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Platini defende interrupção de jogo em caso de racismo

Platini durante coletiva de imprensa em Genebra: preocupação com a violência no futebol Keystone

O presidente da União Européia de Futebol (Uefa), Michel Platini, defende a paralisação temporária de partidas pelos árbitros em caso de incidentes racistas, durante a Eurocopa 2008 na Áustria e na Suíça.

“A Uefa é totalmente contra qualquer expressão de racismo ou homofobia, e por isso defendo uma solução radical. Acho que o futebol tem de manter certos valores, razão pela qual apoiaria a paralisação da partida”, disse.

É impossível erradicar totalmente os problemas de violência e racismo, embora “combatamos fortemente estes fenômenos através de manifestações e programas de desenvolvimento”, declarou Platini, no Clube Suíço de Imprensa, em Genebra, nesta terça-feira (29/04).

“Mais que tirar pontos no final da temporada, o que é sempre complicado, eu apoiaria suspender as partidas. Somos pessoas antes de esportistas”, comentou Platini.

Ingressos e lucros do Euro



Na entrevista desta terça-feira, Platini também falou sobre a escassez de ingressos e o destino do dinheiro movimentado pelo Euro 2008.

Segundo ele, a Uefa deve gastar um bilhão de francos para organizar o torneio, com retorno estimado de 2 bilhões de francos – a diferença será distribuída entre os participantes e destinada a diferentes projetos de futebol infantil.

Perguntado por que, diante dos lucros milionários, não há uma remuneração para os 5 mil voluntários, Platini disse que a Uefa é uma entidade sem fins lucrativos. “Os benefícios do Euro serão redistribuídos às associações que promovem o futebol na Europa”.

Ele lembrou também que a Uefa deu apoio financeiro às cidades-sede e que, além disso, a competição vai gerar enormes retornos econômicos e de imagem para os países anfitriões.

Quanto às reclamações relativas à falta de ingressos, Platini disse que, mesmo se os estádios tivessem capacidade para 80 mil espectadores, faltariam lugares. E os contribuintes teriam pagar durante anos por estádios que na maior parte do tempo permaneceriam vazios.

Quase tudo preparado



Platini disse que a Suíça e a Áustria estão bem mais avançadas nos preparativos do que estava a essas alturas Portugal em 2004 ou que provavelmente estarão a Polônia e a Ucrânia em 2012 – atualmente atrasadas no cronograma de construção dos estádios.

O diretor executivo do Euro 2008, Martin Kallen, disse que “os oito estádios estão mais ou menos prontos” e que no próximo dia 12 de maio passarão a ser domínio da Uefa.

Questionado sobre falta de entusiasmo pelo Euro na Suíça a um mês da competição, Platini disse que “o torneio tomará toda sua dimensão popular quando as equipes chegarem”, a partir de 2 de junho.

“Então será um verdadeiro frenesi. Não me preocupo. Era parecido na França antes da Eurocopa de 1984 e da Copa do Mundo de 1998”, declarou o ex-jogador francês.

swissinfo com agências

A questão do racismo no futebol foi debatida no início deste mês, no Europapark Rust (Alemanha), por 150 torcedores, inspetores de torcidas, representantes da FIFA e da Uefa, numa conferência realizada pelo Conselho da Europa.

No encontro, foram discutidos os termos de uma chamada Carta do Torcedor na Europa. Com base em 26 objetivos, os representantes dos torcedores de todos os campeonatos europeus comprometem-se a lutar pelo fim do racismo e da violência nos estádios.

Em novembro passado, Platini disse em Bruxelas que “a violência é um problema social e o futebol é o coração da vida social. Lamentavelmente é natural que fanáticos abusem do nosso esporte por ser público e benquisto”.

Em janeiro deste ano, a Uefa lançou uma campanha educativa chamada “Respeito” para a Eurocopa.

“Em campo, haverá tolerância zero. Se um jogador se comportar de forma racista, eu pediria sua suspensão por um ou dois anos de nossos torneios, mesmo que o tribunal da Uefa seja independente”, afirmou Platini na ocasião.

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