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Novo teste identifica risco de antrax

Perigo mortal: bactérias do antrax vistas em microscópio. Keystone

Pesquisadores suíços anunciam a criação de uma nova técnica de detecção do antrax, a doença infecciosa aguda causada pelo Bacillus anthracis.

O novo método seria mais simples e acurado do que os já empregados e poderia ser utilizado para detectar esporos, que também podem ser utilizados por terroristas em ataques biológicos.

Um mês após o atentado de 11 de setembro de 2001, outro ataque traz pânico e morte para os Estados Unidos. Diversas cartas contaminadas com antrax, uma doença infecciosa aguda causada pelo Bacillus anthracis, bactéria que pode ser transmitida em forma de esporos pelo ar, são enviadas por terroristas a vários jornais e políticos. Cinco pessoas morrem depois de ter tido contato com o material.

O cenário de terror não ficou apenas restrito aos EUA. Também na Suíça o medo de contaminação foi grande. Apenas no cantão de Zurique, as forças policiais foram acionadas em 180 alarmes de suspeita de antrax. Em todos os casos, o pó encontrado se revelou inócuo para a saúde humana.

Para as autoridades sanitárias, o maior problema foi o tempo gasto para a analisar o material. Essa situação não era confortável para a população amedrontada, sobretudo quando foi informada que apenas entre cinco a dez mil esporos do antrax são suficientes para provocar a morte em até 48 horas, caso a pessoa não seja levada a um hospital.

Cientistas procuram solução

O risco do terrorismo aumentou a procura por métodos de detecção mais rápidos e confiáveis. Cientistas no mundo começaram a trabalhar na pesquisa de novos métodos, incluindo também na Suíça.

A equipe, coordenada pelo pesquisador Peter Seeberger do Laboratório de Química Orgânica da Escola Politécnica de Zurique (ETH, na sigla em alemão) e formada por outros cientistas do Instituto Tropical Suíço e da Universidade de Berna, conseguiu desenvolver um anticorpo, capaz de reconhecer os esporos específicos do antrax. O trabalho acaba de ser publicado numa revista acadêmica “Angewandte Chemie” (Química Aplicada).

Desvendando o quebra-cabeças

Há pouco cientistas americanos identificaram na superfície dos esporos de antrax um poli-açúcar, denominado “anthrose”. Este parecia ser apenas encontrado nas bactérias do antrax e não em outras da mesma família. A equipe de Peter Seeberger tentou então fabricar uma quantidade maior do açúcar, uma ação que terminou sendo bem sucedida graças a um novo método.

Depois os pesquisadores suíços uniram o açúcar com as proteínas transportadoras. A razão: o sucesso de uma resposta do sistema imunológico com a produção de anticorpos só seria possível através de grandes estruturas moleculares. Essa união foi então injetada em ratos de laboratório.

Os animais imunizados começaram então a produzir anticorpos. Estes só reagem a uma estrutura específica – no caso com a presença de “anthorse”.

“Como o novo teste é possível identificar esporos do antrax em cinco a dez minutos. É muito importante você ter uma resposta rápida”, declara Peter Seeberger à swissinfo. O método, que também foi patenteado pela ETH, poderia ser colocado em pequenos estojos como os já utilizados pelos correios americanos. “Porém ainda precisamos avaliar o emprego comercial do teste”.

Objetivo é desenvolver vacina

Os anticorpos não servem apenas para diagnóstico. Eles podem também ser injetados para bloquear bactérias do antrax através da chamada “imunização passiva”. “Em primeiro lugar queremos testar uma vacina ativa nos seres humanos”, declara Seeberger ao jornal da ETH. Com a anthrose sintética unida com a proteína portadora, o pesquisador já teria criado a base de uma vacina.

O interesse por ela é grande. Funcionários vacinados dos correios poderiam tocar sem problemas uma correspondência contaminada com esporos do antrax. Também militares poderiam utilizar o método contra armas biológicas.

swissinfo com agências

– Nos últimos anos aumentaram em todo o mundo os riscos de ataques terroristas com armas biológicas.

– O governo suíço tomou medidas para proteger a população.

– Uma delas foi a criação de um grupo de emergência, capacitado para atuar caso ocorra um incidente.

– Nos últimos vinte anos, apenas dois casos de antrax foram registrados na Suíça.

O Carbúnculo, antraz ou ainda antrax é uma doença infecciosa aguda provocada pela bactéria Bacillus anthracis e a sua forma mais virulenta é altamente letal.

O Carbúnculo é uma doença comum dos animais herbívoros, quer dos selvagens quer dos domésticos, mas também pode afetar os seres humanos que sejam expostos a animais infectados, tecidos de animais infectados ou elevadas concentrações de esporos de carbúnculo.

O contágio com carbúnculo disperso no ar pode ser evitado com uma máscara. As infecções através da pele podem ser evitadas por lavagem com água e sabão, desde que a pele não possua feridas. A dose letal de carbúnculo é de 10 000-20 000 esporos.

A bactéria do carbúnculo mata através de uma toxina. A virulência de uma variedade de carbúnculo depende da capsula que a envolve e da toxina. Ambos são afetados por fatores genéticos. Os esporos podem sobreviver no solo durante anos.

O carbúnculo pode ser facilmente obtido a partir de animais que morreram da doença.O antrax é raro nos países desenvolvidos, mas comum nos subdesenvolvidos.

A cultura de esporos de carbúnculo é extremamente fácil. Um estudante de microbiologia pode fazê-lo com equipamentos muito simples. Mas a produção de carbúnculo sob a forma de aerossol, a forma mais apropriada para a guerra biológica, necessitaria de equipamentos sofisticados e pessoal altamente qualificado. (fonte: Wikipédia)

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