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Suíça e Alemanha têm relações estreitas e arranhadas

Couchepin e Merkel destacam "relações amistosas". Keystone

A briga envolvendo o aeroporto de Zurique causa muito barulho nas relações teuto-suíças, mas a política fiscal e o segredo bancário da Suíça dominaram a agenda da chancelar federal alemã Angela Merkel em Berna.

O número de imigrantes alemães na Suíça aumenta, o comércio bilateral cresce e também há cada vez mais pontos de atritos entre os dois países vizinhos.

“Eles vêm, dão uma olhada e ficam. A economia suíça vive um boom graças aos alemães – e cada vez mais eles são atraídos para a margem sul do Lago de Constança.”

Assim o semanário SonntagsZeitung, de Zurique, descreve a invasão pacífica dos alemães, que deixam seu país rumo ao suposto paraíso fiscal – a Suíça.

Entre 1995 e 2007, o número deles saltou de 90 mil para 201 mil – antes da Primeira Guerra Mundial eram 220 mil.

Nesta terça-feira, a chanceler federal alemã Angela Merkel faz sua primeira visita oficial à Suíça, onde ela costuma passar suas férias de fim de ano. Apesar das estreitas relações entre os dois países, a agenda da visita contém vários assuntos polêmicos.

A lista dos temas que geraram irritações e tensões nos últimos meses e anos é longa demais para as duas horas de reuniões entre Merkel, o presidente suíço, Pascal Couchepain, e mais três ministros suíços, avalia o jornal Finanz und Wirtschaft.

Paraíso fiscal



Uma das questões mais polêmicas são as críticas feitas por lideranças partidárias em Berlim à política fiscal suíça, que varia de cantão para cantão (estado) e oferece muitas oportunidades para quem quiser economizar impostos.

Essa política e o segredo bancário suíço foram os principais alvos de ataques disparados por Berlim contra Berna durante o recente escândalo de sonegação fiscal envolvendo alemães com conta em Liechtenstein. O ministro alemão das Finanças, Per Steinbrück, chamou a Suíça de “oásis fiscal”.

Berna não vê necessidade de qualquer negociação sobre essa matéria, argumentando que a tributação de aplicações financeiras de estrangeiros está regulamentada pelos acordos bilaterais do país com a União Européia.

Muito ruído por nada



Mais grave do ponto de vista suíço é a briga sobre a poluição sonora do aeroporto de Zurique. O assunto está em pauta desde 2001 e virou impasse em 2003, quando a Alemanha decidiu unilateralmente restringir os vôos noturnos e de fins de semana de aviões em rota de pouso em Zurique (veja link).

“Nessa questão, precisa-se de uma solução que contemple os interesses de toda uma região”, disse o porta-voz do Ministério das Relações, Lars Knuchel, à swissinfo.

Relações estreitas

Apesar da briga do aeroporto, os dois países mantêm intensas relações econômicas. O comércio bilateral atingiu no ano passado 103,4 bilhões de francos suíços, superando pela primeira vez a marca dos 100 bilhões.

No ano passado, a Suíça exportou o equivalente a 197,4 bilhões de francos, dos quais 41,2 bilhões de francos para a Alemanha (14,9% a mais do que em 2006).

Em 2007, as importações totais da Suíça foram de 184 bilhões de francos; quase um terço (para 62,2 bilhões de francos) veio da Alemanha, o que representou um crescimento de 12,9% em relação ao ano anterior.

A Alemanha é o país de onde a Suíça mais importa (33,9%), seguida pela Itália (11,1%) e a França (9,7%). O setor de serviços responde por 40% do volume de negócios entre os dois países. A Suíça é o nono maior fornecedor da Alemanha, respondendo por 3,9% das importações do vizinho ao norte.

swissinfo com agências

A Suíça e a Alemanha pretendem criar um grupo de trabalho conjunto para medir a poluição sonora decorrente do tráfego aéreo no aeroporto de Zurique.

A decisão foi anunciada pelo presidente suíço, Pascal Couchepin, e a chefe do governo alemão, Angela Merkel, após o encontro desta terça-feira (29/04), em Lohn, perto de Berna.

Depois de uma análise conjunta dos resultados, a Suíça apresentará uma proposta para resolver no curto prazo o problema, que gera atritos entre os dois países desde 2001.

Merkel ainda manifestou o desejo da Alemanha de intensificar a cooperação bilateral na área de tributação das aplicações feitas por alemães na Suíça, mas evitou cobrar o fim o segredo bancário suíço.

Referindo-se ao acordo suíço para a compra de gás do Irã, Merkel disse estar cética quanto a uma dependência excessiva em relação a Teerã.

Nos mais, a chanceler federal alemã e o presidente suíço destacaram o “bom clima de amizade” das relações entre Suíça e Alemanha e se restrigiram a trocas de gentilezas.

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