se encontram entre os melhores do mundo, as nossas infra-estruturas hoteleiras que se destacam em todos os sentidos, as nossas vias de comunicação que asseguram rápidas e confortáveis viagens por todos os locais da Península Ibérica, o nosso clima fantástico e a qualidade dos nossos clubes, jogadores, treinadores e árbitros.

Todavia, há uma razão que marca a diferença: a nossa hospitalidade, o nosso calor humano. Em Espanha e em Portugal as pessoas são o que mais importa. E a Paixão pelo Futebol vive-se intensamente.

swissnfo.ch: Como será estruturada a apresentação? Quais as principais personalidades que vão participar na apresentação?

O.C.: Haverá intervenções dos representantes dos governos, dos Presidentes das Federações e do Diretor Geral da Candidatura e serão exibidos vídeos. A cerimónia vai ser apresentada pelo jornalista, português, Pedro Mourinho.

swissinfo.ch: Quais foram os maiores obstáculos com que a candidatura Ibérica teve de lidar?

O.C.: Nós nos deparamos com os mesmos desafios que se colocaram às outras candidaturas. Penso que, tal como a FIFA reconheceu no seu relatório técnico, fizemos um excelente trabalho a todos os níveis.

swissinfo.ch: Quais as mais-valias sociais e culturais da organização Ibérica do Mundial?

O.C: A Real Federação Espanhola de Futebol e a Federação Portuguesa de Futebol estão realizando atividades de forma a abordar especificamente o futebol como um meio de desenvolvimento social integrado entre povos e culturas.

Alguns dos programas que estão sendo desenvolvidos incluem a integração através do desporto de pessoas dependentes de drogas, apoio às pessoas com deficiência, ou a promoção, em África, de desporto para crianças em ambiente escolar.

São vertentes do nosso projeto: o Programa Social Tolerância e Integração, Futebol e Saúde, Futebol e Desenvolvimento Social, Legado de Sustentabilidade Social. Neste último, por exemplo, está previsto o apoio à estadia, durante a competição, a países com poucos recursos, e está igualmente previsto que o material usado durante o evento seja posteriormente doado a organizações não-governamentais e distribuído por escolas de crianças em países carenciados.

swissinfo.ch: Qual o impacto ambiental da organização do evento? Quais as iniciativas de combate ao impacto ambiental?

O.C: O projeto ambiental do campeonato do Mundo 2018, sob a bandeira “Futebol sem Pegada “, contém um Plano de Proteção Ambiental que vai definir metas para cada uma das intervenções nas áreas estabelecidas.

Os estádios terão um papel fundamental na área ambiental, porque eles são as instalações mais representativas de um Mundial. Portanto, o novo conceito de Estádio 360º Sustentável foi proposto para estádios e outras instalações de atividades relacionadas com a celebração do futebol, do desporto e eventos em geral.

O conceito compreende o fornecer dos tradicionais critérios de design, funcionalidade e custo de estádios, incluindo também os aspetos ambientais, sociais e económicos no seu ciclo de vida.

O Plano de Proteção Ambiental tem objetivos específicos: promover a eficiência energética e energia limpa, atingir 100% de mobilidade sustentável, maximizar a percentagem de viagens em comboio de alta velocidade, promover a utilização da Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) para evitar viagens desnecessárias, definir novos padrões de gestão da água, garantir a qualidade do ar e da água no cumprimento dos limites estabelecidos pela atual legislação, promover o consumo sustentável para o uso racional dos recursos e minimização de resíduos, integrar o ambiente no design.

A ideia é minimizar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em todos os estágios do projeto, o desenvolvimento de um inventário de emissões a partir do evento, a ser posteriormente verificado por uma entidade credenciada internacional independente, e projetar um sistema para compensar as emissões.

A organização ambiciona ir além do “triplo objetivo 20-20-20” – uma redução de 20% sobre a tendência atual de consumo de energia, menos 20% das emissões de GEE em comparação com 1990 e a criação de 20% do consumo final de energia a partir de fontes renováveis.

swissinfo.ch: Qual o investimento em infraestruturas? Qual o futuro das mesmas após o mundial?

O.C.: Do lado português, não haverá esse investimento, uma vez que aproveitamos os investimentos já feitos por ocasião do EURO 2004. Do lado espanhol, haverá construção de estádios que serão construídos independentemente da atribuição da organização do Mundial 2018. Esses estádios serão usados pelos respetivos clubes.

Em termos financeiros, quais as previsões caso Portugal e Espanha venham a organizar o Mundial? Haverá lucro?

O.C.: A organização de um Mundial de Futebol, o maior eventos desportivo em termos mediáticos é sempre muito vantajosa economicamente.

Como é que será feita a distribuição dos jogos mais importantes?

O.C: Serão distribuídos pelos dois países. Portugal apresenta os três únicos estádios que apresentam os requisitos mínimos exigidos pela FIFA em termos de capacidade (mínimo 40.000 lugares). Esses requisitos mínimos impedem que se pudessem considerar fazer a abertura e a final em Portugal (a capacidade mínima exigida é de 80.000 lugares).

Mesmo assim, o Mundial poderia começar com o primeiro jogo da Seleção Espanhola, em Espanha, e o primeiro jogo da Seleção Portuguesa, em Portugal, no mesmo dia, o que significaria que, na prática, realizar-se-iam de duas cerimónias de abertura. Por outro lado, disputar-se em Portugal o jogo de atribuição do 3º e 4º lugares, o que asseguraria que o nosso país estaria envolvido na prova até ao penúltimo dia da competição.

Para disputar os 64 jogos da competição a organização do Mundial prevê a utilização de 12 estádio (3 em Portugal e os restantes 9 em Espanha). Os bilhetes mais caros serão os de Categoria 1 para o jogo inaugural e para a final, respetivamente 300 e 900 euros.

Com a venda dos bilhetes para os jogos, se a ocupação dos estádios for de 100% (3,674,050 bilhetes), a organização Ibérica prevê facturar 456 milhões de Euros, caso a venda dos bilhetes seja de 90% (3,306,645 bilhetes) serão 410 milhões de Euros a entrar em caixa e, no pior dos cenários, se a venda de bilhetes se ficar pelos 80% (2,939,240 bilhetes) a faturação prevista é de 366 milhões de Euros.

Ao Mundial de 2018 concorrem as candidaturas conjuntas de Espanha e Portugal e da Bélgica e da Holanda, além da Inglaterra e da Rússia. Ao Mundial de 2022 apresentam-se Austrália, Coreia do Sul, Estados Unidos, Japão e Qatar.

A Comissão Executiva da FIFA anuncia a 03 de dezembro, em Zurique, a atribuição da organização do dos Mundiais de 2018 e de 2022, depois de as várias candidaturas fazerem a última apresentação na véspera e na manhã do dia decisivo.
A candidatura Ibérica faz a sua apresentação às 9h00 de 2 de dezembro.

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