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Selecção suíça de orientação prepara mundial em Portugal

Da esquerda para a direita: Florian Howald, Patrick Thoma, Sarina Jenzer, em Portugal Luiz Guita / swissinfo.ch

Atletas da Selecção de Orientação Júnior da Suíça estiveram em estágio em Portugal. Apesar de ter quase um século, a orientação é um desporto pouco conhecido.

O objetivo era tirar proveito das excelentes condições que Portugal oferece em termos de terreno e clima, e assim criar uma selecção ainda mais competitiva, foram os objectivos estabelecidos.

No próximo mundial, que se disputa na Polónia, em julho, 12 jovens vão constituir a Selecção Júnior suíça. Em Portugal, as regiões de Figueira da Foz e Portalegre funcionaram como o tubo de ensaio que os dirigentes helvéticos elegeram para testar e fazer evoluir um conjunto de 19 atletas que, num futuro próximo, podem vir a representar a Suíça na elite da Orientação. (Conheça as regras na coluna ao lado).

Formar atletas mais competitivos

Quando em Outubro passado foi feito o planeamento da época 2011, a escolha de Portugal como país de estágio surgiu de uma forma natural.


Para o treinador responsável pelos juniores suíços, Patrick Thoma, o estágio em Portugal acontece porque no país “existe um piso muito interessante para treinar.” Com um tipo de relevo “com muitos detalhes, que tornam a orientação difícil. São condições que não temos na Suíça. Por isso, quisemos treinar os atletas para que eles consigam lidar com diferentes tipos de terreno. O que lhes permite serem mais flexíveis e mais competitivos no futuro. E, é sempre bom ter dias de sol e calor.”


Permitir o contacto com dois ambientes completamente diferentes, e assim alargar as experiências, levou a que os dez dias de treinos, que no mês de abril realizaram em Portugal, fossem divididos por duas regiões distintas. Numa primeira fase, em Quiaios, Figueira da Foz, e posteriormente no Crato, Portalegre.


Patrick Thoma, esclarece: “Na Figueira da Foz a maior parte do terreno é plano, então temos de ser muito precisos com a bússola Temos de escolher a direcção com muita atenção e ser precisos na corrida.” O Crato “é uma zona com mais rochas, onde se consegue ver a grande distância, onde se pode fazer a orientação de uma outra forma.”

Sarina Jenzer e Florian Howald são dois nomes fortes entre os juniores suíços Reconhecem que se tornaram atletas mais completos graças aos novos desafios que enfrentaram em Portugal e  vão guardar na memória as paisagens únicas que descobriram.

Para Sarina Jenzer, o estágio em Portugal permitiu um treino “completamente diferente,” uma vez que na Suíça “não existe zona de costa e não há este tipo de vegetação.”

Florian Howald, revela que foi rápido adaptar-se ao terreno, “mas é outro tipo de relevo onde a orientação é mais dificil.” O que permitiu “ aprender e desenvolver capacidades.”

Lausana e o Mundial de 2012

A cidade suíça de Lausana vai receber o Mundial de Orientação de 2012. Ao nível sénior, na competição feminina é a super campeã Simone Niggli, que neste momento se encontra grávida, a grande esperança da Suíça para a conquista das medalhas de ouro na elite da orientação mundial.

Na seleção masculina, são vários os atletas que podem fazer subir as cores da Suíça ao ponto mais alto do pódio: Daniel Hubmann,  Matthias Merz, Matthias Muller e Fabian Hertner estão entre aqueles que podem ser numero 1 em Lausana.

Sarina e Florian no próximo ano atingem a idade de sénior, mas consideram que a participação na Seleção suíça no Mundial de Lausana, dado a forte concorrência no seio da elite suíça, muito provavelmente terá de ser adiada.

Para Sarina, com “tantos atletas sénior em boa forma”, pensar em estar entre as selecionadas para Lausanne “é pouco realista,” e afirma: “Eu acho que estarei lá, mas como espectadora é claro.” (risos)

Na vertente masculina “há tipos que são muito duros”, por isso Florian também espera vir a “desfrutar da competição enquanto espectador”.  Concluindo com humor: “Quem sabe se daqui a 10 anos não vai haver novamente um campeonato mundial na Suíça? Talvez aí!”

Segundo o treinador Patrick Thoma, a presença de Sarina e Florian, enquanto seniores, no Mundial de Lausanne não vai ser fácil: “No lado masculino vai ser muito difícil, porque a equipa masculina é muito forte. E também vai ser muito difícil no lado feminino. Por isso, não digo que não, mas acho que vai ser difícil”

Alentejo no caminho da Orientação  

Simone Niggli venceu as quatro últimas edições do Portugal O’Meeting, a mais importante prova de Orientação Pedestre que se realiza no país. Em 2011 o evento realizou-se no Alentejo, numa parceria entre o Grupo Desportivo 4 Caminhos, as Câmaras Municipais do Crato, Portalegre, Alter do Chão e a Federação Portuguesa de Orientação. 

Ponto de encontro dos atletas da elite mundial, em 2011 o Portugal O’Meeting reuniu “cerca de 1800 atletas, dos quais aproximadamente 1200 são Estrangeiros,” revelou o vereador da Câmara Municipal do Crato, Fernando Gorgulho.

Um evento em relação ao qual o vereador faz um balanço “extremamente positivo, porque poucas são as modalidades que conseguem reunir cerca de 1800 atletas.” Além de que, “a participação das equipas portuguesas, que começam a aderir a esta modalidade, com particular destaque para o Grupo Desportivo 4 Caminhos e o Gafanhori, sedeado em Arraiolos, começa a ter relevância.”

O enquadramento paisagístico e as excelentes condições naturais, o tipo de piso e vegetação não agressiva, são elementos que, aliados a uma boa base cartográfica e às boas condições climatéricas de Portugal, fazem o Vereador dizer que “não é por acaso” que acontece a escolha do Crato como palco de treino de equipas e seleções.

A Orientação surgiu em finais do século XIX nos países escandinavos e as suas raízes estão diretamente relacionadas com a instituição militar. Como desporto começou a dar os primeiros passos em 1912, pela mão do Major e líder escoteiro sueco Ernst Killander.

Atrai milhares de praticantes, de várias idades, em todo o mundo e tem como objetivo principal  percorrer uma determinada distância através de terreno desconhecido, recorrendo a um mapa e uma bussola.

 Na partida, cada praticante recebe um mapa onde estão marcados os pontos de contolo, onde o praticante comprova a passagem por cada ponto. 

 A escolha do itinerário entre cada ponto de controlo é do praticante. Cada ponto é uma meta e, simultaneamente, a partida para um novo desafio. A velocidade de movimento tem que ser acompanhada pela velocidade de raciocínio para ler o mapa, interpretar a relação entre mapa e terreno, e decidir qual o melhor caminho a seguir.

– Sprint: Aproximadamente 12 minutos de corrida. Normalmente acontece em pequenas aldeias ou áreas de parqueamento. É tudo muito veloz e as decisões têm de ser tomadas de forma muito rápida.

– Meia-distância: Corrida de aproximadamente 35 minutos na elite sénior do Campeonato do Mundo. Prova muito rápida, onde a orinetação é bastante dificil. A maioria das vezes é em zonas muito dificeis e os pontos de controle também são dificeis.

– Longa-distância: Nos séniores é de aproximadamente 90 minutos e nos júniores é entre 62 e 75 minutos. Há uma grande quantidade de escolhas dificeis a fazer sobre a melhor direcção a tomar.

Lisboa

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