Perspectivas suíças em 10 idiomas

Queda do Muro de Berlim: reflexões de jovens europeus

(Reuters) – Para as gerações que têm idade suficiente para ter vivido esse momento, a derrubada do Muro de Berlim será a imagem mais marcante de nossos tempos – uma imagem duradoura que assinalou o começo do fim da Guerra Fria.
Mas, para muitos europeus que nasceram por volta de 1989, uma imagem muito mais duradoura é a da destruição do World Trade Center em 11 de Setembro de 2001, que inaugurou a era do terrorismo global e das guerras no Afeganistão e Iraque.
Seguem alguns comentários feitos por jovens europeus a correspondentes da Reuters:
ALEX BEDDOES, 23 anos, coordenador de serviços a clientes, Londres:
“Sempre vou me lembrar do que eu estava fazendo no dia 11 de Setembro. Eu estava velejando. Quando minha irmã me telefonou para me contar, pensei que fosse trote.
Esta é a imagem duradoura de minha geração. Acho que provavelmente por causa da imagem das pessoas pulando fora das torres, sabendo que não tinham chance de sobreviver, e por causa da coragem das pessoas dos serviços de emergência, que se expuseram a tanto perigo. Isso levou à “Guerra ao Terror” durante quase uma década inteira, teve efeito avassalador sobre a política externa em todo o mundo e afetou quase todas as facetas de nossas vidas.”
JULIE PIROVANI, francesa, 16 anos, estudante de segundo grau que comprava roupas na loja Uniqlo em Paris:
“Vejo a queda do Muro de Berlim como uma revolução, o fim de uma guerra, o fim da separação. Ela divide duas eras.
Ainda não chegamos a essa era no colégio, então não sei muito sobre como eram as coisas antes. Mas na minha família a gente conversa sobre a queda do muro, e isso é visto como motivo de grande alegria.”
ZSOFIA KIS, 23, estudante, em Budapeste:
Indagada sobre a imagem mais marcante de sua geração, ela disse: “O World Trade Center, sem dúvida alguma. Foi quando o conceito de terrorismo entrou em nosso mundo.”
Sobre se o fim do comunismo cumpriu sua promessa: “No Ocidente, pode ser. Aqui, não sei. Nossas vidas são diferentes, podemos viajar livremente e nossas oportunidades são bastante boas, pelo menos no longo prazo, mas acho que isso é mais uma consequência de termos entrado na União Europeia, não da queda do comunismo. Bom, mas imagino que a entrada na UE foi possível porque o comunismo acabou, então isso foi importante.”
ANDRAS MAGYAR, 22, estudante, Pecs, Hungria:
“Os ataques terroristas ao World Trade Center (essa é minha imagem que vai ficar). Também lembro as guerras no Iraque e na Iugoslávia, mas o World Trade Center é o grande evento ícone do qual vou me lembrar.
Sim, acho que nossa geração tem uma visão mais negativa por causa disso. Começou com um acontecimento pavoroso. É uma coisa que vamos ter que esquecer, não lembrar. Precisamos seguir adiante.
Acho que a queda do muro cumpriu sua promessa em parte porque hoje o sistema é diferente. Podemos nos livrar de nossos líderes se não gostarmos deles.”
BARBARA REGULSKA, 24, começou recentemente um doutorado em relações exteriores na Universidade de Varsóvia:
“Sempre incomodou meus pais – e acho que a maioria dos poloneses da geração deles – o fato de o mundo inteiro comemorar o aniversário da queda do Muro de Berlim, mas não os acontecimentos ligados ao sindicato Solidariedade na Polônia em 1989. Parece que todo o mundo não entende que o muro não teria caído se não fosse pelo que aconteceu aqui no início daquele ano.
Acho que minha geração não se preocupa muito com a queda do muro. A gente mal se lembra do comunismo e de como era a vida antes de 1989. Captamos a importância do acontecimento a partir das aulas de história, do mesmo modo como aprendemos sobre a 2a Guerra Mundial.”
(Reportagem de Marton Dunai e Gergely Szakacs em Budapeste, Robert Mueller em Praga, Sophie Hardach em Paris, Catherine Bosley e Kylie MacLellan em Londres e Gabriela Baczynska em Varsóvia)

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR