Promotores da ‘Lava Jato’ pedem apoio contra tentativas de socavar investigação

Os promotores que investigam o esquema de corrupção na Petrobras denunciaram nesta sexta-feira tentativas do Congresso para deter as investigações sobre o escândalo e pediram o apoio da sociedade para não serem “derrotados”.
“Seremos derrotados se a sociedade não estiver do nosso lado”, afirmou em Curitiba o chefe da força-tarefa que conduz as investigações da Lava Jato, o procurador da República Deltan Dallagnol.
Os pedidos dos membros do Ministério Público ocorreram durante a cerimônia de devolução de 204 milhões de reais à petroleira, recuperados de esquemas de corrupção, às vésperas de uma polêmica votação na Câmara dos Deputados.
Uma comissão parlamentar especial tem previsto discutir na terça-feira um pacote de medidas anti-corrupção, impulsionado pelos promotores e apoiado por dois milhões de assinaturas.
Mas, paradoxalmente, a iniciativa poderia abrir a porta para uma autoanistia de “Caixa 2”, doações de campanha não declaradas que costumam encobrir crimes graves, como lavagem de dinheiro.
Se for transformada em lei, a nova tipificação do “Caixa 2” em um “delito mais robusto” eximiria de culpa e acusação quem está agora na mira da Justiça porque nenhuma lei pode ser aplicada retroativamente, pelo menos segundo uma interpretação que ganha força no Congresso.
“O problema aqui é que os corruptos têm muito poder. Uns poucos roubaram muito, de muitos”, disse Dallagnol em seu discurso.
Durante a cerimônia, os representantes do Ministério Público entregaram ao presidente da Petrobras, Pedro Parente, o documento que credencia a reintegração dos 204 milhões de reais, a terceira e maior devolução de recursos para a estatal no âmbito da Operação Lava Jato.