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Batalha sobre dívida argentina pode reduzir oferta global de soja

Por Hugh Bronstein

BUENOS AIRES (Reuters) – Os produtores argentinos disseram que vão estocar soja no segundo semestre do ano se o governo não for capaz de fechar um acordo com os investidores sobre sua dívida para evitar um novo default soberano.

Muitos produtores já estão segurando a venda da soja como forma de se proteger contra a inflação alta e dizem que serão ainda mais cautelosos à medida que as negociações entre governo e investidores detentores de títulos avançam.

Os credores querem o pagamento integral dos títulos que a Argentina deixou pagar em 2002, após vencerem uma série de disputas em tribunais norte-americanos que colocam o país à beira de um novo calote.

“Considerando o que está acontecendo com a dívida da Argentina, estamos retendo o que colhemos este ano, para ver o que acontece”, disse Carlos Novecourt, gerente de uma pequena fazenda na cidade de Carlos Casares, na província de Buenos Aires.

Um corte na oferta da oleaginosa pela Argentina colocaria pressão de alta sobre os preços globais da soja e do farelo mundial em um momento de crescente demanda, especialmente da China.

A Argentina é terceiro exportador de soja do mundo e o maior fornecedor global de farelo de soja.

Sinais da incerteza sobre o abastecimento já estão surgindo no mercado mundial, com as exportações de farelo de soja dos Estados Unidos, terceiro fornecedor do mundo, atingindo recordes.

A Argentina deverá colher 55,5 milhões de toneladas de soja nesta temporada, de acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, que informou nesta quinta-feira que os produtores colheram 95 por cento da safra até o momento.

Ao longo dos próximos dois meses, os produtores argentinos deverão vender grãos para levantar dinheiro necessário para pagar os empréstimos que financiaram o plantio. Uma vez que os empréstimos bancários forem pagos, no entanto, os produtores terão ainda mais motivos para acumular estoques de grãos na fazenda.

“Após o final de agosto, os agricultores argentinos vão segurar 23,25 milhões de toneladas de soja, com um valor de mercado de 12 bilhões de dólares. Sob circunstâncias normais, o que significa dizer sem o problema de reestruturação da dívida, esse volume seria de 18 milhões de toneladas, no valor de 9,3 bilhões de dólares”, disse o analista agrícola Pablo Adreani.

(Reportagem adicional De Karl Plume, em Chicago)

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