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Sindicatos querem aposentadoria de três mil

Vida na Suíça é cara para quem tem baixa aposentadoria. Keystone

União Sindical Suíça (USS) sugere mudança do sistema de previdência para que todos os suíços tenham direito a uma aposentadoria mínima de três mil francos. Mudança é possível através de reforço da aposentadoria básica.

Sindicalistas deploram que metade dos aposentados na Suíça viva nos limites da pobreza.

O sistema de aposentadoria helvético é considerado um dos melhores do mundo. Na Alemanha, onde o rombo nos caixas da previdência não pára de crescer, especialistas discutem mesmo se não seria uma boa idéia adotá-lo.

Na Suíça o trabalhador não conta apenas com uma fonte, mas sim duas: a primeira, mais conhecida como 1o pilar, é o seguro básico para todas as pessoas que residam ou trabalham na Suíça. Ela é baixa, mas garante que ninguém deixe de ter renda no momento de atingir a idade de abandonar o batente.

A segunda base é a previdência profissional, o chamado 2o pilar, que segura todos os empregados a partir dos 25 anos de idade e cujo salário anual atinja o limite mínimo de CHF 19.350. Ela complementa a renda e garante o conforto atual do aposentado helvético.

Pobreza na velhice

Para as faixas de baixa renda da população o sistema previdenciário é injusto, como explica Pierre Gilliand, professor da Universidade de Lausanne. “Metade dos aposentados na Suíça vive com menos de três mil francos por mês. Um entre quatro têm de se virar com menos de dois mil”.

O acadêmico e outros especialistas foram engajados em 2002 pela União Sindical Suíça (USS) para apresentar propostas de reforma. Agora elas são publicadas e, se aceitas, poderão até revolucionar o sistema previdenciário do país.

As reformas são baseadas no fato de que as aposentadorias pagas no 1o pilar não suprem as necessidades básicas como moradia, alimentação, saúde e lazer. “Muitas desigualdades são até agravadas no momento em que uma pessoa pára de trabalhar”, afirma Pierre Gilliand.

Seus cálculos mostram que assalariados de baixa renda – mulheres na sua maioria – aproveitam pouco ou quase nada do 2o pilar (previdência profissional), pois pouco contribuíram. “E o chamado 3o pilar, planos privados de aposentadoria, são um privilégio reservado apenas às pessoas de renda elevada”.

Distribuição ao invés de capitalização

Concretamente o modelo preparado pelos especialistas prevê um reforço do sistema de distribuição (1o pilar) em detrimento do sistema de capitalização (2o pilar). A mudança permitiria o pagamento da aposentadoria mínima de três mil francos por pessoa e 4.500 para casais.

Tecnicamente o modelo iria reduzir as grandes diferenças das aposentadorias do 2o pilar, que podem variar entre 1.500 e 2.500 francos.

Além disso, a idéia é fazer com que os grupos de baixa renda também possam se beneficiar dos caixas da previdência profissional. O resultado global: o sistema de 2o pilar iria cobrir 72% das aposentadorias e não apenas 62%, como ocorre hoje em dia.

Os custos suplementares do modelo proposto são estimados em 4,7 bilhões. E quem vai pagar a conta?

Especialistas como Otto Piller, ex-diretor do Departamento Federal de Seguro Social, acreditam em soluções. Uma delas poderia ser o fim de incentivos fiscais para os planos de previdência privada, que só beneficiam os grupos de renda elevada. “Os custos suplementares não irão passar de 1% do PIB, o que pode ser considerado suportável apesar da previsão de taxas mínimas de crescimento nos anos futuros”.

Aposentado também consome

Otto Piller, que também já foi senador pelo Partido Socialista Suíço, calcula que o país terá futuramente mais de 1,6 milhões de aposentados. Seu poder aquisitivo também deve ser levado em consideração para o mercado interno e o crescimento econômico.

Pensando nesse grupo, membros da União Sindical Suíça já anunciam que pretendem lançar uma iniciativa popular sobre o sistema previdenciário, onde o plano apresentado pelos especialistas estará incluído. Se o número mínimo de assinaturas for recolhido, a proposta irá para as urnas.

swissinfo com agências

O modelo proposto pelo grupo de especialista reivindica uma aposentadoria básica de três mil francos (US$ 2.472) para todos os beneficiários do sistema previdenciário suíço (AVS, na sigla em francês).

O aumento das aposentadorias seria possível diminuindo-se a variação entre a aposentadoria máxima e mínima.

Outro meio de melhorar a situação dos aposentados na Suíça: as pessoas com rendas baixas receberiam uma ajuda complementar.
Fundamentalmente, o modelo proposto pelos especialistas do sindicato prevê reforçar o sistema de distribuição (1o pilar) em detrimento do sistema de capitalização (2o pilar).

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