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Pesquisa eleitoral prevê pequena mudança política

A escolha dos candidatos ao Parlamento suíço é grande. Keystone

Com a campanha para as eleições parlamentares de 23 de outubro chegando à reta final, uma pesquisa revela que os partidos de centro parecem cada vez mais fragmentados.

O Partido do Povo Suíço (SVP, na sigla em alemão) está claramente à frente dos socialistas, mas nenhum lado está susceptível de fazer grandes ganhos ou perdas em relação a 2007, comenta o cientista político Claude Longchamp, do instituto gfs.bern.

A última pesquisa realizada com os cidadãos do país 18 dias antes do dia da eleição revela que dois pequenos partidos de centro-direita devem ganhar terreno na maior parte às custas do tradicional Partido Radical – a força motriz da Suíça moderna, no século XIX.

Todas as outras agremiações devem permanecer estáveis e a ordem de classificação no topo deverá manter-se inalterada desde 2007. (Para detalhes veja o gráfico)

No entanto, Longchamp adverte que ainda restam algumas cartas nas mangas dos partidos para os dias que antecedem o 23 de outubro.

“A capacidade de mobilizar os eleitores é fundamental na fase final”, disse.

Longchamp observa que os eleitores se mostram mais interessados em participar, fato que se deve ao aumento da cobertura da mídia.

O índice de participação da população, que não é obrigada a votar, deverá ficar em torno dos 49%, próximo ao das últimas eleições, em 2007.

Populismo

Para Longchamp, o mais provável é que o SVP seja o partido que mais mobilizará suas bases, como prova o ligeiro aumento de quase um por cento ganho no mês passado.

Ele aponta as tentativas dos líderes do partido em lançar tópicos com alto apelo popular, incluindo uma campanha para reduzir pela metade o salário dos ministros e um suposto plano do governo para abrir mão da soberania da Suíça sobre questões jurídicas em negociações com a União Europeia.

O grupo alvo é a população rural e de baixa renda, de acordo com o analista político.

Mas ainda resta saber se o SVP vai ser mesmo capaz de atingir a marca dos 30% do eleitorado. Em 2007, o partido conquistou 28,9% com uma margem de mais de 9% sobre os socialistas.

A campanha do SVP é considerada a mais eficaz por parte dos pesquisados de todas as afiliações políticas, diz a pesquisadora Martina Imfeld.

Além disso, o grupo de direita pode contar com uma organização forte e vários milhares de voluntários.

Os observadores também apontam que o Partido do Povo Suíço possui, de longe, o maior orçamento de campanha, embora não haja números oficiais disponíveis.

Fases

A campanha eleitoral de 2011 foi marcada por pelo menos quatro fases distintas desde o início do ano.

O tema da imigração e dos estrangeiros criminosos favoreceu ainda mais o SVP, enquanto que os partidos verdes ganharam apoio com a atenção do público focada na energia nuclear e nas questões ambientais, decorrentes do desastre nuclear de Fukushima, no Japão.

A economia, principalmente o impacto potencialmente prejudicial da alta do franco suíço, tornou-se a questão dominante a partir de julho, dando um ligeiro impulso aos socialistas, assim como aos radicais, tradicionalmente ligados à comunidade empresarial.

Nas últimas semanas, o SVP tirou, mais uma vez, o máximo das discussões sobre o futuro político das mudanças do governo.

É provável que o debate se aqueça após as eleições parlamentares, com o SVP reivindicando um segundo ministério. No momento, cinco partidos estão representados nos sete ministérios do governo.

Temas

“A campanha deste ano não se concentrou em uma pessoa, mas em uma ampla gama de temas que mudaram rapidamente. O impacto emocional pode ter sido ligeiramente inferior em 2007”, dizem os autores da recente sondagem.

Longchamp também destaca uma polarização clara entre esquerda e direita em certas questões, principalmente com relação à imigração e à energia nuclear, mas acrescenta que a tendência deve ter alcançado um limite.

Com os ganhos esperados dos novos partidos de centro-direita, a paisagem política da Suíça está se movendo em direção a um “pluralismo polarizado” e o parlamento um pouco mais para a direita, analisa Longchamp.

Reconhecendo um aumento no número de eleitores em outubro, Longchamp conclui dizendo que “o sistema político da Suíça tem o apoio do povo”.

A sondagem foi feita com base em entrevistas telefônicas realizadas entre 1° e 8 de outubro com 2007 cidadãos de todo o país.

A comunidade dos suíços do estrangeiro não foi incluída na pesquisa.

A margem de erro é de 2,2%.

É a sétima e última pesquisa de opinião realizada pelo instituto gfs.bern, encomendada pela Sociedade Suíça de Radiodifusão e Televisão, da qual faz parte swissinfo.ch.

As eleições parlamentares estão marcadas para 23 de outubro.

A pesquisa também questionou os eleitores sobre suas preocupações.

A lista de seis itens permaneceu praticamente inalterada nos últimos 10 meses.

Imigração e meio ambiente saem na frente, seguidas por preocupações econômicas, incluindo o franco suíço.

Questões de saúde, desemprego e previdência estão entre as seis posições.

Seguem as relações com a União Europeia, questões fiscais, bem como educação e segurança.

Adaptação: Fernando Hirschy

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