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Líder catalão perde cargos no partido, após admitir que sonegou impostos

Presidente da Catalunha, Artur Mas, durante entrevista coletiva no Palau de la Generalitat, em Barcelona. 29/07/2014. REUTERS/Stringer reuters_tickers

Por Elisabeth O’Leary

MADRI (Reuters) – Um dos políticos mais importantes da Espanha democrática será despojado de privilégios em seu partido em consequência da revelação de que escondeu uma fortuna pessoal do Fisco espanhol durante três décadas.

O partido nacionalista catalão Convergência e União (CiU), atualmente liderando uma campanha pela independência da Catalunha, disse nesta terça-feira que Jordi Pujol, de 84 anos, perderia sua condição de presidente fundador do partido, bem como presidente honorário. Ele também vai ser despojado de sua pensão e de um escritório pago pelo partido.

O escândalo, em um momento de grande dificuldade econômica para a maioria dos espanhóis, contribui para a crise de confiança nos políticos após o surgimento de dezenas de escândalos de corrupção nos últimos anos.

A notícia também é constrangedora para Artur Mas, o atual presidente do governo regional catalão, que deve se reunir com o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, na quarta-feira pela primeira vez em mais de um ano para discutir o impasse sobre um referendo sobre a situação da Catalunha dentro – ou fora – da Espanha.

A Catalunha entrou em conflito com o governo federal, em Madri, sobre o agendamento de um referendo sobre a sua independência, marcado para 9 de novembro, gerando polêmica em todo o país. Madrid diz que o referendo é ilegal e não pode ser realizado.

O dirigente Mas, que anunciou a destituição de Pujol de seus títulos, disse que a medida lhe causou “grande dor…”. “Jordi Pujol foi meu pai político”, declarou.

Pujol é uma figura extremamente respeitada na Catalunha e que se tornou um líder do movimento nacionalista catalão após presidir o governo regional entre 1989 e 2003. Ele conseguiu mais recursos para a região durante o seu mandato em troca do apoio parlamentar a minorias que se sucederam no governo de Madri, tanto da esquerda quanto da direita, após o fim da ditadura de Franco.

Pujol admitiu na sexta-feira ter deixado de pagar impostos sobre uma fortuna herdada que, segundo a imprensa, pode chegar a centenas de milhões de euros. Ele não revelou o valor.

A mídia local disse que o escândalo se tornou público por causa da possibilidade mais constrangedora ainda de uma investigação que está sendo anunciada por autoridades judiciais.

Dois dos filhos de Pujol, também políticos, estão sendo investigados por corrupção e tráfico de influência.

A repressão à fraude fiscal, como parte de um esforço para reduzir gradualmente o déficit público da Espanha, vai levar outro rosto conhecido ao tribunal, o jogador de futebol argentino Lionel Messi, do Barcelona, que é acusado de ocultar 4,1 milhão de euros das autoridades espanholas.

(Reportagem de Elisabeth O’Leary e Raquel Castillo)

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