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Quem tem medo da tuberculose?

Os países são chamados a uma luta mais eficaz contra a tuberculose. Keystone

A Liga Pulmonar Suíça discorda das advertências de um aumento alarmante de casos de tuberculose multiresistente na Europa Ocidental.

O alerta foi dado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) mas na Suíça os riscos de um foco infeccioso são considerados “nigligentes”.

A OMS, a Cruz Vermelha e outras vinte agências e organizações não governementais anunciaram terça-feira (10/10) a criação de uma aliança para intensificar a luta e incentivar os governos a fazerem o mesmo.

Todo ano, cerca de 450 mil pessoas contraem a tuberculose na Europa Oriental e na Ásia Central e quase 70 mil morrem, segundo a Cruz Vermelha. Entre os vinte países no mundo com maior incidência da doença, quatorze estão nessas regiões.

Em certos casos, a má utilização dos remédios contra a tuberculose contribui para a multiplicação de casos de ultra-resistência. “Se quizermos defender a saúde pública na União Européia, temos a obrigação de levar em conta esse alarme às nossas portas”, declara Zsuzsanna Jakab, diretora do Centro Europeu de Prevenção e Controle das Doenças(ECDC).

Mas, segundo Jean-Pierre Zellweger, pneumologista e médico-conselheiro da Liga Pulmonar Suíça, não há qualquer razão de entrar em pânico na Suíça.

“O problema existe na Europa Oriental mas sua influência na Europa Ocidental, e particularmente na Suíça, é negligente, afirma. Sabemos que na Alemanha, França, Itália e Suíça, a maioria dos casos de tuberculose é diagnosticada na população estrangeira e que o número de casos é extremamente reduzido”.

Diminuição dos casos

Jean-Pierre Zellweger explica que o número de casos de tuberculose diminuiu drasticamente na Suíça nos últimos cinco anos. Este ano, cerca de 500 casos deverão ser diagnosticados e 20% poderão ser infecciosos.

Até agora, somente oito casos foram detectados na fronteira. A Suíça é um dos raros países europeus a controlar todos os requerentes de asilo que chegam ao país.

Além disso, segundo o médico-assistente da Liga Pulmonar Suíça, o argumento de que a extensão à Europa do Leste aumenta o risco de resistências aos medicamentos é incorreto. Aliás, as pessoas doentes são pouco propensas a viajar. “Não há virtualmente qualquer risco para a população suíça”, conclui.

Essa avaliação de riscos é a mesma na Secretaria Federal de Saúde Pública (OFSP). Segundo Ekkehardt Altpeter, especilista em saúde pública, o problema da tuberculose é levado muito a sério pelo governo. Ele considera, contudo, que os riscos eventuais de resistências aos medicamentos não é uma precupação importante.

“Os casos de tuberculose multiresistente não constituem qualquer problema na Suíça”, confirma.

Resistência ao medicamento

Casos de tuberculose multiresistente foram registrados pela OFSP durante a última década mas mantém-se estáveis (cinco casos identificados em 2005).

Apesar do aumento da imigração, Ekkehardt Altpeter não constatou alterações.

Em resposta às declarações da Liga Pulmonar Suíça, a OMS reitera que a ameaça não é exagerada. “É uma subestimação que requer retificação imediata. As pessoas precisam compreender que o risco existe”, afirma Mario Raviglione.

Diretor do Departamento de combate à tuberculose na Organização Mundial de Saúde desde 2003, Raviglione lembra que a União Européia tem fronteiras com os países de mais alta taxa de incidência de tuberculose multiresistente.

Segundo ele, há uma relação evidente ente os casos de tuberculose multiresistente na Europa Ocidental e a migração de população. “Nós dizemos simplesmente às de pessoas de se prepararem. Como foi o caso para a SRAS e a gripe aviária, alguma coisa vai acontecer cedo ou tarde”, conclui.

swissinfo, Adam Beaumont, Genebra

O centro de competência da Liga Pulmonar Suíça é sediado em Berna e financiado pela Secretaria Federal de Saúde Pública (OFSP).

Segundo a OFSP, 593 casos de tuberculose foram registrados em 2004. Quase dois terços dos doentes eram estranteiros.

A resistência aos medicamentos é causada por tratamentos inconseqüentes ou parciais, geralmente quando os pacientes não tomam os remédios prescritos regulamente durante um certo período do tratamento.

É uma doença contagiosa do sistema respiratório. Como um resfriado qualquer, ela se propaga por via aérea. Somente as pessoas cujos pulmões estão infectados podem transmitir a infecção.

No século XVIII, a doença causava 25% das mortes das cidades européias. Na época, a Suíça era conhecida por seus sanatórios que tratavam os doentes.

Atualmente, quase 1,7 milhão de pessoas por ano morrem de tuberculose no mundo. A taxa de mortalidade mais alta é na África.

A tuberculose pode ser tratada de maneira eficaz através de remédios. Será o caso em Zurique, onde recentemente foi diagnostica a infecção de nove alunos contaminados pelo professor.

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