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Prós e contras dos OGMs

O milho transgênico vendido na Suíça deve ser indicado nas etiquetas. swissinfo.ch

Faltando seis semanas para a votação em plebiscito popular na Suíça sobre a moratória dos OGMs (Organismos Geneticamente Modificados), Greenpeace luta pelo "sim" e grupo parlamentar pelo "não".

Para os ecologistas, combinações entre plantas naturais e plantas geneticamente modificadas são um risco para os seres humanos.

– Parece evidente que a coabitação entre OGMs e culturas ecológicas é impossível, mesmo nos grandes espaços do Canadá. Como ela seria possível nas pequenas explorações agrícolas da Suíça? – se pergunta o Greenpeace no seu comunicado, publicado na segunda-feira (17.10).

O grupo ecológico trouxe um apicultor e um técnico em agricultura biológica do Canadá para contar suas experiências com as culturas transgênicas.

– Cada vez mais os agricultores e apicultores são confrontados à brutal realidade de não poder mais garantir a segurança dos seus produtos naturais e biológicos. Muitos estão perdendo seus contratos e partes do mercado e terminando por desistir da produção.

No caso dos produtores de mel, por exemplo, as transferências de pólen ocorrem em grandes distâncias. As abelhas, com seu raio de ação de até seis quilômetros, não se mantêm nas distâncias regulamentadas.

Grandes riscos

– O que é disseminado na natureza, permanece – ressalta o porta-voz do Greenpeace. Segundo o grupo ecológico, as primeiras experiências feitas na América do Norte mostram que as culturas de OGMs têm um efeito negativo sobre o meio-ambiente. Elas induzem o surgimento de ervas daninhas extremamente resistentes, contra as quais toda luta é praticamente impossível. O resultado se mostra na utilização cada vez mais intensiva de herbicidas, em colheitas e sementes contaminadas e finalmente na perda de mercados.

Sem falar nos riscos sanitários para os consumidores que se alimentam de produtos contendo organismos geneticamente manipulados. Na falta de pesquisas mais aprofundadas, ninguém pode estimar se existem perigos para a saúde humana e animal.

Na opinião dos membros do Greenpeace, as experiências no Canadá funcionam como um argumento para dizer “sim” à iniciativa popular intitulada “Por alimentos produzidos sem manipulações genéticas”, que será votada em plebiscito popular em 27 de novembro, solicitando uma moratória de cinco anos para os OGMs.

O grupo ecológico também manifesta sua recusa da proposta de lei intitulada “Pela coexistência”, que também está sendo atualmente analisada. Para o Greenpeace, o texto visa a preparar terreno às culturas OGMs na Suíça e é considerado inadmissível.

– A pequena Suíça quer uma agricultura ecológica que aumente sua participação no mercado e que possibilite aos agricultores e ao meio-ambiente um ganho real – resume Bruno Heinzer, coordenador da campanha de proteção genética do Greenpeace.

“Supérfluo e enganador”

Do outro lado do campo, um comitê formado por 104 parlamentares federais de partidos da direita e centro-direita inicia a batalha pela simpatia popular, que deve votar contra a iniciativa. Na opinião dos políticos, ela é “supérflua e enganadora”.

Para o deputado federal Hermann Weyeneth (UDC), co-presidente do comitê, os organizadores da iniciativa popular “não são honestos”.

– Eles pretendem proibir a utilização de organismos geneticamente modificados na agricultura durante cinco anos. Porém o que eles querem é uma interdição total. E isso ocorre apesar do eleitor suíço ter dito “não” às propostas semelhantes de 1998 – argumenta o parlamentar, que também é agricultor no cantão de Berna.

OGMs importados

Para Hermann Weyeneth, a iniciativa é “enganadora”, pois mesmo se a maioria votar à favor, a Suíça não estará livre dos produtos de OGMs. O texto não impedirá a importação de produtos originários de plantas geneticamente modificadas como ração animal à base de milho ou de soja.

Dessa forma, “os agricultores suíços serão penalizados e estarão em desvantagem em relação à concorrência estrangeira” – acresce o deputado federal Josef Leu (PDC).

Quanto aos consumidores, eles também não precisariam de uma moratória. Já hoje em dia, a obrigação de declarar os produtos contendo OGMs lhes permite de escolher livremente o que entra no carrinho de compras ou não.

A iniciativa seria supérflua e constitui “uma provocação política inútil”, reforça também a deputada Helen Leumann, de um partido de centro-direita. Na sua opinião, a Suíça já teria uma das leis mais rigorosas do mundo em relação à utilização dos OGMs. Por essa razão, o Parlamento teria se recusado a incluir uma moratória nas leis atuais.

Problemas para a pesquisa

A aprovação popular da iniciativa colocaria também em perigo a pesquisa científica na Suíça, como acredita Christophe Berdat, secretário-geral do Partido Liberal. A moratória, que esteve vigor na Europa entre 1999 e 2004, já teria enfraquecido o trabalho de pesquisadores europeus, tanto do ponto de vista humano como financeiro.

– Na França, por exemplo, o número de pesquisas no setor de OGMs diminuiu consideravelmente: o espaço agrícola destinado aos testes passou de 385 hectares em 1999 a 7,2 hectares em 2004. Durante esse período, a China, Índia e Estados Unidos investiram bilhões nessa tecnologia do futuro – lembra Christophe Berdat.

swissinfo com agências

– A iniciativa popular intitulada “Por alimentos produzidos sem manipulação genética” será colocada em votação por plebiscito em 27 de novembro.

– Ele exige que a agricultura suíça não utilize plantas ou animais geneticamente modificados (os chamados OGMs – produtos geneticamente modificados). A proibição duraria cinco anos.

– O governo federal e o Parlamento rejeitam o texto proposto. Eles consideram que a lei já protege suficientemente os seres humanos, animais e o meio-ambiente.

– Concretamente, uma lei relativa a genética entrou em vigor em 2004. Ela proíbe, de um lado, a utilização de animais geneticamente modificados na agricultura e, do outro, subordina a utilização de plantas geneticamente modificadas à uma autorização, obtida somente após uma toda uma série de testes.

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