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Por que não existem rankings escolares na Suíça?

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Como as escolas suíças preparam seus alunos para a universidade? © Keystone / Gaetan Bally

Embora comuns nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, não existem na Suíça classificação de escolas. Recentemente parlamentares rejeitaram um projeto de criar um "ranking", mostrando que a ideia tem fortes opositores.

Um estrangeiro que se instale na Suíça e procure por classificações de escolas públicas ficará desapontado. Elas simplesmente não existem. Na Suíça não existe um histórico de rankings, e a oposição de professores e de alguns parlamentares é forte. 

O debate parlamentar sobre os rankings das escolas foi lançado por um projeto de lei da deputada Andrea GmürLink externo, ela própria ex-professora de inglês e francês, no sentido de publicar dados já disponíveis sobre o desempenho de alunos secundários que entraram na universidade, e sobre o número de alunos que abandonam a escola. 

Esta informação, que na realidade não é uma classificação, é elaborada pelo Departamento Federal de Estatísticas (BFSLink externo, na sigla em alemão) e disponibilizada aos cantões, mas não ao público. 

“Penso que é importante que todos conheçam esta informação”, disse Gmür, do Partido Democrata-Cristão de centro-direita, à swissinfo.ch. As universidades, explicou, já sabem quais escolas formam os alunos mais preparados para a universidade.

Rejeição dos rankings

Mas, em uma decisão que surpreendeu, tendo em vista que a moção já havia sido aprovada pela Câmara dos Deputados, o Senado suíço rejeitou o projeto de lei por 30 votos contra e 10 a favor. “Não queremos uma cultura de rankings como a dos EUA”, disse Ruedi Noser, presidente do Comitê de Ciência, Educação e Cultura do SenadoLink externo, que analisou a moção em seus detalhes.

Como são distribuídas as vagas escolares

Na Suíça, as autoridades educacionais atribuem vagas em escolas primárias locais a alunos levando em conta primeiramente a proximidade do local de residência. No nível seguinte à escolaridade obrigatória, ou seja, após os 15 ou 16 anos de idade, o processo é um pouco diferente.

A maioria dos alunos opta pela formação profissionalizante e estágios, que têm uma boa reputação na Suíça. Apenas cerca de 20% vão para os ginásios que preparam os alunos para a universidade. Estas escolas têm critérios de admissão rigorosos e, em alguns cantões, até exames. A escolha do ginásio muitas vezes também é influenciada por sua área de especialização: matemática e ciências, ou línguas, por exemplo.

Diversos fatores influenciam o sucesso acadêmico dos alunos, tais como a origem dos pais, ou a razão pela qual abandonaram a escola. Por vezes, os alunos, por exemplo, decidem procurar um emprego.

Gmür sublinhou que nunca tinha pedido qualquer classificação, apenas uma forma de “obter alguma forma de controle de qualidade”. No entanto, Gmürk lembrou que há participação suíça em outros tipos de classificação, como os rankings internacionais para as universidades e o teste PISA da OCDE para alunos de 15 anos em todo o mundo. 

+ O estudo PISA mostra que os alunos suíços são os melhores em matemática na Europa

Em maio, houve até um tipo de estudo “PISA” suíço que compara o nível de matemática e alemão entre as escolas primárias cantonais, e acabou revelando lacunas, em particular no ensino da matemática.

Este estudo não causou tanta polemica, disse Gmür. Todos acabaram discutindo apenas onde poderiam ser feitas melhorias. O mesmo também poderia se aplicar às escolas ginasiais.

As associações de professores, que também foram consultadas pela comissão do Senado, permanecem firmemente contra a classificação de escolas. “Acho que todos temem que sua escola não obtenha os resultados que esperam, por isso é melhor ser contra do que simplesmente ter estas estatísticas publicadas”, disse Gmür. 

