Polícia publica primeiro relatório sobre o ataque à brasileira
No primeiro relatório publicado à imprensa sobre o caso de PVO, a Polícia de Zurique confirma que houve uma ocorrência e revela que a advogada brasileira sofreu poucos minutos depois da agressão um aborto em um banheiro público.
Cautelosas, as autoridades não citaram um possível ato de extrema-direita para o crime. Elas procuram testemunhas e anunciam que as investigações continuam. O caso começa a repercutir na Suíça.
A notícia está se espalhando como fogo no chão. Depois de ampla divulgação na mídia brasileira, o caso do ataque possivelmente racista à advogada brasileira PVO em Zurique começa também a ecoar na imprensa helvética, apesar de muitas informações ainda serem contraditórias.
Durante todo o dia, o telefone pessoal da advogada brasileira na sua residência em Dübendorf permaneceu desligado. Tentativas de contato feitas pela swissinfo para encontrá-la no hospital em Zurique ou através do seu trabalho não deram certo. Até o final da tarde, o Consulado do Brasil também não deu declarações.
A Polícia de Zurique publicou à tarde (meio-dia no horário brasileiro) seu primeiro comunicado oficial sobre o caso. Ela foi cautelosa em relação aos motivos que levaram à agressão contra a advogada brasileira, não citando fatos descritos por ela, como os trajes, o cabelo raspado e uma suástica tatuada na cabeça de um dos agressores. Porém, o comunicado revela que P. sofreu poucos minutos depois do ataque um aborto no banheiro público nas proximidades da estação de trem de Stettbach, um bairro de Zurique. Swissinfo publica a seguir a íntegra do comunicado.
O comunicado oficial
“Comunicado à imprensa de 12.02.2009 14:48
Caso não esclarecido na estação de trem de Stettbach – Apelo a testemunhas
Na noite de segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009, a Polícia de Zurique foi chamada à estação de trem de Stettbach, onde se encontrava uma mulher com ferimentos provocados por um instrumento de corte. As circunstâncias que levaram aos ferimentos são vagas. A Polícia de Zurique investiga e procura testemunhas.
Pouco após as 19h30m, um homem ligou para a Polícia de Zurique para pedir ajuda para uma mulher na estação de trem de Stettbach. Quando os policiais chegaram ao local, eles encontraram a brasileira de 26 anos com cortes superficiais no corpo. Dentre outros, era possível reconhecer em várias partes do corpo letras entalhadas. A mulher declarou ter sido atacada pouco antes na estação de trem por três homens, que a chutaram várias vezes e a feriram com uma faca. Além disso, ela esclareceu que estava grávida e que, depois da agressão, teve um aborto dentro de um banheiro nas proximidades da estação de trem de Stettbach. Os agentes levaram a mulher para mais esclarecimentos ao hospital.
No local do crime foi realizado um amplo trabalho de detecção de pistas e vestígios. No momento não é possível dar nenhuma informações sobre o exame de corpo de delito. As circunstâncias exatas do crime ainda não estão esclarecidas. A Polícia de Zurique investiga em todas as direções.
Pessoas que viram atividades suspeitas pouco antes das 19h30min na rua Dübendorfstrasse 447, em frente à estação de trem de Stettbach, nas proximidades de uma saída de emergência, são solicitadas a entrar em contato com a Polícia de Zurique, Tel. 0 444 117 117.
Por uma questão de proteção dos dados pessoais e de estratégias de investigação não é possível dar no momento nenhuma informação adicional. Assim que mais fatos forem revelados entraremos em contato com a mídia.”
A direita nacionalista se exprime
Questionados sobre o ataque e as iniciais do partido gravadas no corpo de PVO, os representantes da União Democrática do Centro, o partido da direita nacionalista cujas iniciais foram gravadas sobre o corpo da brasileira, refutam ter qualquer relação com o caso e pedem a punição dos responsáveis.
“Se realmente ocorreu o que a brasileira contou trata-se de um crime terrível e os criminosos devem ser punidos”, declara Alain Hauert.
O assessor de imprensa ressaltou também que o partido é contra qualquer forma de xenofobia e violência contra estrangeiros. “A UDC defende claramente a segurança e pleiteia que criminosos devam ser sempre penalizados. As leis valem para todos.”
swissinfo, Alexander Thoele
A comuna de Dübendorf, onde Paula Oliveira tem residência, pertence hoje à região urbana de Zurique e se autodenomina “cidade”. Ela está localizada 6 km ao leste do centro de Zurique e tem uma área de 1.361 hectares.
No total, sua população é de 23.770 pessoas, das quais 25,8% são estrangeiros. Cerca de 13 mil pessoas estão empregadas nas suas indústrias, no comércio e em empresas do setor de serviços.
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