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Políticos suíços fazem campanha na Itália

Platéia numerosa no debate com os políticos swissinfo.ch

A corrida para as próximas eleições legislativas, em outubro, na Suíça, passa pela Itália. O país tem o terceiro maior colégio eleitoral helvético no estrangeiro.

A importância do voto “italiano” se reflete na presença de cinco representantes dos principais partidos suíços no auditório geral do Consulado Geral da Suíça, em Milão.

Personalidades importantes na política suíça foram ao encontro do eleitorado suíço, em Milão. Os suíços do estrangeiro votam, podem ser eleitos e têm um peso cada vez maior nas eleições e votações em seu país.

Ao debate organizado na noite de quinta-feira (24) estiveram presentes os deputados federais Hans Fehr (União Democrática do Centro-UDC), Carlo Sommaruga (Partido Socialista-PS) e Attilio Bignasca (Liga Ticinese- LT), Leonard Bender (Vice-Presidente do Partido Liberal Radical-PRD), e o senador Filippo Lombardi (Partido Democrata Cristão-PDC). Cada um teve dez minutos para convencer a numerosa platéia de pelos menos 150 pessoas.

Estrangeiros e União européia

A pauta, apresentada pelo cônsul-geral David Vogelsanger, era extensa: o papel do Estado e as suas fontes de financiamento, a abertura da economia ao mercado mundial, quanto o suíço está disposto a gastar com o meio ambiente, como integrar a fatia de mais de 20% da população formada por estrangeiros, relações da Suíça com a União Européia.

A Suíça para os suíços resume a proposta da União Democrática de Centro (UDC) que, apesar do nome, é o partido mais à direita dentre os quatro que governam o país. Hans Feher defende uma política de imigração com tolerância zero para quem não respeitar as leis e as regras do país. Sanções e expulsões para os crimes mais graves fazem parte dos planos de Hans Feher. Italianos, franceses e austríacos são bem-vindos, mas é necessário uma regra para frear a imigração de outras nações. “Chegamos ao limite… a porta está muito aberta” , disse ele.

Hans Fehr criticou ainda a falta de integração de muitos estrangeiros e ainda “que os suíços parecem estrangeiros em sua própria casa”, numa crítica às pessoas incapazes de aceitar os valores da sociedade helvética. A UDC quer a revisão dos seguros sociais, os de invalidez (AI) principalmente. Hans Fehr faz um alerta: a soberania da Suíça está em perigo por causa dos ataques da União Européia aos sistemas fiscais helvéticos. A UDC defende a colaboração atual e refuta qualquer hipótese de adesão à UE.

Posições diametralmente opostas

Attilio Bignasca, deputado da Liga Ticinese (um partido populista de direita), faz coro com o seu colega da UDC e traz o lema “Ticino para os ticinesi”.
Neutralidade e independência devem continuar a ser os pilares do país . A Liga defende a revisão da aplicação dos seguros sociais, o de invalidez, principalmente.

Do lado oposto, o socialista Carlo Sommaruga lembrou que, 30 anos atrás, os italianos imigrantes na Suíça eram mal vistos pela sociedade.”Não aceitamos mais refugiados iraquianos e mandamos de volta os curdos?”, provocou Sommaruga. Segundo ele, “o país tem que encontrar um caminho para a adesão à União Européia”. Antes disso, a Suíça precisaria achar uma forma de ser mais presente na estrutura política da UE e influenciar as decisões.

E, como dever de casa, o suíço deve tornar o sistema social mais eficiente – sem destruí-lo, pois “a sociedade consegue financiá-lo” – cuidar da defesa do meio ambiente através da taxa CO2, incentivar a pesquisa com investimentos da ordem de 8% do Pib e reduzir a disparidade social com o treinamento de jovens e de desempregados que não encontram trabalho porque não possuem formação adequada.

Todos ajudam a construir

O Partido Socialista quer ainda implantar uma política familiar – como a construção de creches – para permitir uma maior inclusão da mulher no mercado de trabalho. Uma Suíça aberta e solidária surge como lema do PS.

Leonard Bender, Vice-Presidente do Partido Radical Democrático, disse que “o problema não está no número elevado de estrangeiros no país, mas sim no baixo número de suíços”. “O país é rico, calmo e seguro por causa do amor da gente que o fez e o faz, como os italianos inclusive”.

O representante do PRD defende a presença de todos os partidos no Parlamento. “A diversidade, as diferentes línguas e religiões são uma realidade que deve estar sempre presentes”, afirmou ele.

No campo econômico, a Suíça deve estar mais atenta aos mercados emergentes como o Brasil, a Índia e Rússia, já que a “explosão” da China é um fato concreto. “O nosso desenvolvimento passa por acordos comerciais com esses países”, afirmou o Leonard Bender.

Governar com o centro

“Não se governa um país sem o centro. Com o centro é qu se encontra soluçoes”, disse Filippo Lombardi, do Partido Democrata Cristão. Para ele, o sistema de de blocos antagonistas cria apenas polêmica para vender mais jornais. De acordo senador Lomabardi, os partidos devem se renovar e reinventar a cada eleição sem perder as suas indentidades. “Tenho um compromisso com o federalismo e queremos que todas as regiões da Suíça, dos vales aos alpes, tenham condições de crescimento econômico e não apenas as metrópoles como Zurique, Lugano e Basiléia”,

O PDC fala em desburocratização para incentivar o crescimento econômico, afirmando que a burocracia consome cerca de 7 bilhões de euros por ano. “Dizer isso na Itália, pode fazer rir, significa afirmar que o pior não conhece limites”, afirmou ele referindo-se à Itália, como “mãe” da burocracia. Este custo é arcado pelas pequenas e médias empresas, principalmente, “elas que são a força do nosso país”.

Filippo Lombardi defende uma política familiar baseada na dedução fiscal para aumentar a natalidade, além de financiamento de creches. Ele lamenta ainda a falta de mão-de-obra especializada e acena com uma quantidade maior de cursos técnicos para cobrir essa lacuna profissional. “Tivemos que importar engenheiros para nossas obras de infra-estrutura”, disse Filippo Lombardi, mesmo ciente das boas escolas e universidades suíças.

swissinfo, Guilherme Aquino, Milão

Em 2006, 645.010 cidadão suíços viviam no estrangeiro (+1,7% do que em 2005).
Na Itália, são 47.017, dos qualis 36.360 com dupla nacionalidade.
110.000 suíços do estrangeiro estão inscritos como eleitores em seus cantões de origem.
15 anos atrás, apenas 15.000 estavam inscritos.

Em 21 de outubro, os eleitores renovarão a totalidade da Câmara (Conselho Nacional) e parte do Senado (Conselho dos estados).

Dos 26 cantões suíços, somente Appenzell Interior e Zug elegerão seus senadores apenas no segundo turno.

Em dezembro, o novo Parlamento elegerá, por sua vez, o goveno federal composto de sete ministros. Atualmente são dois do Partido Radical Democrático, dois do Partido Socialista, dois da União Democrática do Centro e um do Partido Democrata Cristão.

Nas legislativas de 2003, a UDC cresceu muito, o que possibilitou eleger um segundo ministro para o governo federal.

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