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Congelamento de ajuda pós-golpe a Honduras prejudica os pobres

Por Robin Emmott
TEGUCIGALPA (Reuters) – Os hondurenhos pobres estão passando fome e as crianças doentes não têm acesso a remédios depois que os doadores cortaram o auxílio humanitário ao país após o golpe de junho que depôs o presidente Manuel Zelaya, afirmaram médicos e funcionários de agências humanitárias.
As cozinhas que fornecem sopa fecharam, medicamentos estão escassos, médicos estrangeiros cancelaram viagens a Honduras e secou a verba para os pobres tocarem pequenas empresas, aumentando o desemprego.
Com Honduras já afetada pela crise econômica global, bancos internacionais de desenvolvimento, a União Europeia e o presidente venezuelano, Hugo Chávez (aliado próximo de Zelaya), congelaram os programas de doação após o golpe de 28 de junho, apoiado pelos militares.
Honduras obtinha cerca de 1 bilhão de dólares por ano em empréstimos estrangeiros, ajuda humanitária e combustível subsidiado da Venezuela, cerca de 20 por cento do orçamento nacional.
Os Estados Unidos ainda fornecem ajuda humanitária, mas a União Europeia suspendeu aproximadamente 97 milhões de dólares em assistência e o Banco Mundial cortou 270 milhões de dólares em empréstimos. O Banco Interamericano de Desenvolvimento segurou 50 milhões de dólares.
A ministra das Finanças de Honduras, Rebeca Santos, diz que cerca de 450 milhões de dólares em crédito e assistência estão congelados.
“Não há medicamentos para os parasitas que estão no estômago do meu menino, não há antibióticos, o médico não tem nem mesmo seringas”, disse Marlyn Cerrato enquanto levava seu filho de 7 anos, pálido e quieto, a um posto de saúde numa favela perto de Tegucigalpa.
Os fundos da Europa para o posto de saúde foram reduzidos. As prateleiras, antes repletas de vidros e comprimidos, agora estão vazias e os médicos dizem não ter esperança de combater a dengue e a gripe suína no país, onde cerca de metade dos 7 milhões de habitantes vive com menos de 2 dólares por dia.
A Organização das Nações Unidas (ONU) diz que a crise política “afeta de forma significativa” os 3,5 milhões de crianças do país.
“Pelo menos nove pessoas morreram de dengue em Tegucigalpa porque não tiveram acesso a medicamentos. Estamos trabalhando sem luvas”, disse a médica Maria Isabel Villars. Ela culpa o corte na assistência pela falta de remédios para combater a dengue.
(Reportagem adicional de Adriana Barrera, na Cidade do México)

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