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Suíça pede desculpas à Líbia

Merz (esq.) fez o pedido de desculpas ao povo líbio ao lado do primeiro-ministro Baghdadi Mahmudi, em Trípoli. Keystone

O presidente suíço Hans-Rudolf Merz desculpou-se, em Trípoli, pela prisão de Hannibal Gaddafi, filho do chefe de Estado líbio Muammar Gaddafi, ocorrida no ano passado em Genebra.

A Suíça e a Líbia assinaram um acordo para restabelecer as relações bilaterais, que estavam tensas desde julho de 2008. Dois executivos suíços retidos na Líbia devem ser liberados nos próximos dias.

A Suíça está disposta a “se desculpar pela prisão desnecessária de Hannibal e sua família pela polícia de Genebra e por outras autoridades suíças”, informou nesta quinta-feira (20/8) o ministério das Finanças, que é chefiado por Merz.

Em uma entrevista coletiva conjunta à imprensa, em Trípoli, ao lado do primeiro-ministro líbio Al-Baghdadi Ali al-Mahmoudi, o ministro foi explícito. “Manifesto ao povo líbio minhas desculpas pela detenção de diplomatas líbios pela polícia de Genebra”, disse Merz, em inglês, segundo a agência de notícias AFP.

De acordo com informações do ministério, durante sua visita a Trípoli, nesta quinta-feira, Merz assinou um acordo com al-Mahmoudi para “normalizar as relações bilaterais” entre os dois países.

Segundo o acordo, todas as atividades consulares, bem como as relações comerciais e econômicas, inclusive os vôos das companhias áreas suí4a e líbia, serão retomadas.

A restabelecimento das atividades consulares abrange todos os vistos de viagem de cidadãos suíços e líbios. Isso vale também para dois suíços mantidos desde o ano passado em prisão domiciliar na Líbia, cuja saída do país é prevista para antes de 1° de setembro, segundo disse Merz à agência de notícias AFP.

Os dois Estados concordaram em encarregar uma corte de arbitragem independente para investigar as circunstâncias da prisão de Hannibal Gaddafi e de sua esposa. Berna e Trípoli indicarão, cada qual, um diplomata de um terceiro país – este dois escolherão o presidente da corte independente.

Retrospectiva

A crise entre a Líbia e a Suíça começou em 15 de julho de 2008, quando Hannibal – filho caçula Muammar Gaddafi – e sua esposa Aline foram presos, acusados de terem agredido um casal de empregados domésticos quando passavam férias em um hotel de luxo em Genebra.

No início de setembro de 2008, a Justiça de Genebra arquivou o processo contra os Gaddafi, depois que os dois acusadores retiraram a queixa.

Um relatório entregue em 14 de setembro de 2008 por uma comissão independente encarregada de esclarecer as circunstâncias da prisão do casal concluiu que as autoridades de Genebra não cometeram qualquer ilegalidade, mas fez várias críticas à polícia e à Justiça.

Em abril de 2009, Hannibal Gadaffi apresentou uma queixa civil contra o estado de Genebra, alegando que a Convenção de Viena sobre as relações diplomáticas foi violada.

Segundo o advogado da parte líbia, Charles Poncet, o processo civil contra o estado de Genebra daria entrada no tribunal de primeira instância em 24 de setembro de 2009.

Corte no fornecimento de petróleo

No início do ano, as autoridades de Genebra haviam rejeitado um pedido de desculpas à Líbia pelo tratamento dado ao caso da prisão dos Gaddafi.

“Concluímos que o Estado de Direito foi respeitado, que as convenções internacionais não foram violados e, em última análise, talvez tenha havido um problema de falta de tato”, disse o governador David Hiler, em janeiro.

A Líbia reduziu o fornecimento de petróleo à Suíça e retirou mais de US$ 5 bilhões em ativos de bancos suíços em 2008, durante o incidente.

A ministra suíça das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey, disse no mês passado que a Suíça estava tentando marcar uma reunião com o líder líbio para ajudar a resolver o problema.

swissinfo.ch com agências

Até 2008, a Líbia era o principal parceiro comercial da Suíça na África – à frente da África do Sul e da Nigéria – com um volume de 1,937 bilhão de francos (2007).

Mais da metade das importações de petróleo cru da Suíça (2007: 56%) vinham da Líbia. Em 2008, elas cairam 70%, e, no primeiro semestre deste ano, 88%.

A empresa petrolífera Tamoil (com 35% de capital líbio) possui mais 350 postos de gasolina e a refinaria de Collombey, no cantão do Valais (sudoeste suíço). A Líbia procura diversificar seus seus mercados de exportação.

Estima-se que o subsolo líbio ainda tenha importantes reservas de petróleo e gaz. O petróleo líbio é leve e com baixo teor de enxofre. Na refinagem, dá excelentes rendimentos.

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