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Segurança ainda não é prioridade para políticos suíços

Ministro Hans-Rudolf Merz ladeado por seguranças. Keystone

O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, provavelmente não esperava terminar em um hospital no último domingo após ser golpeado por uma estatueta. Mas os seus seguranças estavam preparados?

O mesmo incidente poderia ocorrer com um ministro suíço? Comparado com seus vizinhos italianos, a proteção dada aos políticos mais importantes de Berna parecem ser bem mais frouxa.

A pessoa que atacou Berlusconi, um paciente psiquiátrico de 42 anos de idade, foi presa logo no local. Porém a violação impressionante do esquema de segurança poderia ter terminado decididamente pior para o primeiro-ministro italiano, que geralmente está sempre sob forte vigilância.

A Polícia Federal Suíça (FedPol, na sigla oficial) revela à swissinfo.ch que o número de ameaças aos altos políticos do país “aumentou consideravelmente” ao longo dos últimos anos. Em todo caso, este ainda permanece relativamente baixo.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, já terá recebido 12 mil ameaças quando completar o seu primeiro ano de mandato. Já a FedPol afirma ter processado cerca de 150 ameaças ao longo do ano passado.

“Até agora, nada aconteceu realmente”, explica Georg Lutz, professor e especialista em comportamento político na Universidade de Lausanne. “É só recentemente que, em determinadas circunstâncias, a segurança para alguns políticos foi aumentada.”

Proteção

As entradas para o Parlamento federal estão hoje em dia equipadas com detectores de metal e os ministros recebem proteção quando participam de eventos públicos. Doris Leuthard, a ministra suíça da Economia, recebeu em outubro uma carga de sapatos lançados por agricultores irados durante um concurso de queijo da montanha. Por sorte não foi atingida.

Lutz argumenta que a proteção pública para políticos e outras pessoas do alto escalão significa menos privacidade, um valor extremamente suíço. “Penso que ele é levado mais em consideração aqui do que em outros países”, avalia.

Os sete ministros que governam a Suíça, incluindo também o presidente (um cargo honorífico dividido entre os membros do gabinete), desfrutam de um perfil mais baixo do que seus homólogos em outros países europeus.

Moritz Leuenberger, ministro do Meio Ambiente, Transportes, Energia e Comunicação (UVEK, na sigla em alemão), viaja regularmente de trem comum entre Zurique e Berna. O atual presidente da Confederação Helvética e ministro das Finanças, Hans-Rudolf Merz, costuma fazer à pé o percurso entre o prédio do Parlamento e o centro de mídia do governo e sem a companhia de seguranças.

Também não é incomum para a ministra das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey, de cear no restaurante público do Hotel Berna. A ex-ministra do Interior, Ruth Dreifuss, ia regularmente ao cinema com seus colegas enquanto ainda estava no poder.

Uma exceção foi Christoph Blocher, ex-ministro da Justiça pela União Democrática do Centro (UDC, direita conservadora). Como magnata bilionário e uma das figuras de prova da direita conservadora, ele usualmente aparecia em público sob proteção de guarda-costas.

O staff de Blocher declina de comentar seu esquema de segurança. Desde que deixou de ser ministro, sua segurança não está mais sob jurisdição da Polícia Federal Suíça.

Situação pode mudar

Lutz acredita que a atitude de relativo “laissez-faire” entre os suíços é produto da tradição de neutralidade e solução de conflitos.

Mas os suíços não estão imunes à violência política. Em 2001, um homem armado com um rifle e granadas entrou no Parlamento cantonal de Zug e abriu fogo. Ele matou 14 pessoas, incluindo 11 políticos no que se tornou o maio massacre da história do país.

Medidas de segurança “são continuamente e individualmente adaptadas” a cada ministro”, afirma Stefan Kunfermann, porta-voz da FedPol, lembrando também que as ameaças aos membros do governo helvético não são comparadas aquelas vividas por Berlusconi.

A pessoa que atacou o primeiro-ministro italiano passou dez anos de tratamento psiquiátrico. O homem que assassinou a ministra sueca do Meio Ambiente, Anna Lindh, que estava em um shopping center sem companhia de guarda-costas, também era doente mental.

Lutz não acredita que as autoridades adotem agora medidas drásticas para limitar a exposição pública dos políticos suíços. “A não ser que alguém leve um tiro ou seja morte”, conclui.

Justin Häne, swissinfo.ch
(Adaptação: Alexander Thoele)

O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, recebeu no domingo (13/12) um violento golpe no rosto, ao ser atingido por uma estátua em miniatura do Duomo de Milão, uma peça para turistas com uma base de metal.

Ele sofreu uma fratura no nariz, que provoca fortes dores de cabeça, quebrou dois dentes e teve cortes internos e externos nos lábios, que o fizeram perder meio litro de sangue.

O agressor, Massimo Tartaglia, 42 anos, que é submetido a tratamento psiquiátrico há 10 anos, está detido em uma cela isolada da prisão de Milão e será julgado por “ferimentos graves premeditados”.

Albert I de Habsburg, rei da Alemanha e duque da Áustria (1308 no rio Reuss),

Jörg Jenatsch, líder suíço durante a Guerra dos Trinta Anos (1639 em Chur)

Elisabeth (“Sissi”), imperatriz da Áustria e rainha da Hungria (1898 em Genebra)

Wilhelm Gustloff, líder alemão do Partido Nazista Suíça (1936 em Davos)

Félix-Roland Moumié, chefe da União Marxista dos Povos dos Camarões (1960 em Genebra)

Kazem Rajavi, líder da oposição iraniana (1990 em Genebra)

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