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A Suíça no espaço sideral

Rosetta repousa para sempre no solo gelado de seu cometa

Esse solo feito de poeira aglomerada, usada pela corrosão das passagens perto do sol que fazem derreter o gelo e nascer a cauda do cometa, será o túmulo de Rosetta. A largura dessa imagem, tomada a 12 km de altitude, representa aproximadamente 1 km. ESA

Não houve explosão grandiosa para a grande final da missão Rosetta. Somente um pouquinho de poeira e de cristais de gelo, que ninguém jamais verá. Neste 30 de setembro, às 13:19, a sonda europeia caiu na superfície do cometa, ao final de uma descida lenta e controlada.

 A 719 milhões de Km da Terra, o cometa Tchoury (67P/Tchourioumov-Guérassimenko de seu nome verdadeiro), tornou-se o túmulo da sonda Rosetta, que girava em torno dele há dois anos. Dentro de alguns meses, o cometa estará fora da órbita de Júpter e os painéis solares da sonda não terão mais energia suficiente para sobreviver. Os responsáveis da Agência Espacial Europeia (ESA) decidiram utilizar da melhor maneira possível o que restava de recursos para fazer suas últimas fotos e suas últimas medidas no solo.

Imagens de artista (de fotos verdadeiras) da descida de Rosettaotos) de la descente de Rosetta

 Mais velhas que o mundo

A esses dados se acrescentam uma soma já prodigiosa, mesmo se o pequeno robô Philae, que Rosetta desembarcou na superfície de Tchouri em novembro de 2014 caiu num buraco e não cumpriu inteiramente sua missão. Uma soma que deve muito à Universidade de Berna, autora da experiência Rosina: dois espectrômetros e um captor de pressão que analisam o gás que sai do cometa. Pesquisadora principal da experiência, Kathrin Altwegg foi de surpresa em surpresa durante dois anos: “teve a forma do cometa – que parede mais um patinho de borracha do que uma bola, depois o fato que ele é muito poroso, feita em 75% de vazio e muito escuro”. De maneira a abandonar a imagem de “bolas de neve suja” que se fazia habitualmente dos cometas. Na realidade, eles são antes casulos de poeira com um pouco de gelo por dentro.

 A natureza dessas poeiras é o mais fascinante. É que os cometas – guardados no congelador há 4,5 bilhões de anos – estão entre os primeiros objetos que se formaram na nuvem que deu origem ao nosso sistema solar. Elas são literalmente mais velhas que o mundo. Eles já contêm água e moléculas orgânicas, ou seja, os ingredientes que nos constituem a todos.

As bases da vida

“Com exceção da energia, que é totalmente ausente, existe nesse cometa tudo o que é provavelmente necessário para a vida”, resume Kathrin Altwegg. Ela acrescenta que “hoje descobrimos numerosos exoplanetas, alguns similares à Terra. Portanto, o que se passou aqui pode ter passado ou se passar um dia em outro lugar”.


12 anos de viagem para mais de 8 bilhões de km a girar entre a Terra, o Sol, Marte até a órbita de Júpiter: é a incrível viagem de uma sonda concebida no século 20 e equipada de uma informática do século 21, com um processador de 380, 4 mo(!) de memória e menos de 20 watts de potência para fazer rodar 10 instrumentos (inclusive câmeras) a temperaturas de 100°.



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Adaptação: Claudinê Gonçalves

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