The Swiss voice in the world since 1935

Cresce medo do bioterrorismo

Uma remoção de envelopes suspeitos em Melbourne, Austrália Keystone

O receio do bioterrorismo se alastra dos EUA ao mundo. A Europa inquieta-se. E na Suíça foram assinalados 2 casos suspeitos.

Nos Estados Unidos, 12 pessoas, incluindo o líder da bancada democrática do Senado, Thomas Daschle, receberam cartas com bacilo de antraz, a doença do carbúnculo, que geralmente ataca o gado bovino e carneiros.

Na França 55 pessoas estão sob observação depois de receber pelo correio misterioso pó branco. Também outros países tomam precauções. Sem saber realmente se se trata de falso alerta. Mas mesmo os Estados Unidos hesitam em relacionar os casos registrados no país com o ataque terrorista de 11 de setembro.

Casos na Suíça

Mas sendo ou não de origem terrorista, também a Suíça foi contaminada pelo medo de bactérias que podem ser fatais. Em Basiléia um empregado do laboratório farmacêutico Novartis recebeu um convite contendo um pó suspeito. Não se deu imediatamente conta de eventual perigo e jogou tudo no lixo. Ele está agora em tratamento preventivo e os resultados de laboratório são esperados para sexta-feira.

Também foi assinalado envio postal a um dos habitantes da cidade, que pode ter origem criminosa. Nesse caso, o pó foi conservado e resultados de análise devem sair 48 horas depois. Mas os primeiros indícios são de que a probabilidade de analogia com os Estados Unidos seja muito fraca.

Medo é real

A exemplo do que vem acontecendo em outros países, desde que se tomou consciência dos casos de antraz, nos Estados Unidos, a polícia suíça recebeu instruções sobre como enfrentar casos suspeitos. Desde quinta-feira 11/10, um telefone especial informa sobre perigos de armas bacteriológicas e químicas que são bastante utilizadas. E as chamadas (telefone 033 – 228 16 29, do laboratório militar de Spiez, interior do Cantão de Berna) já eram mais de 200 no início da semana.

Agentes perigosos

Além do carbúnculo, as armas biológicas podem disseminar agentes que provocam o botulismo, a peste e a varíola. Mas segundo funcionário do serviço de informação do laboratório de Spiez (Mathias Stadelmann), a Suíça dispõe de “todos os medicamentos necessários”.

Por seu lado, o médico suíço Ignazio Cassis (do Cantão de Ticino) afirma: “Para combater eficazmente essas doenças, os antibióticos não bastam. Em caso de epidemia de antraz, somente 10% dos casos podem ser tratados com penicilina. Os outros são mortais”.

O problema da vacina

O mesmo médico garante que ocorre o mesmo com a varíola. Para barrar uma epidemia seria preciso vacinar as pessoas vulneráveis. O problema é que não existe reserva de vacina, nem contra a varíola, nem contra o antraz.

É bom lembrar que depois de ter oficialmente erradicado a varíola, a Organização Mundial de Saúde recomendou, em 1980, a todos os países que parassem com a vacinação. E hoje não existem vacinas… A constatação dos especialistas é de que seria, portanto, difícil enfrentar uma epidemia.

Variedade de antraz

O bacilo que provoca o antraz, mais conhecido como carbúnculo, tem 3 formas:
Antraz pulmonar, o mais perigoso. No início parece um resfriado, mas provoca em seguida graves problemas respiratórios, podendo matar em 24 horas.

Antraz gastro-intestinal que pode acontecer após ingestão de alimentos contaminados. Provoca lesões intestinais, com índice elevado de mortes.

Antraz cutâneo em que as bactérias penetram no organismo através de lesões na pele. É a menos perigoso.

Não esquentar a cabeça

Especialistas lembram que entre os vírus, o antraz é o mais fácil de utilizar porque é estável. A doença não é contagiosa. E até o momento matou apenas uma pessoa, nos Estados Unidos.

Na Suíça, as autoridades não decidiram produzir ou utilizar vacinas. A atitude é de esperar para ver como fica. E principalmente informar a população para evitar medo e pânico.

swissinfo

Mais lidos

Os mais discutidos

Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!

Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR