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Irã reduz nas negociações em Viena exigências sobre capacidade nuclear

Por Louis Charbonneau e Parisa Hafezi

VIENA (Reuters) – O Irã reduziu suas exigências relacionadas ao tamanho de seu futuro programa de enriquecimento de urânio nas negociações nucleares com outras potência mundiais, embora os governos ocidentais tenham pedido ao país que recue ainda mais, disseram nesta quinta-feira diplomatas do Ocidente próximos às negociações.

Os diplomatas, que conversaram com a Reuters no início da rodada de negociações de duas semanas entre o Irã e os Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Rússia e China, disseram que, apesar de alguma flexibilidade de Teerã, não seria fácil obter um acordo dentro do prazo estabelecido para 20 de julho.

A mudança de postura do governo iraniano a respeito do principal ponto de desentendimento nas negociações –o número de centrífugas que o Irã vai manter se um acordo for alcançado para restringir seu programa nuclear em troca do encerramento gradual das sanções sobre o país. Dar um desfecho à disputa de uma década sobre as ambições nucleares iranianas é considerado essencial para desfazer a tensão e evitar uma nova guerra no Oriente Médio.

“O Irã reduziu o número de centrífugas que deseja, mas o número ainda é inaceitavelmente alto”, disse um diplomata ocidental à Reuters sob condição de anonimato e sem entrar em mais detalhes.

Na quarta-feira, uma autoridade de alto-escalão iraniana disse à Reuters que o país se recusou a reduzir sua atual exigência de permanecer com 50 mil centrífugas operando, cifra considerada por autoridades do Ocidente acima da necessária para o Irã manter seu programa nuclear, que diz ter objetivos estritamente civis.

“O Irã precisa de pelo menos 50 mil centrífugas e não 49.999”, disse a autoridade iraniana. “Não vamos ceder sobre isso… A outra parte fala sobre alguns milhares e isso não é aceitável para o Irã.”

Mas diplomatas ocidentais disseram que, a portas fechadas, o Irã não estaria mais insistindo nas 50 mil máquinas e havia sinalizado que aceitaria um número menor, mas a quantidade não foi especificada para não prejudicar as negociações.

O Irã possui hoje mais de 19 mil centrífugas, embora somente cerca de 10 mil estejam em funcionamento. As potências envolvidas querem que o número seja reduzido a poucos milhares, como garantia de que o Irã não possa rapidamente produzir urânio enriquecido para, caso tome a decisão, confeccionar uma bomba.

Teerã nega as alegações das potências ocidentais e de seus aliados de que esteja desenvolvendo a capacidade para produzir armas nucleares sob a fachada de um programa nuclear civil.

Autoridades iranianas se negaram a comentar de maneira direta sobre um suposto recuo a respeito das centrífugas.

“Como dissemos, estamos prontos para assegurar ao mundo que não estamos buscando bombas”, disse outra autoridade de alto-escalão iraniana à Reuters. “Mostramos nossa boa-vontade, mas não vamos ceder a demandas que violem nossos direitos.”

“Alguns milhares a mais ou a menos de centrífugas não faz diferença”, acrescentou. “Nosso direito ao enriquecimento foi aceito por todas as partes envolvidas nas negociações… Há maneiras técnicas de dar garantias a ambos os lados para garantir direitos e remover preocupações.”

(Reportagem adicional de Fredrik Dahl, em Viena, e Mehrdad Balali, em Dubai)

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