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Suíça precisa de mais professores

Muitas escolas suíças já empregam professores estrangeiros para cumprir seu programa. pro juventute

A ameaça de escassez de educadores na Suíça tem assustado a Federação de Professores (LCH). Cada vez há mais alunos inscritos e menos instrutores atuando.

E as perspectivas não são lá animadoras, segundo previsão da LCH, cerca de um terço dos 100 mil professores empregados em escolas públicas no país vai se aposentar nos próximos 15 anos.

A alta demanda por profissionais de educação é devida as classes heterogêneas, ao aumento de pais que trabalham fora e aos encargos administrativos que subiram muito.

Em alguns Cantões, os assistentes de classe são a alternativa para o problema. Professores de tempo parcial, profissionais de áres afins e até mesmo leigos em pedagogia estão ajudando a suprir a falta de educadores.

Como a pluralidade cultural é uma característica marcante na Suíça, os trabalhadores da área de educação estrangeiros são muito bem-vindos. Cidadãos não europeus podem cursar a Universidade de Ciências Aplicadas do Noroeste da Suíça (UFHW), uma das mais procuradas neste campo de ensino. Só que isso depende da educação que eles tiveram antes.

“É preciso um diploma de acesso à universidade, que precisa ser verificado e confirmado como equivalente ao Ensino Médio suíço, a maturidade ginasial (Matura)”, explica Teia Fetescu, da Faculdade de Pedagogia. “Além disso, como um não falante nativo alemão, o candidato tem que provar o domínio perfeito da língua alemã, com o diploma C2 no idioma, para ser admitido”, completa.

Reconhecimento dos diplomas

Na Suíça, os principais responsáveis pela educação e cultura são os Cantões, que coordenam as atividades em nível nacional. O órgão institucional que cuida disso é a EDK (Conferência Suíça dos Ministros de Educação dos Cantões).

A EDK faz o que não pode ser realizado pelas cidades e regiões, inclusive reconhece os diplomas de estrangeiros, dando as diretrizes para todos os cursos de formação e todas as profissões reguladas pelos Cantões. A instituição faz o processo de reconhecimento dos diplomas, após consulta com as organizações e associações profisisonais diretamente envolvidas. Ela também pode verificar a duração do curso, as condições de acesso à formação, o conteúdo da educação e a qualificação dos professores.

Os Cantões garantem aos titulares de um diploma reconhecido, os mesmos direitos de acesso às profissões regulamentadas em nível cantonal. O acordo dos Cantões autoriza os estrangeiros, com diploma reconhecido, a participarem de suas escolas nas mesmas condições dos cidadãos nacionais, exceto no caso de eventuais restrições relativas à capacidade das escolas e às finanças das mesmas.

Estrangeiros atuando em Basel

Krishnasol Jimenéz é um bom exemplo de não europeu bem sucedido na área do ensino. O mexicano começou seus estudos musicais no Conservatório Nacional de Música de México, depois foi para a Espanha, no Conservatório Superior de Música de Alicante e no Real Conservatório Superior de Música de Madrid.

Em 2002 terminou seus estudos de Pós-graduação em Guitarra, com qualificação máxima, na Escola Superior de Música do Estado de Basel, na Suíça. Estudou instrumentos de corda pulsada na Escola de Canto Basiliense, obtendo o diploma desta especialidade.

Em 2007, Krishnasol recebeu o diploma de Professor, novamente pela Escola Superior de Música de Basel. Em três ocasiões recebeu bolsa de estudos de pós-graduação no exterior, do Fundo Nacional para a Cultura e as Artes (México), para dar continuidade ao desenvolvimento de seus estudos na Basileia.

O mexicano conta que para começar a dar aulas em Basel, ele teve primeiro que mandar um dossiê com uma carta de apresentação, currículo e cópias dos diplomas necessários para ocupar a vaga. Depois foi selecionado para entrevista com jurado, além disso, teve que dar uma aula de 25 minutos e tocar 10 minutos de obras de sua própria escolha.

Como Krishnasol tem diplomas de Professor Superior e de Solista, que é um requisito estritamente necessário para entrar numa Escola de Música, ele atualmente dá aulas na Escola de Música de Basel e lembra que não foi fácil obter esta vaga de trabalho.

“Há muita gente que se apresenta para um lugar como esse. Em qualquer caso, é um dos espaços que oferece mais possibilidades, por estar integrado ao mesmo complexo arquitetônico que a Escola Superior de Música e a Escola de Canto Basiliense”, pondera. O músico já falava alemão quando foi contratado, neste caso, um pré-requisito, pois as aulas são ministradas nesta língua.

Outro exemplo é o da brasileira Valeria Schmid, que desenvolve um belo trabalho com crianças, também em Basel. Ela leciona Língua Portuguesa na Associação Brasileira de Educação e Cultura (ABEC), uma instituição que auta em nível nacional, na Suíça, em todos os Cantões.

A pedagoga trabalha com turmas de 1a. a 4a. séries, de filhos de famílias de brasileiros que vivem ou viveram na França, Itália e Alemanha. Ela justifica a validade de seu trabalho: “Nem todas as famílias falam a língua materna, algumas não sabem entender ou escrever. E as aulas são dadas de forma lúdica, para que as crianças não fiquem entediadas e para evitar a febre de papel.”

Valeria explica que, no seu caso, foi exigido o diploma de licenciatura em Pedagogia e o visto de residência oficial no país. Também foi necessário mostrar intimidade com a língua alemã. Ela está contratada desde agosto, ainda não fez o teste, mas revela que em breve será avaliada nesse quesito.

Como sua habilitação é em Orientação Educacional, ela trabalha as necessidades de cada aluno individualmente. A professora atua em conjunto com psicopedagogos, motivando as crianças, descobrindo onde está o problema de aprendizagem, quando ele existe. Esse trabalho preventivo evita possíveis males como o bullying, infelizmente tão em voga hoje nas escolas.

A ABEC é uma associação sem fins lucrativos que tem, como objetivo principal possibilitar à criança e ao jovem residentes na Suíça e que possuam afinidades com o Brasil, o ensino da língua e cultura brasileiras, além de oferecer outros cursos que tenham como objetivo a extensão cultural e a integração Brasil-Suíça.

Ela conta atualmente com 21 classes em diversas cidades suíças e outras turmas vão se formando em diversos cantãos.

A ABEC se sustenta por recursos derivados da anualidade de seus associados, da taxa semestral dos cursos, de promoções de eventos, de doações e do trabalho voluntário. Está aberta a todas as pessoas físicas ou jurídicas que estejam interessadas na divulgação de seus objetivos. (Texto: site da Abec)

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