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Suíços “desperdiçam” 13% da jornada de trabalho

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A população ativa na Suíça é a segunda mais produtiva da Europa, depois da Alemanha, com mais de 41 horas semanais de trabalho.

Apesar disso, duas horas e meia do tempo de trabalho por semana são perdidas em absenteísmo, navegar na Internet ou tratar de assuntos pessoais.

Os suíços estão em segundo lugar na Europa em matéria de produtividade do trabalho. Perdem somente para os alemães, segundo os dados mais recentes divulgados pela Secretaria Federal de Economia (SECO), em junho de 2006.

No entanto, apesar dos bons índices, os suíços perdem 13% da jornada de trabalho em diversas atividades.

O fator mais importante é o absenteísmo, responsável por 50% do tempo improdutivo acumulado pelo trabalhador suíço durante o ano.

A segunda causa são as conversas privadas com os colegas de trabalho e o terceira é o tempo gasto para navegar na Internet para distrair-se, enviar correio eletrônico pessoal, pausas para fumar e ligações telefônicas para familiares.

Esses dados foram obtidos através da pesquisa Lexmark sobre a produtividade do trabalho, concluído em outubro passado.

Quanto cada um trabalha

A pesquisa realizada por Lexmark – uma multinacional especializada em serviços de impressão terceirizados para reduir custos das empresas – foi feita com 4.602 empregados de vinte países europeus, entre eles Alemanha, Espanha, França, Itália, Grã-Bretanha e Suíça.

Em média, só 85% da jornada de trabalho dos europsus é realmente produtiva.

Grã-Bretanha tem o índice mais baixo de produtividade, com “desperdício” de 22% da jornada; na outra ponta, com o índice mais alto de produtividade, está a Alemanha, com “perda” de 11% do tempo de trabalho.

Na Suíça, os trabalhadores perdem 13% do tempo pelo qual recebem mensalmente, segundo Lexmark. O principal fato é o absenteísmo e o tempo dedicado a consultar a Internet por motivos pessoais.

O estudo considera também os níveis de produtividade em função dos horários de trabalho. Enquanto espanhóis e portugueses são mais produtivos à tarde e à noite, os alemães, suíços e franceses trabalham melhor pela manhã.

Perfil mundial

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), sediada em Genebra, das dez economias mais desenvolvidas do mundo, os Estados Unidos detêm as jornadas de trabalho mais longas e por isso é um dos mais produtivos do planeta.

Em média, o trabalhador estadunidense trabalha 1.904 horas por ano; o alemão 1.720; o suíço 1.750; o espanhol 1.767; o italiano 1.765; o britânico 1.694; o francês 1.605, segundo a OIT:

Com base nessas cifras, os empregados franceses são os que menos trabalham (35 hs por semana), desde 1999, ano em que o governo socialista de Lionel Jospin decretou a redução da jornada de trabalho para criar empregos (Ley Aubry).

No entanto, embora trabalhem menos horas do que em outros países, os franceses têm uma produtividade alta e só “desperdiçam” 15% do tempo, segundo dados do estudo Lexmark.

Os alemães, por sua vez, são os mais produtivos da Europa, com quase 40 horas semanais, como parte da estratégia nacional para trabalhar mais tempo e retardar a idade da aposentadoria. Os alemãs tem um “desperdício” de apenas 11% da jornada de trabalho.

O que ocorre com a Suíça

Acerca desse tema, a Secretaria Federal de Economia (SECO) tem detalhes adicionais à pesquisa da Lexmark.

Concretamente, os helvéticos trabalham aproxidamente 41,2 horas semanais e está entre os cinco que mais trabalham na Europa, segundo datos mais recentes de produtividade (2005).

Essas cifras coincidem com as da OIT, com 1.895 horas por ano, segundo a SECO. Porém a SECO precisa que o tempo de trabalho da população está caindo desde 1998, quando a média era de 42,3 horas semanais. Em 2005, a carga semanal foi de 40,8 horas.

As causas

Como mencionado, no caso suíço a principal razão pelo “desperdício” de parte da jornada de trabalho é o absenteísmo, fenômeno tem sido acentuado nos últimos sete anos, como confirmam os dados da Divisão Federal de Estatísticas (OFS).

Em 2005, a ausência dos trabalhadores na Suíça é da ordem de 4,1 milhões e representam 305 milhões de horas de trabalho.

A principal alegação é por problemas de saúde (75% dos casos) e a segunda em importância é por obrigações com o serviço militar, o serviço social ou a proteção civil (14%)

Contrariamente ao que se poderia pensa, por razões pessoais ou familiares, os trabalhadores suíços têm apenas 5% de absenteísmo e 4% por maternidade.

A média anual de ausência do trabalho de 81 horas, ou seja, 2 horas e meia por semana.

swissinfo/Andrea Ornelas

Um amplo debate sobre a redução dos índices de absenteísmo, a ampliação da jornada de trabalho e também da idade da aposentadoria ocorre na Europa desde 2004.

A justificativa dos governos (a começar pelo alemão) é que, com a maior espectativa de vida, as pessoas também precisam trabalhar para além dos 60 anos, tema que também causa controvérsia na Suíça, onde a idade é fixada atualmente em 65 anos.

Lexmark é uma multinacional presente em 150 países. Seu estudo sobre produtividade 2006 conclui que os problemas de saúde são a principal causa de absenteísmo no trabalho.

Na Suíça, 3% das pessoas em idade e com vontade de trabalhar não encontram emprego.
Os suíços trabalham mais de 40 horas por semana e têm um salário médio de 5.500 francos suíços por mês.
Por ano, a média de 1.895 horas de trabalho, segundo a SECO.

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