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Seleção portuguesa: Neuchâtel depois de Viseu

Muita gente para ver os treinos, poucos escollhidos. swissinfo.ch

Antes de chegar a Neuchâtel neste domingo para os últimos preparativos, a seleção portuguesa passou treze dias em Viseu, no coração de Portugal, como dizem os viseenses.

Houve muito entusiasmo e até tumulto para assistir aos treinos no início do estágio, mas depois as coisas se organizaram melhor.

A escolha de Viseu foi elogiada publicamente pelo técnico Luis Felipe Scolari e depois confirmada pelo próprio diante da imprensa: “tenho feito minhas caminhadas por aí e vocês estão de parabéns; raramente se vê uma cidade tão limpa e organizada”, disse Felipão durante uma coletiva na sala de imprensa do Fontelo, estádio municipal de Viseu.

A seleção portuguesa fez treze treinos em Viseu, seis deles abertos ao público, e um em Tondela. O primeiro deles foi o mais emocionante para os viseenses. A Câmara Municipal havia distribuído menos de dois mil convites, mas havia muito mais gente nas imediações, a reclamar. O estádio foi aberto e quase oito mil pessoas aplaudiram seus ídolos. Posteriormente, o público foi realmente limitado aos convites. Os descontentes tiveram de conformar-se.

Por que Viseu?

A cidade de aproximadamente cem mil habitantes estava entre as candidatas para o Euro 2004, em Portugal. Preparou-se para isso, mas foi preterida. Continuou a melhorar sua infra-estrutura e suas instalações esportivas e obteve a organização do Mundial Sub 17, em 2003, e Portugal foi campeão. Naquela equipe estavam João Moutinho e Miguel Veloso, que agora estão entre os 23 escolhidos por Scolari.

Durante as eliminatórias para o Euro 2008, Viseu candidatou-se a vários estágios da seleção e desta vez foi escolhida. O estágio em Viseu nada custou à Federação Portuguesa de Futebol.

O alojamento no melhor hotel da cidade, o Montebelo, propriedade como outros do grupo Visabeira, foi oferecido gratuitamente. A Secretaria de Turismo participou das despesas, estimadas em 200 mil euros por um jornalista radicado em Viseu há dez anos, sem contar o impressionante sistema de segurança.

Em contrapartida, delegações da seleção visitaram hospitais e outras instituições.

Entusiasmo e pessimismo

Durante o trajeto do hotel ao estádio do Fontelo, os jogadores puderam ver casas decoradas, faixas nas ruas e jovens vestidos e maquiados com as cores de Portugal. Nuno Gomes, o primeiro na lista dos cinco capitães designados por Felipão, agradeceu o apoio em nome de todos.

Funcionários dos hotéis afirmavam que a presença da seleção trará benefícios para o turismo, embora um estudo feito em 2007 em 76 cidades portuguesas tenha concluído que Viseu tem a melhor qualidade de vida de Portugal.

Existem também viseenses – quase todos transformados em técnicos de futebol – pouco entusiastas com as possibilidades da seleção. Um motorista de táxi declarou à swissinfo “que os portugueses são muito acomodados e estão a pensar mais no dinheiro que ganham nos clubes do que na seleção”.

Provocado pela questão, o dono de um dos restaurantes mais típicos e conhecidos da parte histórica de Viseu – A Casa dos Queijos – veio sentar-se à mesa. Já era tarde para o almoço, muito cedo para o jantar e os clientes raros. Fez grandes análises enquanto vociferava para a cozinha e concluiu que “não temos jogadores suficientes para ganhar o Euro”. Deve ter gostado da conversa porque ofereceu “um cheirinho” depois do café, energia para enfrentar as ruelas e escadas milenares de Viseu.

swissinfo, Claudinê Gonçalves

Viseu está associada à figura de Viriato, já que se pensa que este herói lusitano tenha talvez nascido nesta região. Depois da ocupação romana na península, seguiu-se a elevação da cidade a sede de diocese, já em domínio visigótico, no século VI.

No século VIII, foi ocupada pelos muçulmanos, como a maioria das povoações ibéricas e, durante a Reconquista da península, foi alvo de ataques e contra-ataques alternados entre cristãos e muçulmanos. De destacar a morte de D. Afonso V de Galiza e Leão rei de Leão e Galiza no cerco a Viseu em 1027 morto por uma flecha oriunda da muralha árabe (cujos vestígios seguem a R. João Mendes, Largo de Santa Cristina e sobem pela R. Formosa).

A reconquista definitiva caberia a Fernando Magno, rei de Leão e Castela depois de assassinar em 1O37 o legítimo Rei Bermudo III (filho de Afonso V) vencedor da batalha de Cesar em 1035 (segundo a crónica dos Godos).

Fonte: Wikipédia.pt

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