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Plebiscito contra eleições legislativas venezuelanas, a última carta de Guaidó

Juan Guaidó é reconhecido como presidente encarregado da Venezuela por mais de 50 países afp_tickers

Acuado, Juan Guaidó promove para a próxima semana seu próprio plebiscito contra as eleições para o Parlamento venezuelano, que neste domingo (6) dariam ao presidente socialista Nicolás Maduro o controle do único poder que ainda não tem em mãos.

A eleição da nova Assembleia Nacional, que Guaidó e seus aliados boicotaram como “fraude”, ratificará 5 de janeiro de 2021 como data de expiração do mandato da maioria opositora escolhida há cinco anos.

A “consulta popular”, marcada para acontecer entre segunda e sábado, tenta ampliar o campo de ação do líder opositor, reconhecido como presidente da Venezuela por cinquenta países, entre eles Estados Unidos.

“Você exige a cessação da usurpação da presidência por Nicolás Maduro e (…) eleições presidenciais e parlamentares livres, justas e verificáveis?”, diz a primeira das três perguntas.

Guaidó reivindicou em 2019 a presidência interina do país depois que a bancada de oposição declarou Maduro um “usurpador”, acusando-o de ter sido reeleito de forma fraudulenta.

A segunda questão suscita rejeição à votação de domingo e a terceira, sem mencionar as sanções financeiras dos Estados Unidos contra a Venezuela, apoio aos esforços internacionais de Guaidó.

Sem aval das autoridades eleitorais oficiais, a consulta procura validar a tese da “continuidade” do líder oposicionista: se não houver “eleição legítima”, permanecem os escolhidos na votação anterior.

Mas os analistas estão céticos.

“Guaidó perderá sua legitimidade formal como presidente da Assembleia Nacional em janeiro, quando Maduro consolidará o poder total”, comentou à AFP Michael Shifter, presidente do Diálogo Interamericano.

Guaidó está confiante em uma alta participação. “Estou otimista e, mais do que otimismo, tenho certezas”, disse em entrevista recente à AFP.

A iniciativa contará com dois mecanismos de participação: virtual e presencial.

O virtual está programado de segunda a sexta-feira por meio de um site e um aplicativo para celulares da empresa americana Voatz, que usa a tecnologia ‘blockchain’, a mesma das criptomoedas. Também será utilizado um canal na plataforma Telegram, desenvolvido pela empresa colombiana Asistencia Ciudadana.

A presencial foi marcada para sábado com barracas de rua e ativistas itinerantes na Venezuela e 300 cidades no exterior.

Horacio Medina, membro do Comitê Organizador da consulta, estimou em “7 milhões” o número de participantes em um país de 30 milhões de habitantes. No entanto, seja qual for, o balanço será questionado.

Voatz organizou em 2018 nos Estados Unidos a votação por celular de militares no exterior em West Virginia e seus aplicativos foram testados em outros estados como Colorado e Utah; mas pesquisadores do prestigioso MIT (Massachusetts Institute of Technology) denunciaram “vulnerabilidades”, negadas pela empresa.

E quanto ao esquema presencial, será preciso ver se as autoridades policiais e militares da Venezuela vão permiti-lo.

Um membro da equipe técnica da consulta disse à AFP que o site, o app e o canal Telegram vão permitir verificar a documentação e que os dados serão encriptados.

No entanto, reconheceu os riscos de “dupla participação”, virtual e presencial, devido às limitações logísticas com a comparação dos registros.

Já houve uma consulta independente no dia 16 de julho de 2017 contra uma Assembleia Constituinte proposta por Maduro, na qual a oposição afirmou ter reunido 7,5 milhões de votos.

Por fim, a Assembleia Constituinte foi instalada e assumiu as funções de Parlamento.

Washington, ponto central de apoio a Guaidó durante a gestão de Donald Trump, anunciou que vai ignorar as eleições legislativas e a União Europeia denunciou a falta de condições.

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