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Política estrangeira terá novas prioridades

A política estrangeira coordenada pela ministra Micheline Calmy-Rey vê mais além da Europa. Keystone

Para o governo suíço, a União Européia continua sendo prioritária mas a diplomacia vai reforçar seus laços com os países emergentes e com os Estados Unidos.

Por outro lado, o governo é mais prudente quanto à ajuda ao desenvolvimento em que o orçamento não vai aumentar.

A política externa suíça será voltada também para outras regiões do mundo e não mais concentrada apenas na União Européia. As novas prioridades reveladas pela ministra das Relações Exteriores Micheline Calmy-Rey são os grandes países emergentes (Brasil, China e Índia) e Estados Unidos.

A reorientação foi anunciada depois de uma sessão especial do governo federal (sete ministros) dedicada exclusivamente à política externa.

A ministra das Relações Exteriores explicou que a Suíça precisa reforçar as relações com outras regiões para promover os interesses helvéticos.

Estados Unidos

Com os Estados Unidos, a intenção é abrir negociações ainda este ano para a conclusão de um acordo bilateral de livre comércio. Esta prevista também uma colaboração mais estreita nas questões do Oriente Médio para promoção da paz e da democracia.

Um acordo comercial com os Estados Unidos será importante para a Suíça. A Suíça tem acordos com a União Européia, com a qual mantém aproximadamente dois terços de seu coméricio.

Mas, por país, os Estados são o segundo parceiro comercial da Suíça, depois da Alemanha: 10% das exportações suíças vão para os Estados Unidos, onde a Suíça é o sexto maior investidor estrangeiro. As empresas estadunidenses instaladas na Suíça empregam 70 mil pessoas.

Além da União Européia, da qual não é membro, a Suíça tem outros 13 acordos comerciais bilaterais, inclusive com o México, e negocia atualmente com o Canadá.

Conceitos estratégicos

“Não se trata de privilegiar relações com os Estados Unidos mas também com os grandes países emergentes como China, Brasil e Índia”, declarou a ministra Calmy-Rey, em entrevista é tv suíça de língua francesa (TSR).

Para cada um desses países emergentes, o Ministério das Relações Exteriores vai uma estratégia, em colaboração com outros ministérios sobretudo o da Economia.

Como não haverá novos recursos para a reorietação da política externa, eles serão remanejados da União Européia, que concentra atualmente mais da metade do pessoal diplomático suíço.

A direita se diz vitoriosa

A União Democrática do Centro (UDC) – o mais importante é mais à direita dos grandes partidos suíços – se diz satisfeita porque reclamava há tempos um reforço das relações comerciais com os Estados Unidos.

“Não tenho a impressão de perder espaço e sim o contrário”, declarou a ministra Calmy-Rey. Ela explicou que a nova reorientação é uma abertura que não coloca em causa a política européia da Suíça.

Ajuda ao desenvolvimento

Discreta acerca da abertura aos Estados Unidos, a esquerda concentra suas críticas no novo cálculo da ajuda ao desenvolvimento. Para evitar críticas na Cúpula do Milênio + 5 em setembro, em Nova York, a Suíça vai incluir na contabilidade os custos do acolho de requerentes de asilo em seu território.

A medida, já praticada por outros países, permite atingir 0,41% do PNB (Produto Nacional Bruto) a taxa de ajuda ao desenvolvimento. Fica mais próxima, portanto, do 0,56% previstos pela ONU até 2010.

O governo adota “artifícios estatisticos” sem aumentar recursos, afirmam o Partido Socialista e a Comunidade de Obras de Ajuda suíças.

swissinfo, Claudinê Gonçalves

UE e ONU pedem que ajuda aos países em desenvolvimento seja de 0,56% do Produto Nacional Bruto (PNB) até 2010 e de 0,7% até 2015.
A Suíça contribui atualmente com 0,37%.
Acrescentando o acolho de refugiados, a taxa sobre para 0,41%.
Em números absolutos, a Suíça prevê dedicar 1,46 bilhões de francos em 2006, 1,52 em 2007 e 1,56 em 2008.

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