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Brasil e Suíça fecham parceria estratégica

Amorim e Calmy-Rey querem relações bilaterais mais intensas. Keystone

A Suíça e o Brasil querem aprofundar o diálogo político e intensificar a cooperação bilateral em áreas de interesse comum.

É o que prevê o acordo de parceria estratégica assinado nesta quinta-feira (14/08), em Brasília, pela ministra suíça das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey, e seu colega de pasta brasileiro, Celso Amorim.

A Suíça tem interesse em manter contatos regulares com um país emergente e cada vez mais influente na política internacional, como o Brasil. O memorando de entendimento corresponde a esse desejo, informou o Ministério suíço das Relações Exteriores (DFAE).

O DFAE acrescentou em seu comunicado que as relações entre os dois países são boas e que se intensificaram nos últimos anos, especialmente no campo econômico.

Segundo a Câmara de Comércio Brasil-Suíça (Swisscam), na última década, o crescimento do comércio entre os dois países foi de 170%.

Cooperação mais estreita



Berna e Brasília pretendem fortalecer a cooperação na área de desarmamento nuclear e não proliferação de armas atômicas, na ciência e pesquisa, nas negociações com outros países no âmbito na ONU, por exemplo, na defesa dos direitos humanos.

No final de outubro do ano passado, o Brasil e a Suíça criaram uma comissão conjunta destinada a estreitar os laços econômicos e comerciais bilaterais. Uma das metas dessa comissão é concluir o acordo para proteger os investimentos (ainda não ratificado pelo Congresso Nacional) e evitar a bitributação.

Segundo o especialista suíço Thomas Fischer, ao contrário da Colômbia, que Calmy-Rey visitou durante dois dias antes de chegar à Brasília, o Brasil “é um parceiro comercial interessante e um importante centro industrial para firmas suíças”.

Em sua opinião, a parceria acertada nesta quarta-feira pode ser importante, por exemplo, na pesquisa sobre bioetanol e energia solar. No campo humanitário, Berna e Brasília também poderiam aprofundar a cooperação em organismos internacionais.

“Uma carta de intenções pode ser o primeiro passo para um acordo de livre comércio. Como a Suíça não é país-membro da União Européia, ela precisa fazer um esforço especial por cada parceiro. O Brasil, o maior país da América do Sul, com sua economia relativamente estável, com certeza não é um mau endereço”, disse Fischer em entrevista à swissinfo.

Principal parceiro comercial

O Brasil é, à frente do México e da Argentina, o principal parceiro comercial da Suíça na América Latina. A Suíça, por sua vez, ocupa o 12º lugar entre os maiores investidores no Brasil, com estoque de US$ 6,3 bilhões em 2007.

Os investimentos suíços chegaram a 10,142 bilhões de francos suíços em 2006 e as empresas suíças no Brasil empregam 92 mil pessoas, de acordo com dados da alfândega e do Banco Nacional Suíço.

Segundo a Secretaria Federal de Economia em Berna, em 2007, as exportações suíças para o Brasil aumentaram 27% em relação ao ano anterior, atingindo a marca de 1,866 bilhão de francos suíços.

As importações suíças de produtos brasileiros, sobretudo agrícolas e matérias-primas, também aumentaram 27%, somando 997 milhões de francos. O saldo da balança comercial foi positivo para a Suíça, com um superávit de 869 milhões de francos.

Segundo a Swisscam, o déficit para o Brasil se explica pelo alto valor agregado dos produtos suíços importados, como farmacêuticos, máquinas, equipamentos e relógios. “Além disso, por sua população reduzida, a Suíça não é um grande mercado consumidor, mas ainda há potencial para o Brasil ampliar suas exportações de alimentos, frutas e produtos processados.”

No “cockpit” do avião

Antes da reunião de trabalho com Amorim, Calmy-Rey ainda se encontrou com o ministro da Justiça, Tarso Genro. Entre as duas reuniões, ela visitou a Praça dos Três Poderes, onde o embaixador suíço em Brasília, Rudolf Bärfuss, explicou a construção da capital do país na forma de um avião.

No final da tarde, ela seguiu para São Paulo, onde se reúne, nesta sexta-feira, com representantes de empresas suíças no país, visitará o Consulado-Geral da Suíça e receberá membros de sua comunidade no Brasil.

swissinfo, Geraldo Hoffmann (com agências)

A Suíça e o Brasil assinaram vários tratados bilaterais em áreas como a aviação civil, a cooperação técnica e científica e a promoção e proteção de investimentos diretos.

Na área judicial, existe entre os dois países um Tratado de Extradição, celebrado em 23 de julho de 1932.

Um Acordo de Cooperação Jurídica em Matérial Penal foi assinado pelas autoridades suíças e brasileiras em maio de 2004, mas ainda precisa ser ratificado pelos parlamentos dos dois países.

A Suíça e o Brasil assinaram em julho de 1995 uma declaração na qual os dois lados concordam em reatar as negociações, o mais rápido possível, para um Acordo bilateral para evitar a bitributação. Reuniões entre especialistas da área tributária de ambos países já foram realizadas, a última em setembro de 2002.

A Suíça e o Mercosul têm mantido vários contatos com vistas a uma cooperação.

Fonte: Embaixada da Suíça em Brasília

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