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Senado aprova crédito de 12 bilhões ao FMI

Hans-Rudolf Merz, presidente da Confederação Helvética e ministro das Finanças, no Senado federal. Keystone

A maioria dos senadores suíços apóia o crédito extraordinário de 12,5 bilhões de francos (US$ 11,4 bilhões) para o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O crédito servirá para ajudar países pobres a enfrentar a crise mundial, uma decisão que deverá fortalecer a posição da Suíça dentro do organismo internacional.

“Com o crédito, a Suíça pode prestar uma ajuda importante ao fortalecimento do sistema financeiro internacional. Somos um país exportador, com poucas matérias-primas e que vive, em primeiro lugar, da venda no exterior de produtos de qualidade. Por isso, está no nosso interesse que os mercados financeiros continuem estáveis”, defendeu o ministro das Finanças, Hans-Rudolf Merz, no Senado Federal.

Seguindo os argumentos de Merz, o Senado aprovou por 28 a favor, 4 contra e cinco abstenções, a conceção de uma contribuição extraordinária de 12,5 bilhões de francos ao FMI, uma proposta já defendida pelo governo federal pouco após o encontro dos G-20.

Em Londres, os dirigentes dos países mais ricos e principais nações emergentes do planeta decidiram aumentar de 250 bilhões para 1 trilhão de dólares os créditos concedidos às instituições de Bretton Woods com vista à superação da mais grave crise econômica que atravessa o mundo desde a primeira metade do século passado.

Os recursos suplementares serão afetados, em particular, à estabilização do sistema financeiro internacional, às medidas de recuperação econômica e ao apoio dos países ameaçados de falência. Foi assim que a Hungria, Ucrânia, Romênia, Sérvia, Islândia e México pediram nos últimos meses ajudas importantes ao FMI.

A Suíça na lista “cinza”

Uma melhora rápida da situação financeira dos países em dificuldade e da situação financeira em geral só pode ser favorável à Suíça, que também sofre as conseqüências negativas do recuo do comércio internacional. Segundo as últimas previsões do FMI, publicadas na quarta-feira (27 de maio), o PIB suíço deve sofrer este ano uma queda de 3% em relação a 2008.

Anunciada em 5 de abril, a decisão do governo suíça de contribuir com um acréscimo suplementar aos fundos do FMI provocou fortes críticas internas. Ela foi publicada logo depois do encontro do G-20, que deixou um gosto amargo a vários representantes do mundo político e econômico helvético.

Sem ter sido convidada a Londres, a Suíça foi muito criticada pelas grandes potências mundiais, que partiram em guerra contra a evasão fiscal. Apesar das concessões feitas anteriormente na questão do sigilo bancário, o país terminou sendo colocado na lista “cinza” dos paraísos fiscais.

Críticas

Esses sentimentos vieram à tona durante o debate de quarta-feira no Senado federal. “Esse sacrifício financeiro não é nem suportável ou justificável, depois de todos os ataques, difamações e acusações infundadas que a Suíça sofreu nos últimos meses por parte dos grandes países”, declarou o senador This Jenny, da União Democrática do Centro.

Para seu colega de partido, Maximilian Reimann, antes de pagar qualquer centavo, a Suíça deveria clarear suas relações com o G-20. “Segundo as estatísticas do FMI, a economia suíça está na 13ª colocação mundial. E o G-20 não quer nos convidar. Não podemos participar, não podemos decidir, mas quando se trata de pagar, somos então bem-vindos”, protestou.

Reforçar a posição no FMI

As críticas foram refutadas por Hans-Rudolf Merz. Segundo o ministro das Finanças e atual presidente suíço, o crédito permitirá ao país de manter um papel de decisão dentro do FMI e reforçar a imagem da Suíça, cujo setor financeiro atravessa uma grave crise.

Essa visão é compartilhada pelo senador liberal Dick Marty. Para ele, “nossa responsabilidade de ajudar em uma situação de urgência contribuirá a consolidar a posição do país no conselho executivo do FMI.”

O crédito extraordinário – que deve ainda ser aprovado pela Câmara dos Deputados – só será transferido ao FMI se este encontrar-se em penúria financeira. Até hoje, todos os créditos do governo cedidos ao organismo internacional foram reembolsados.

Armando Mombelli, swissinfo.ch

O Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) são instituições criadas dentro do acordo de Bretton Woods de 1945.

O FMI se ocupa, antes de tudo, da cooperação monetária, estabilidade financeira e da prevenção de crises econômicas.

O FMI tem 185 países-membros. Cada um contribui ao capital da instituição em proporção ao seu peso econômico. Esse peso também é levado em conta durante as votações internas do órgão.

A Suíça aderiu às instituições de Bretton Woods em 1992, após um plebiscito popular.

Para poder ter representação no conselho do FMI e do Banco Mundial, a Suíça se aliou a pequenos países, cujos interessesdos ela igualmente representa.

Esse grupo, denominado “Helvetistão”, compreende os seguintes países: Polônia, Sérvia, Montenegro e cinco antigas repúblicas soviéticas da Ásia central. Seu peso é de 2,79% de votos, enquanto só a Suíça já representa 1,57%.

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