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Polanski se manifesta publicamente pela primeira vez

Polanski explica pela primeira vez sua posição. Cinetext

O cineasta franco-polonês, em prisão domiciliar em seu chalé na Suíça, se manifestou publicamente pela primeira vez através da internet e de vários jornais suíços.

Em carta endereçada à mídia que ele próprio escreveu – “não posso mais me calar” – ele afirma que o pedido de extradição para os Estados Unidos “é baseado em uma mentira”.

Roman Polanski explica em seu texto publicado nesta segunda-feira (03/5) em vários jornais suíços que, desde que foi preso no aeroporto de Zurique, em 26 de setembro de 2009, a pedido da justiça norte-americana, ficou em silêncio para que as autoridades judiciárias da Suíça, dos Estados Unidos e seus advogados fizessem seu trabalho “sem polêmica de minha parte”.

Sem compaixão

O cineasta firma ainda que, como cada pessoa, teve dramas e momentos felizes em sua vida e que, por isso, não pede compaixão de ninguém, mas “apenas ser tratado como todo mundo”.

Na acusação de ter tido relações sexuais com uma menor de 13 anos, em 1997, Polanski explica que reconheceu sua culpabilidade 33 anos atrás e que cumpriu pena na prisão de Chino, Califórnia. “Quando saí da prisão, o juiz mudou de ideia e por isso é que saí dos Estados Unidos”, afirma o cineasta.

Ele explica ainda que o caso foi reativado por causa de um documentário feito recentemente nos Estados Unidos, que ouviu os protagonistas do caso, “sem qualquer intervenção da minha parte”, e que conclui que “não fui tratado pela justiça pela maneira equitativa”. Isso teria provocado um sentimento de vingança das autoridades judiciárias de Los Angeles, que pediram sua extradição à Suíça “país que frequento há 30 anos sem jamais ser sido incomodado”.

Estratégia não deu certo

Polanski decidiu se exprimir, pois a estratégia de seus advogados de ser julgado novamente à revelia não deu certo. Se fosse o caso, cairia o pedido de extradição dos Estados Unidos e, consequentemente, seria revogada a prisão domiciliar decidida pela justiça suíça. O tribunal de recursos da Califórnia havia, de fato, recomendado o julgamento à revelia.

Polanski diz que há mais de 30 anos seus advogados repetem que ele foi “traído pelo juiz”, o que foi confirmado recentemente pelo juiz da época, atualmente aposentado, sob juramento como testemunha, afirma o cineasta.

Esperança na Suíça

De acordo com Polanski, o procurador atual encarregado do caso pede sua extradição “porque está em campanha eleitoral e precisa de notoriedade midiática”. Afirma ainda, que a intenção do pedido de extradição é “antes para julgá-lo novamente do que para entregar minha cabeça à mídia do mundo inteiro”.

O cineasta franco-polonês afirma em seu texto “Não posso mais me calar” que “teve de vender um apartamento em Paris para pagar a fiança”, que o tirou de uma prisão em Zurique para a prisão domiciliar em seu chalé em Gstaad, perto de Berna.

Polanski afirmou “esperar que Suíça reconheça que a extradição não se justifica e que poderei reencontrar a paz e minha família, em liberdade, em meu país.”

swissinfo com agências

O crime pelo qual Polanski é acusado ocorreu em 1977. Aos 44 anos, o cineasta havia convidado uma jovem de 13 anos, Samantha Geimer, para uma sessão de fotos para a revista Vogue, na residência do ator Jack Nicholson, em Los Angeles.

Segundo os autos, o diretor deu à menina champanhe e tranquilizantes, antes de pedir que tirasse suas roupas. Em uma piscina, os dois completaram o ato sexual. Posteriormente Geimer declarou que teve medo do cineasta e por isso se sujeitou ao seu assédio.

O cineasta contestou, na época, a versão da menina, mas confessou ter tido relações sexuais com a menor de idade. Ele foi preso e liberado mediante pagamento de 2.500 dólares de fiança. Durante as investigações, Polanski foi detido novamente, dessa vez por 42 dias.

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