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Presidente suíço critica G20

Merz questionou a legitimidade do G20 em dirscurso na ONU. Keystone

O presidente da Suíça, Hans-Rudolf Merz, questiona a legitimidade do G20 e conclama a comunidade internacional a fortalecer a Organização das Nações Unidas.

Merz criticou o G20 em discurso na Assembléia Geral da ONU, em Nova York, onde ele também se reuniu com o líder líbio, Muammar Kadafi, para tentar resolver a crise diplomática entre os dois países.

“Mais do que nunca o mundo precisa da ONU”, disse Merz, nesta quinta-feira (24/9). Ele fez uma conclamação à continuidade das reformas da organização, para que ela possa se impor diante de outros grandes fóruns, como o G20.

Segundo Merz, o G20 – grupo dos países industrializados e emergentes – assumiu o papel de discutir os principais temas globais. Isso não deve acontecer à custa de outras nações ou organizações internacionais como a ONU, afirmou.

“Falta legitimidade ao G20 e, na tomada de decisões sobre sanções, ele não age de forma transparente”, disse Merz. “Os membros do G20 não são submetidos às mesmas provas”. Por isso, continuou, a Suíça pede que países não-membros do G20 recebam o mesmo tratamento e sejam mais consultados.

A Suíça tentou sem sucesso, nos últimos meses, ser convidada para os encontros do G20. Além disso, ela criticou o papel do grupo no combate aos assim chamados paraísos fiscais.

Por pressão de membros do G20, a Suíça havia sido incluída numa “lista cinza” de países não cooperantes em matéria fiscal, elaborada pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da qual deve ser retirada após assinar acordos revisados de bitributação com 12 países.

Defesa do livre mercado

Merz disse em Nova York que é necessária uma reforma dos mercados financeiros, mas ele defendeu em seu discurso a economia de livre mercado. “Deveríamos nos lembrar de que, graças a uma ordem econômica liberal e a mercados abertos, muitas pessoas neste mundo foram tiradas da pobreza.”

Segundo ele, a ONU precisar dar continuidade às suas reformas para reforçar sua legitimidade. “Hoje mais do que nunca o mundo precisa da ONU.”

Em sua avaliação, a crise econômica e alimentar, a mudança climática, a migração, pandemias, terrorismo ou a proliferação de armas de destruição em massa mostram que os desafios não se limitam às fronteiras nacionais.

Para enfrentar esses desafios, é preciso uma ação adequada e coordenada nacional, regional e internacional, disse. “A ONU é o lugar em que acontece essa cooperação.”

Na luta contra a crise financeira mundial não se precisa apenas de quantidade – por exemplo, de astronômicos programas de estabilização –, mas também de qualidade e sustentabilidade, afirmou.

“Por isso, o G20 precisa ouvir também instituições como o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial ou a ONU, onde há know-how e instrumentos disponíveis para combater a crise.”

Durante a presidência suíça do Conselho da Europa, de novembro de 2009 a maio de 2010, segundo Merz, devem ser fortalecidas as relações entre este organismo e a ONU.

Crise Suíça x Líbia

À margem da Assembléia Geral da ONU, o presidente da Suíça se reuniu nesta quinta-feira com o líder líbio, Muammar Kadafi, para tentar resolver a crise diplomática entre os dois países e conseguir a libertação de dois cidadãos suíços retidos em Trípoli há mais de um ano.

Segundo uma nota oficial publicada no site do Ministério suíço das Finanças, do qual Merz é titular, ele pediu “exigiu o retorno imediato” dos dois suíços impedidos de sair da Líbia, “conforme prometido várias vezes à Suíça. O líder revolucionário garantiu ao presidente Merz que se empenhará pessoalmente por isso”.

Os dois dirigentes políticos abordaram a normalização das relações bilaterais e reiteraram a intenção de cumprir rapidamente um acordo assinado com esse fim em 20 de agosto de 2009, que incluiu as desculpas oficiais da Suíça pelo ocorrido com Hannibal Kadafi.

swissinfo.ch com agências (sda/afp/dpa)

O Grupo dos 20 (ou G20) é formado pelos ministros de Finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia.

Foi criado em 1999, após as sucessivas crises financeiras da década de 1990. Visa a favorecer a negociação internacional, integrando o princípio de um diálogo ampliado, levando em conta o peso econômico crescente de alguns países, que juntos compreendem 85% do Produto Nacional Bruto mundial, 80% do comércio mundial (incluindo o comércio intra-UE) e dois terços da população mundial.

Membros: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia e União Europeia.

Fonte: Wikipedia

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