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Suíça enfrenta maior seca de todos os tempos

Em Berna, o nível do rio Aare está particularmente baixo. Keystone

O outono extraordinariamente seco que predomina na Europa Central atrapalha transportes, fornecimento de energia, turismo e a vida aquática da Suíça.

O início do ano já foi particularmente seco. Agora, os efeitos negativos surgem um atrás do outro.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia da Suíça, MétéoSuisse, as chuvas registradas entre 1° de janeiro e 19 de novembro deste ano no oeste da Suíça e no Vale do rio Ródano são as mais baixas desde o início das estatísticas, em 1864.

A última chuva que caiu nessas áreas foi em 19 de outubro, revelou o instituto nacional suíço em um relatório sobre a seca publicado no final de novembro.

A seca atual é causada por uma zona de alta pressão estacionada sobre a Europa Central há semanas. Ela afasta o tempo instável vindo do Atlântico.

Chuva forte no Ticino

“Do ponto de vista hidrológico, a situação atual é excepcional”, indica Silvia Morf, da Secretaria Federal do Meio Ambiente (OFEV, na sigla em francês). No entanto, as diferenças regionais são grandes: no sul da Suíça houve fortes chuvas no início de novembro. “Mas, no Valais (sudoeste) e no norte do país, há regiões que não têm registado nenhuma gota de chuva”, diz a especialista.

Alguns rios e lagos estão agora mostrando níveis de água comparáveis aos de 1947, ou mesmo 1921. “Os lagos de Biel, Murten e Neuchâtel estão muito mais baixos do que deveriam estar em novembro. Junto com o lago de Zurique, eles estão quase batendo o recorde para o mês de novembro”, disse Silvia Morf.

Os lençóis freáticos também estão sendo prejudicados com a falta de chuva. “Nossa rede de estações de monitoramento mostra um déficit, especialmente no Jura (noroeste) e no planalto suíço”, explica a responsável.

Transporte fluvial mais caro

A empresa fornecedora de eletricidade Alpiq viu sua produção cair em 25% em suas hidrelétricas no Rio Aare, em relação ao mesmo período do ano passado. O nível dos rio no centro da Suíça e no norte, que tem abaixado drasticamente, é a causa. Outros fornecedores, tais como Forças Motrizes de Berna e Axpo, anunciam uma redução na produção de cerca de 20% em uma média de 10 anos.

No entanto, a situação é melhor nos lagos usados para armazenamento de água para o inverno. “As represas estavam cheias no final de setembro, início de outubro e nós podemos usar essa água para a produção invernal de energia”, garantiu o porta-voz da Alpiq, Andreas Meier.

Nem o Reno está sendo poupado. “O custo do transporte fluvial tem aumentado, já que as barcas não podem navegar totalmente carregadas de mercadorias por causa do baixo nível do rio”, explicou Nina Hochstrasser, da associação portuária de Basileia. A carga atual é de um terço da carga normal. Pelos três portos de Basileia circulam entre 10 a 15% de todas as mercadorias embarcadas para a Suíça.

Estações de esqui preocupadas

Nas montanhas, as estações de esqui espreitam o horizonte ansiosamente. O sol que não para de brilhar é sinal que os flocos de neve vão demorar a cair. Em muitos lugares como Andermatt e Davos, a abertura da temporada de inverno tem sido adiada. Para essas regiões, que já sofrem os reveses do forte franco com uma diminuição no turismo, o golpe é duro.

Apesar disso, MétéoSuisse lembra que a situação atual não permite fazer previsões sobre a neve que deve cair no inverno. Arosa é um bom exemplo. Em 2009, as pistas da estação dos Grisões (leste) ainda estavam verdes no final de novembro. No início de dezembro, a neve apareceu e permaneceu ideal durante todo o inverno.

Algumas organizações de proteção do meio ambiente também estão preocupadas sobre as consequências da atual seca. A truta, por exemplo, é uma espécie que corre risco se não conseguir nadar nos rios para atingir seus locais de desova.

A seca que ataca a Suíça neste outono é o segundo episódio de chuvas insuficientes em 2011.

De fevereiro a final de abril, as chuvas tinham sido excepcionalmente raras.

Para o período de 1° de janeiro a 19 de novembro, o Valais e a Suíça ocidental batem recordes de baixa desde que as medições começaram em 1864.

Os Alpes orientais e o Ticino (sul) são os menos afetados.

MétéoSuisse é um instituto ligado ao Ministério do Interior. Ele fornece previsões para a população, a administração e a economia.

O instituto emprega aproximadamente 350 pessoas. Cerca de 800 observadores não profissionais trabalham nas estações de medição.

O governo federal aloca metade de seu orçamento anual de 80 milhões de francos. O resto vem de serviços vendidos, principalmente ao setor aeronáutico.

Adaptação: Fernando Hirschy

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