Sem uma cultura de rankings

A Associação dos Professores das Escolas Secundárias da SuíçaLink externo foi uma das organizações que deram seu parecer ao comité do Senado. Suas objeções eram de que a publicação dos dados levaria à elaboração de rankings, e que os rankings nem sempre eram justos ou representativos da escola ou de seus alunos. Além disso, ela alega que a comparação é difícil porque os cantões são responsáveis pelas questões educacionais na Suíça e têm muita autonomia nesta área. 

Sobre a questão de porque não há rankings na Suíça, Lucius Hartmann, da Associação de Professores, disse em comentários escritos que “a cultura de ranking na Suíça (ainda) não tem uma importância tão grande quanto no exterior (o que também é verdade para áreas fora da educação)”.

O sistema de ensino de alta qualidade da Suíça foi alcançado sem classificações, porque os professores (especialmente devido à sua grande autonomia) estão fortemente empenhados nisso, acrescentou Hartmann. 

Gmür concorda que o sistema educacional suíço é excelente. As escolas públicas na Suíça não são comparáveis às dos EUA e não é necessário enviar seus filhos para uma escola particular na Suíça para se ter uma vida bem-sucedida, acrescentou ela.

“Em geral, na Suíça, todas as escolas são muito boas, se há diferenças, elas são pequenas e podem ser corrigidas; e o que não for totalmente perfeito, pode ser melhorado”, disse ela. 

Rankings acadêmicos pelo mundo

Em alguns países, os pais consultam tabelas de classificação das escolas para ajudar a escolher uma escola para seus filhos. Na Inglaterra foram elaborados rankingsLink externo pelo governo que incluem escolas privadas, Irlanda do Norte. O País de Gales e a Escócia têm tabelas separadas. A Austrália também tem rankings governamentais no âmbito do programa NAPLAN (National Assessment ProgramLink externo). Nos EUA, os pais podem consultar fontes externas, como o U.S. News & World (para escolas secundáriasLink externo) ou o Niche, um site de dados de ensino superior. Alguns estados americanos também oferecem rankings. Há também outras fontesLink externo

Os rankings não são isentos de críticas: no Reino Unido, nos EUA e na Austrália, os pais são conhecidos por comprar casas em boas áreas de captação escolar, o que leva à desigualdade em outras escolas. 

Uma das seis melhores universidades do mundo 

O Instituto Federal de Tecnologia (ETHLink externo) com sede em Zurique subiu uma posição nos últimos rankings universitários QSLink externo, e está agora listada entre as seis melhores instituições de ensino superior do mundo. 

Pela primeira vez, a ETH ultrapassou a Universidade de Cambridge na Inglaterra no ranking da empresa britânica Quacquarelli Symonds, um grupo de marketing educacional. 

Os cinco primeiros lugares são ocupados por quatro universidades nos Estados Unidos com o MIT em primeiro lugar, e a prestigiada universidade de Oxford, na Inglaterra. 

“Estamos muito satisfeitos com esta excelente colocação no ranking. Ela fornece ainda mais provas de que a ETH de Zurique está no caminho certo em ensino, pesquisa e transferência de tecnologia, e mostra que podemos nos afirmar em relação a outras universidades de ponta em um ambiente cada vez mais competitivo”, disse o presidente da ETH, Joël Mesot, em um comunicado de imprensa publicado em 19.06.2019. 

 A ETH tem sido a universidade europeia mais bem colocada no ranking QS desde 2010. 

 A segunda melhor universidade Suíça, o Instituto Federal de Tecnologia em Lausanne (EPFLLink externo), está em 18º lugar, juntamente com a Universidade de Columbia nos EUA, de acordo com a pesquisa. 

A classificação é baseada nos resultados de pesquisas entre cientistas e empregadores sobre a qualidade das universidades, incluindo o número de publicações acadêmicas, a relação entre o número de funcionários e estudantes, e quão internacionalmente inserida é uma universidade. 

A QS publicou pela primeira vez a sua classificação em 2004. Juntamente com os rankings Times Higher Education e Shanghai, é um dos mais citados indicadores de qualidade universitária.

Adaptação: DvSperling

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