Presidente da BBC enviou carta de desculpas a Trump por edição enganosa de discurso
O presidente do Conselho de Administração da BBC, Samir Shah, enviou uma “carta pessoal” de desculpas a Donald Trump, anunciou a emissora nesta quinta-feira (13), após o grupo ter transmitido um documentário com uma edição enganosa de um discurso do presidente dos Estados Unidos.
Horas antes, o canal havia indicado que está examinando o caso de outra possível montagem enganosa de um discurso de Donald Trump, a segunda até o momento.
Na segunda-feira, a BBC pediu desculpas por ter dado a impressão, em um documentário transmitido no ano passado, de que Trump havia incitado uma “ação violenta” antes de seus apoiadores invadirem o Capitólio dos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021.
O caso colocou o grupo no centro de uma polêmica e resultou nas renúncias de seu diretor-geral e da chefe de sua emissora de notícias, a BBC News. O presidente dos Estados Unidos ameaçou processar a BBC, exigindo 1 bilhão de dólares (R$ 5,29 bilhões) em indenização por difamação, caso o grupo não se desculpasse e retirasse o documentário antes de sexta-feira, às 22h00 GMT (19h00 de Brasília).
O presidente da BBC, Samir Shah, “enviou uma carta pessoal à Casa Branca para expressar claramente ao presidente Trump que ele e a empresa lamentam” a edição do discurso, informou a emissora em um comunicado.
No entanto, acrescentou: “Embora a BBC lamente sinceramente a forma como essas imagens foram editadas, rejeitamos firmemente que haja base legal para uma ação por difamação”.
Segundo a BBC, seus advogados responderam aos de Trump.
Por outro lado, o grupo audiovisual informou nesta quinta-feira que está investigando outro possível caso de edição enganosa, relacionado ao mesmo discurso.
De acordo com o jornal The Telegraph, a BBC transmitiu em junho de 2022, em seu programa “Newsnight”, uma reportagem em que teriam sido justapostas frases soltas do discurso de Trump de 6 de janeiro de 2021, de forma que parecia que ele incitava seus seguidores a invadir o Congresso e “lutar como diabos”.
O Telegraph citou um ex-funcionário da equipe, que afirmou ao jornal que o grupo identificou um problema relacionado à edição do discurso de Trump após a exibição, mas que um responsável não deu continuidade ao assunto.
Segundo essa fonte, o caso teria sido denunciado imediatamente no estúdio por um convidado, ex-colaborador de Donald Trump.
“Este problema chamou nossa atenção e estamos conduzindo uma investigação”, reagiu um porta-voz da BBC, que acrescentou que o grupo audiovisual “está comprometido em respeitar os mais altos padrões editoriais”.
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