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Suíço escreve “melhor livro do mundo” sobre vinhos

O autor, Alberto Dell'Acqua ZVG

"D'Vinis", de autoria de Alberto Dell'Acqua, acaba de ser premiado como o melhor livro do mundo consagrado ao vinho. A obra é fruto de décadas de trabalho e paixão desse suíço originário do cantão italófono Ticino.

A cada ano milhares de obras dedicadas às artes e a história da mesa e do vinho chegam às livrarias. O mercado dos livros gastronômicos vive um crescimento sem precedentes. Tanto para os autores como para os editores, a concorrência é também cada vez mais acirrada. Este ano, o júri do prêmio “Gourmand” examinou mais de seis mil obras em quarenta idiomas, publicados em 102 países.

Em sua opinião, o que diferencia seu livro dos outros sobre o tema?

Alberto Dell’Acqua: Francamente, eu fui surpreendido, mas também fiquei muito feliz. Creio que o júri sentiu o entusiasmo que coloquei na redação dessas 420 páginas. Ele me recompensou com a seguinte inscrição, eu cito: “A audácia de uma obra editorial rica em conteúdos históricos e de atualidade, ilustrada também por uma rica iconografia.”

Como você organizou o seu trabalho para a redação do livro?

Foram mais de dez anos de trabalho para escrever o D’Vinis e reunir as 600 ilustrações que completam o texto, das quais algumas são extremamente raras. Foi um trabalho de pesquisa para o qual consultei uma centena de museus e arquivos, assim como inúmeras fontes bibliográficas.

Preciso também ressaltar o esforço realizado para a tradução da obra: D’Vinis foi publicado nas três línguas nacionais suíças (francês, italiano e alemão). Também o grafismo ajuda a destacar a originalidade da obra.

Justamente, fale para nós do conteúdo do livro…

Diria inicialmente que é preciso abrir D’Vinis, tocá-lo e degustá-lo lentamente, um pouco como um bom vinho, que é saboreado gole após gole. Eu também tentei falar sobre vinho de uma maneira diferente e de revelar fatos novos.

No que diz respeito à história secular do vinho, me imaginei sendo um hóspede de um desses encontros divinos de civilizações da boa bebida. Uma aventura mágica e uma viagem inebriante, que me transportou através de cinco milênios.

Eu também encontrei pessoas extraordinárias, que sabem decantar às maravilhas todas as qualidades do vinho – e dentre alguns deles, verdadeiros campeões – cuja personalidade e o trabalho arrebatam o espírito.

O vinho e tudo que gravita em torno da enologia encontram um sucesso crescente frente ao público. Isso seria apenas uma moda?

Quando se viaja na história do trabalho de se cuidar de uma adega ou se fala das civilizações do vinho, percebe-se que o néctar dos deuses é e esteve sempre na moda. Trata-se de um elemento central da cultura e dos prazeres da humanidade.

Sua premiação é também uma grande publicidade no plano internacional…

De fato. Penso que o prêmio permitirá ampliar a difusão da obra. Graças, sobretudo, ao meu editor, D’Vinis já está sendo bem apresentado nos países de língua francesa. Além disso, já estamos na segunda edição e uma terceira versão, em inglês, está em fase de preparação. Em Paris cheguei mesmo a ser contatado por editores interessados em comprar os direitos para editar o livro em russo e em chinês.

O fato de um autor suíço ter ganhado tal prêmio teria uma ligação com a história e a produção vinícola suíça, ou até mesmo do Ticino?

Não acredito. O universo do vinho não conhece fronteiras, mesmo que a obra coloque a Suíça no centro do mundo, ao descrever as primeiras descobertas arqueológicas feitas nesse domínio no Valais (sul da Suíça), em Avenches (oeste) e Vindonissa, na Argóvia (leste), antes de seguir seu périplo ao redor do planeta.

Seu nome, Dell’Acqua, não predestinava você verdadeiramente à paixão do vinho…

Não se esqueça de que o vinho é composto em mais de 90% de água, “l’acqua” precisamente…(risos).

Quais são seus futuros projetos?

Investir tempo, ter projetos, faz parte intrínseca do ADN do jornalista, sobretudo aquele que dirige uma revista, como é meu caso. Mas para realizar uma obra como D’Vinis, eu vou precisar refletir consideravelmente antes de me lançar em uma nova aventura.

No momento, estou fazendo as minhas malas e, como Ulysse, estou me preparando para partir a uma pequena ilha grega que transporta o aroma do vinho…sem portanto, descansar sobre meus louros.

Nicole della Pietra, swissinfo.ch

Alberto Dell’Acqua nasceu em 1951.

O jornalista e editor vive e trabalha em Lugano, onde dirige a revista Gastronomia e Turismo, fundada por ele em 1973. Ela é também a única publicação trilíngüe do setor (francês, italiano e alemão) na Suíça.

Antes do livro D’Vinis, o autor já havia publicado outras obras: Cucinabella (2003), Foody (2004) e OperaPrima (2006).

O suíço originário do Ticino atua também na Academia do Vinho em Genebra.

Em 1986, ele foi designado o jornalista gastronômico do ano.

O prêmio “Gourmand” ou o “Gourmand World Wine Book Award” premia os melhores livros do mundo sobre vinho.

Ele foi criado em 1995 pelo bibliógrafo Edouard Cointreau.

A competição é gratuita e aberta a todos os idiomas e países.

A cada ano, pouco mais de uma centena de países participantes esperam conquistar o prestigioso prêmio. Em 2008 foram 102 paises.

Os ganhadores de cada país são anunciados em novembro e entram na competição pelo título “Best in the World”.

D’Vinis recebeu o prêmio de melhor livro “gourmand” da Suíça em 2008 e o título GOURMAND WORLD WINE BOOK AWARD’S 2008.

A obra, que faz parte da categoria de “livros bonitos” é um álbum luxuoso, editado em três idiomas: francês, italiano e alemão.

A primeira parte é consagrada à história secular do vinho através das civilizações antigas da Mesopotâmia até os Fenícios, passando pelo Egito e atravessando os mitos gregos e a literatura latina.

A segunda parte fala da história dos sommeliers (n.r.: encarregado de vinhos em um restaurante ou bar) na Suíça e em outros países, assim como os prestigiosos prêmios que recompensam a cada ano os melhores sommeliers através do mundo

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