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Ministro suíço das Finanças anuncia demissão

Merz fala com a imprensa após anunciar sua renúncia. Reuters

O ministro suíço das Finanças, Hans-Rudolf Merz, anunciou nesta sexta-feira (6/8) sua demissão para outubro de 2010. É o segundo integrante do governo suíço que renuncia em menos de um mês.

Membro do Partido Liberal Radical, Merz comanda o Ministério das Finanças desde 2004 e presidiu a Suíça no ano passado. Seu sucessor será eleito na sessão de outono do Parlamento.

O ministro confirmou as especulações da mídia e anunciou sua renúncia às 11h30 desta sexta-feira, em entrevista coletiva à imprensa, em Berna. “Entreguei hoje de manhã minha carta de demissão à presidente da Câmara dos Deputados”, disse.

Ele disse que tomou esta decisão com base em um balanço feito durante as férias de verão. Numa breve retrospectiva, Merz destacou seu sucesso no saneamento das finanças federais e mencionou também a libertação dos reféns suíços na Líbia.

Como metas atingidas, ele citou o superávit do orçamento federal, que permitiu ao governo reduzir em 11 bilhões de francos a dívida pública, a conclusão de dez acordos bilaterais sobre bitributação e o acordo aprovado em 17 de julho passado pelo Parlamento, autorizando a Suíça a fornecer dados de clientes do UBS, maior banco do país, às autoridades fiscais norte-americanas.

Merz é um dos ministros que menos tempo ficou no governo (6 anos e 10 meses). Desde a fundação da Suíça moderna, em 1848, a média de permanência dos ministros em seus respectivos cargos é de dez anos e cinco meses.

“Vou me retirar do Conselho Federal (Executivo) consciente de ter exercido este cargo com todas as minhas forças”, disse Merz, visivelmente emocionado. “Foi um honra servir a este país”.

Sob pressão

Políticos e especialistas esperavam que o ministro renunciasse em 18 de agosto, quando os membros do governo retornam das férias de verão. Mas, segundo a emissora de televisão pública da Suíça francesa, ele quis surpreender todo mundo.

A pressão pela renúncia do economista de 67 anos aumentou nos últimos meses, após o ministro de Transportes, Energia, Comunicações e Meio Ambiente, Moritz Leuenberger, anunciar em 9 de julho passado sua retirada do governo no final de 2010, após 15 anos no cargo.

A imagem de Merz foi arranhada principalmente no ano passado, quando exerceu a presidência da Suíça, quando não fez boa figura na negociação pela libertação de dois reféns suíça na Líbia. Ele também foi acusado de não ter reagido adequadamente às fortes críticas internacionais ao sigilo bancário suíço.

Merz foi eleito em 1997 pelo Partido Liberal Radical (PLR) como representante do cantão de Appenzell Ausserrhoden Rodes Exteriores para o Senado, onde foi membro das comissões de Finanças, Política Externa e Segurança.

Além disso, como vice-presidente, integrou a delegação suíça na Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa. Desde o início de 2004, é ministro das Finanças. Em 2009, foi presidente da Suíça, cargo que é exercido por um ano, em sistema de alternância, pelos sete ministros que compõem o governo.

Em 20 de setembro de 2008, Merz sofreu um colapso cardiovascular, recebeu cinco pontes de safena e voltou ao exercício do cargo de ministro seis semanas após a operação.

Mas questões de saúde e pressões interna do partido não influenciaram a decisão de renunciar, disse Merz. “Estou 100% em forma. Mas se deve parar quando ainda se pode e não quando se é obrigado.”

Reações

A associação empresarial Economiesuisse lamentou a renúncia de Merz. “Do ponto de vista do setor econômico, o senhor Merz fez um trabalho muito bom”, disse o presidente da entidade, Gerold Bührer. Ele elogiou Merz, sobretudo, por sua política fiscal e orçamentária.

O Partido Social Democrata, do demissionário ministro Moritz Leuenberger, criticou Merz principalmente pela forma como ele lidou com o caso UBS e a crise entre Suíça e Líbia, bem como por sua política de contenção dos gastos públicos. Merz deixa uma série de problema irresolvidos, afirma o partido.

“Como ministro das Finanças, ele cumpriu muito bem suas tarefas. Apesar disso, sobretudo seus tropeços nos casos da Líbia e do UBS ficarão na memória da opinião pública midiática e da população”, disse o cientista político Georg Lutz, da Universidade de Lausanne, à swissinfo.ch.

Segundo Michael Hermann, especialista em geografia social da Universidade de Zurique, “quatro renúncias precoces – as dos ministros Samuel Schmid (Defesa), Pascal Couchepin (Interior), Moritz Leuenberger (Transportes) e Hans-Rudolf Merz (Finanças) – não são um sinal de instabilidade do governo. Isso é normal na Suíça e cada renúncia tem sua própria história. Em comparação com trocas de governo em outros países, as trocas de ministros na Suíça são menos drásticas.”

swissinfo.ch com agências

Hans-Rudolf Merz nasceu em 1942 em Herisau (estado de Argóvia). Em 1971 doutorou-se em economia na Universidade de St-Gallen, onde foi professor-assistente entre 1967 a 1969.
De 1969 a 1974 foi secretário do Partido Liberal-Radical de St-Gallen, diretor a Associação Industrial de Apenzell e do Centro Esportivo de Herisau.

De 1974 a 1977 trabalhou como vice-diretor do Centro de Formação do UBS.

Em 1997 foi eleito para o Senado pelo cantão de Appenzell Rodes Exteriores e presidiu a comissão de finanças, foi membro da comissão de política estrangeira e da comissão sobre a política de segurança. Foi vice-presidente da delegação suíça da OSCE.

Em dezembro de 2003 foi eleito para o executivo federal (Conselho Federal). Assumiu então o Ministério das Finanças.

Foi presidente da Suíça em 2009, no sistema rotativo em vigor na Suíça em que cada um dos sete ministros acumula por um ano a presidência do país.

Hans-Rudolf Merz é casado e pai de três filhos.

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