Procurador questiona independência da justiça russa
O procurador de Genebra, Bernard Bertossa, disse estar perplexo com a demissão do juiz de instrução russo Nikolai Volkov que investigava indícios de desvio de dinheiro público, incluindo US$ 4,6 bilhões do FMI e conexões suíças do caso Aeroflot.
A demissão de Volkov leva a duvidar "da real vontade das autoridades russas de fazerem avançar certos dossiês. Conforta também nossa perplexidade diante da verdadeira independência da Promotoria Pública de Moscou". É o que disse o procurador de Genebra, Bernard Bertossa, à ATS - Agência de Notícias Suíça - comentando a demissão do juiz russo.
Bertossa realçou ainda que Bolkov "dava impressão de fazer bem seu trabalho". Ele é o quarto membro do Judiciário russo afastado quando investigava casos de corrupção.
Há um mês, o juiz russo esteve na Suíça de onde levou 80 caixas de documentos confiscados no âmbito de investigação de suposto escândalo envolvendo a empresa aérea russa, Aeroflot, controlada pelo governo de Moscou (que detém 51 por cento das ações) e com possíveis ramificações em meios ligados ao ex-presidente Bóris Iéltsin.
Volkov investigava justamente desvio de dezenas de milhões de dólares da Aeroflot, dinheiro que teria transitado pelas empresas financeiras Andava e Forus, de Lausanne, na Suíça.
Essas empresas foram fundadas em particular pelo empresário russo Bóris Berezovksi - considerado amigo do ex-presidente Iéltsin - para o gerenciamento divisas da Aeroflot.
Volkov investigava também se passou por bancos suíços um empréstimo de 4,8 bilhões de dólares feito à Rússia em 1998 pelo Fundo Monetário Internacional. O FMI estimava infundados rumores sobre esse desvio.
Até o fim do mês Volkov devia dizer se Bóris Berezovski e outras pessoas deviam ser indiciadas. E quanto a possível desvio do dinheiro do FMI ele pensava solicitar ajuda judiciária à Suíça.
Em entrevista a um jornal russo (Kommersant), Nicolai Volkov disse: "A direção da Procuradoria Pública não compartilha da minha visão da instrução e não encontrei apoio algum para realizá-la".
A Procuradoria afirma que Volkov ultrapassou suas competências. Cita o caso de um convite feito em nome da Procuradoria a investigadores suíços.
swissinfo com agências.

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