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Decreto do governo do Rio de Janeiro declara Nova Friburgo “cidade suíça”

Grupo folclórico suíço se apresentando em Nova Friburgo
Grupo folclórico suíço se apresentando durante o evento "Cadima Origens" em Nova Friburgo. swissinfo.ch

A menos de um ano de completar dois séculos de sua fundação, a cidade brasileira de Nova Friburgo, criada em 1818 por imigrantes suíços no Rio de Janeiro, ganhou oficialmente o status de "cidade suíça". 

No dia 1º de setembro, o governador do Estado, Luiz Fernando Pezão, sancionou a leiLink externo que declara Nova Friburgo a “Suíça Brasileira”. O anúncio aconteceu a 257 dias do aniversário de 200 anos da cidade.

O decreto é mais um reconhecimento oficial da histórica relação da Suíça com o Rio de Janeiro e o Brasil. Nova Friburgo foi a única cidade brasileira criada por decreto real pelo rei de Portugal, Dom João VI, após a chegada da família real portuguesa ao país em 1808.

“A história de Nova Friburgo está diretamente ligada à imigração suíça. Uma história que já tem quase 200 anos. As primeiras famílias que ocuparam aquela região da Serra vieram da Suíça e formaram uma das mais belas e importantes cidades do estado do Rio de Janeiro. Nada mais justo, portanto, do que homenagear Nova Friburgo com o título de Suíça Brasileira”, disse o governador a swissinfo.ch.

Também em conversa exclusiva com a swissinfo.ch, o prefeito de Nova Friburgo, Renato Bravo, comemorou o decreto: “Nova Friburgo sempre foi a Suíça Brasileira. Essa característica é histórica. Nós fomos os primeiros a receber imigrantes suíços e a presença da Suíça pode ser percebida em vários pontos da cidade”.

Os laços são de sangue, mas é claro que a economia também é uma das razões do decreto. Autor do projeto de lei que resultou na declaração oficial da cidade como a “Suíça Brasileira”, o deputado estadual Samuel Malafaia (PSD) imagina que estreitar as relações com a Suíça poderá ajudar a revitalizar tradicionais polos de produção de Nova Friburgo: “Há espaço para projetos e parcerias nos setores têxtil e metalomecânico”, diz o parlamentar.

Para Renato Bravo, a Suíça pode servir também como exemplo: “Temos como prioridade promover o bem-estar e o desenvolvimento socioeconômico sólido para os friburguenses. São por essas características que a Suíça é considerada uma das nações mais prósperas do mundo. Aprender com essas características é o principal legado a ser consolidado”, afirma o prefeito.

Bravo ressalta a importância do título oficial de “Suíça Brasileira” para a dinamização do turismo friburguense: “O mais importante dessa iniciativa para o turismo de Nova Friburgo é o que acontece em todos os destinos turísticos de sucesso no mundo inteiro. Quando a cidade é boa para seu cidadão, ela é boa para o turista, fica famosa por isso e consolida-se como é devido”.

Contrato histórico

A fundação de Nova Friburgo, primeiro como povoado, depois vila e cidade, foi resultado direto da política de boa vizinhança do Império Português com os povos germânicos. Motivado pela necessidade de obter apoio contra o Império Francês que então, comandado por Napoleão, ameaçava invadir Portugal, Dom João VI baixou em maio de 1818 um decreto que autorizava o agente do cantão suíço de Fribourg, Sebastien Nicolas Gachet, a estabelecer uma colônia no Brasil. O contrato falava na vinda de cem famílias suíças que se estabeleceriam na Fazenda do Morro Queimado, no distrito fluminense de Cantagalo, localidade de clima e características naturais mais próximas às da Suíça.

O contrato não foi respeitado ao pé da letra e, nos dois anos seguintes, segundo os dados do Arquivo Histórico, chegaram à Nova Friburgo 265 famílias suíças, em um total de 1.458 imigrantes que obtiveram terras doadas por Portugal. Na cidade há uma placa comemorativa que lembra o nome de duzentas famílias suíças pioneiras na região. Em maio de 1824, após assinatura de contrato semelhante, 80 famílias alemãs recém-chegadas ao Brasil, em um total de 456 pessoas, também foram assentadas em Nova Friburgo, completando o núcleo inicial de povoamento da cidade.

Comida e dança

Por conta da proximidade do aniversário de 200 anos da cidade, a edição deste ano do Cadima Origens, evento cultural e gastronômico que tem o objetivo de resgatar as origens de Nova Friburgo, tem a Suíça como maior atração ao lado de nove outros países. Haverá exposição de trajes e objetos dos colonizadores e apresentação de dança típica suíça, além de fondue, raclete e outros pratos típicos. O evento ocorreu de 13 a 17 de setembro.

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