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Reações na Suíça à vitória de Obama

O sentimento de vitória pode durar pouco tempo: Obama tem vários desafios pela frente. AFP

Barack Obama conquistou um segundo mandato na Casa Branca ao derrotar o oponente republicano Mitt Romney. Observadores, também na Suíça, convidam agora o Partido Republicano a abandonar as posições extremas.

Em Berna, o embaixador dos EUA na Suíça declarou à swissinfo.ch que a prioridade absoluta nas relações bilaterais continua sendo a conclusão do acordo fiscal relativo ao sigilo bancário, que “hoje representa a maior fonte de conflitos no relacionamento dos dois países”.

Obama declarou em um comício de simpatizantes democratas em Chicago que a eleição “nos faz lembrar que mesmo o percurso tendo sido duro, a viagem ter sido longa, nós conseguimos levantar as nossas cabeça e lutar pelo caminho de volta.”

Para os Estados unidos, “o melhor ainda está por vir”, declarou.

O presidente Barack Obama conseguiu os 270 votos no Colégio Eleitoral necessários para ser reeleito, apesar de estar conduzindo o país através da sua maior crise econômica desde a Grande Depressão dos anos 1930, tempos com elevados níveis de desemprego e ansiedade em relação ao futuro.

Os eleitores americanos votaram no líder que eles conhecem em detrimento de um rico homem de negócios, que eles não conhece,.

Romney compareceu ao quartel-general de sua campanha, o Centro de Convenções de Boston, aproximadamente duas horas após as redes locais de televisão terem anunciado a vitória final de Obama com a vantagem conquistada em estados-chave como Ohio.

“Esse é um tempo de grandes desafios para a América e eu rezo que o presidente seja bem-sucedido em guiar a nossa nação”, afirmou Romney aos seus simpatizantes após ter telefonado para Obama para parabenizá-lo.

“Fonte de tensão” 

O governo suíço, assim como muitos outros, congratulou Obama por sua vitória, declarando esperar prosseguir uma estreita colaboração com os Estados Unidos. Seus representantes acrescentaram no comunicado ter esperanças de reforçar “os vários e variados laços que unem os dois países.”

Em Berna, a capital da Suíça, o embaixador dos EUA no país, Donald Beyer, um democrata originário do estado de Virgínia, declarou à swissinfo.ch ter esperanças de que o presidente possa visitar a Suíça durante o seu segundo mandato.

“Ele nunca esteve na Suíça, mas a tataravó era originária do cantão de Friburgo. Assim seria maravilhoso se ele pudesse se reconectar com suas raízes helvéticas”, afirmou.

Beyer também ressaltou a importância de continuar as negociações dos acordos fiscais e do sigilo bancário entre a Suíça e os EUA.

“A prioridade número um continua sendo a de encontrar uma solução para a controvérsia do sigilo bancário e evasão fiscal nos EUA. E nessa questão não temos nenhum controle direto aqui na embaixada, pois são questões tratadas pelos juristas do Departamento de Justiça”, disse.

“Mas essa é a nossa primeira prioridade, já que é a maior fonte de tensão na relação entre os dois países atualmente.”

País dividido 

Em Genebra, simpatizantes de Obama choraram e gritaram de alívio ao receber a informação que seu candidato havia sido reeleito para um mandato de quatro anos.

“Estou aliviada, emocionada e muito, muito orgulhosa pelo voto dado”, declarou Sarah Burkhalter, uma historiadora de arte atuante na Universidade de Genebra. “Mas sou realista de que esse voto foi dado apenas pela metade do país. Os EUA estão muito divididos.”

“Nós, americanos no exterior, estamos nos redimindo”, declara Therese Betchov, outra simpatizante de Obama.

“Nós estávamos acompanhando estreitamente os preparativos e a divisão ideológica. Isso é realmente importante. Não é apenas uma vitória, mas sim uma forte vitória que envia uma grande mensagem aos EUA.”

A vitória do candidato democrata também reflete a desconfiança dos eleitores em relação à Romney, que tinha um histórico de mudança de posições para evitar conflitos com os pontos de vista radicais presentes de forma crescente no seu partido.

Discursando em Chicago, Charles Adams, presidente da Associação de Americanos do Exterior, residente em Genebra, declarou a jornalistas suíços que os republicanos necessitam rever suas posições após a derrota de Romney.

“Esse partido está fadado à extinção política caso não volte a ser sensato e exerça um papel construtivo no futuro do país, o que não foi necessariamente o caso durante o primeiro mandato de Obama”, afirmou.

Compromissos políticos 

O jornal suíço Neue Zürcher Zeitung (NZZ) publicou um editorial na quarta-feira, no qual considera que os republicanos precisam perceber que candidatos representantes da elite branca não são mais a receita para o sucesso futuro nos EUA, já que o país continua a se tornar mais diverso etnicamente.

Para o jornal Tages-Anzeiger, o Partido Republicado fracassou em conquistar a Casa Branca e o Senado por ter abraçado posições extremas.

O NZZ advertiu que, no entanto, o Congresso pode continuar em um impasse, já que os republicanos mantêm a maioria na Câmara dos Representantes.

Alfred Mettler, professor de finanças na Universidade do Estado da Geórgia e na Universidade de Zurique, declarou à televisão suíça que os problemas dos EUA não serão solucionados por apenas um partido e que a procura do consenso será bastante importante.

“Obama terá que jogar golfe com os republicanos”, acrescentou.

Em um comunicado, o Partido Cristão-Democrata (centro-direita) afirmou que com “a Câmara dos Representantes nas mãos dos republicanos, Obama será forçado a buscar compromissos. Nós esperamos que ele seja bem-sucedido, seja em casa ou no exterior.”

Assim como muitos observadores, o NZZ ressaltou que compromissos políticos serão necessários em breve para evitar o chamado “fiscal cliff”, ou seja, a combinação de cortes de gastos do governo e aumento de impostos. Especialistas alertaram que essa política possa mergulhar os EUA ainda mais em uma recessão.

WASHINGTON, 7 Nov (Reuters) – O forte apoio dos eleitores hispânicos, o grupo demográfico que cresce mais rápido nos EUA, ajudou o presidente Barack Obama a garantir um segundo mandato na Casa Branca.

O apoio para Obama entre os hispânicos foi de cerca de 66 por cento, de acordo com pesquisa Reuters/Ipsos no dia da eleição, aproximadamente em linha com a porcentagem que votou a favor dele quatro anos atrás.

Era crucial para Obama reter o cobiçado bloco de eleitores, especialmente porque ele perdeu apoio entre homens brancos, disse o cientista político Matt Barreto, da Universidade de Washington, que rastreou a intenção de voto hispânica por meses.

Obama viu seu apoio entre homens brancos cair de 41 por cento em 2008 para 36 por cento nestas eleições.

O presidente reeleito fez um grande esforço para cortejar os estimados 24 milhões de potenciais eleitores hispânicos, buscando superar algum descontentamento com suas políticas de imigração.

Adaptação: Alexander Thoele

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