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Possível maioria feminina no governo suíço

Os resultados finais das eleições de quarta-feira (22/09) estarão disponíveis na mídia helvética. Keystone

O Parlamento suíço elege nesta quarta-feira (22) dois novos membros do governo federal, depois das demissões dos ministros das Finanças e dos Transportes.

Espera-se que os social-democratas de centro-esquerda e os radicais de centro-direita mantenham seus ministérios, apesar das aspirações de outros dois partidos.

Mesmo que a composição política do governo federal (Conselho Federal) se mantenha inalterada, a eleição dos dois novos membros do gabinete federal poderá ter uma maioria de mulheres dirigindo pela primeira vez em 162 anos de história da chamada “Suíça moderna”.

No total, seis candidatos oficiais indicados por seus partidos estão na corrida para substituir Moritz Leuenberger (Transportes, Comunicações, Energia e Meio Ambiente) e Hans-Rudolf Merz (Finanças), que renunciaram 14 meses antes do término do atual mandato de quatro anos. Na Suíça, os membros do governo federal podem ter vários mandatos e, com raras exceções, até que desejem sair. Leuenberger, por exemplo, ficou 15 anos no cargo.

O gabinete, formado por sete ministros que dividem responsabilidades em virtude de um sistema de direção coletiva, tem atualmente quatro homens e três mulheres.

Os social-democratas propõem duas mulheres como candidatas e os liberais-radicais uma mulher e um homem. Se duas mulheres forem eleitas, o governo federal suíço passaria a ter cinco mulheres e dois homens, o que colocaria a Suíça à frente dos países escandinavos em presença de mulheres no governo.

O Partido Socialista (PS), como são chamados os social-democratas na parte latina da Suíça, e os Liberais Radicais (PLR) têm dois ministérios cada um. Os outros três postos são ocupados pelo Partido Democrata-Cristão (PDC), pelo Partido Burguês Democrático e pela União Democrática do Centro (UDC, maior partido do país).

Medíocre

A campanha eleitoral antes da escolha nas urnas parlamentares ocorreu de forma relativamente discreta em comparação com a cobertura dos meios de comunicação das recentes eleições.

O jornal zuriquense “Neue Zürcher Zeitung”, tradicionalmente próximo ao Partido Liberal Radical (PLR) e da comunidade empresarial, deposita suas esperanças em uma normalização da política helvética após a quebra, em 2003, de um acordo de longas datas onde o poder era compartilhado entre as principais forças políticas.

“O sistema atual não pode viver outro transtorno, tensões e discrepâncias”, escreveu o editorialista da edição dominical do jornal.

O “Tages-Anzeiger”, outro prestigioso título da imprensa zuriquense, deplora o que considera uma campanha medíocre, em consonância com a percepção geral da política suíça como sendo seca e francamente aborrecida, exceto em raras ocasiões.

“Eles são todos extremamente enfadonhos”, escreve o editorialista para qualificar os candidatos oficiais. “Embora o tédio seja visto como uma forma de garantir a estabilidade”, continua o autor, “a Suíça é bastante estável. O país poderia fazer algo com os candidatos que não se comportam do jeito que o deveriam após eleitos.”

Aspirantes

Duas mulheres com quase, cerca 50 anos, Jacqueline Fehr e Simonetta Sommaruga, são as candidatas do Partido Social-Democrata (PS). Ambas estão no Parlamento federal há mais de uma década e são consideradas como estrategistas altamente qualificadas com o apoio do partido.

Enquanto Fehr ressalta sua origem operária, a candidata Sommaruga se apresenta como uma candidata liberal moderada, ideal para a política de consenso na Suíça. Seus críticos argumentam que ela é demasiado “perfeita”.

O Partido Liberal Radical (PLR) tenta defender sua segunda cadeira no governo federal com o candidato Johann Schneider-Ammann, um empresário muito bem relacionado e parlamentar. Sua rival no mesmo partido, Karin Keller-Sutter, dez anos mais jovem, fez um nome como membro do governo cantonal de St. Gallen (leste da Suíça).

Ele parece haver compensado a falta de experiência no cenário nacional com uma ofensiva encantadora durante os últimos dias em Berna.

A candidatura alternativa de Brigit Wyss, do Partido Verde, não está sendo levada a sério. Já a apresentação de Jean-François Rime, da União Democrática do Centro (UDC) é vista como um movimento tático da direita para destacar sua reivindicação de um segundo assento no gabinete federal.

Especialistas

Qualquer que seja o resultado da votação, a quarta-feira é um ponto culminante da sessão de outono do Parlamento federal e também um acontecimento midiático importante, colocando ao mesmo tempo um ponto final nas especulações políticas.

A maioria dos especialistas entre os parlamentares, cientistas políticos e jornalistas estão de acordo em que o equilíbrio dos partidos político no governo federal não deverá ser modificado, a não ser que surpresas de última hora ocorram.

A questão da origem geográfica dos candidatos perdeu relevância, mas ainda pode ser um elemento a levar em consideração, assim como as preferências pessoais dos parlamentares.

Como a votação em uma sessão conjunta do Conselho Nacional (Câmara dos Deputados) e o Conselho de Estados (Senado) é secreta, previsões exatas são impossíveis. Nenhum dos 246 parlamentares é obrigado a revelar sua escolha.

No novo gabinete federal deve se reunir na próxima segunda-feira para discutir as pastas que serão assumidas pelos novos membros. Os rumores de uma remodelação do governo federal aumentaram. Assim especula-se que a ministra da Economia, Doris Leuthard, possa assumir a chefia do Ministério dos Transportes, Energia, Meio Ambiente e Comunicações.

O governo federal é composto por um gabinete de sete membros (ministros).

Não existe primeiro-ministro.

A posição de presidente da Confederação Helvética é exercida por um ministro em sistema rotativo (muda a cada ano).

O gabinete federal deve refletir a diversidade política, cultural e linguística do país.

Durante 50 anos, os postos de ministros foram repartidos entre os quatro principais partidos (radicais, democratas-cristãos, social-democratas e a União Democrática do Centro) através de um acordo informal.

O sistema era conhecido como a “fórmula mágica” e foi alterado em 2003.

Um princípio fundamental do gabinete multipartidário é a necessidade de chegar a um consenso. As decisões são tomadas de forma coletiva.

Os membros do gabinete federal são nomeados pelos seus partidos. Eles são eleitos em uma sessão conjunta dos deputados-federais e senadores.

O voto é secreto

Os sete membros do gabinete federal devem ser confirmados em seus cargos a cada quatro anos após as eleições nacionais. As próximas devem ocorrer em outubro de 2011.

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