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Suíços avançam no combate à malária

Parcela de artemísia no Centro de Pesquisas Agronômicas de Contthey (divulgação). Divulgação

Pesquisadores de Basiléia contribuiram na criação de uma molécula sintética baseada numa planta milenar, a Artemisia annua.

Por outro lado, após dez anos de pesquisas, agrônomo suíços conseguiram criar uma variedade de artemisia que multiplica por dez o princípio ativo da planta.

A artemísia é uma planta utilizada na medicina chinesa há mais de 1.500 anos, contra a febre e no combate ao Plasmodium faciparum, o parasita que causa a malária.

O método natural

A planta adaptou-se na europa e é objeto de pesquisas na última década, principalmente a Artemisia anua, a variedade mais interessante, depois que as várias tentativas de produzir uma vacina contra a malária não deram os resultados esperados.

Da folhas da artemisa é extraída a artemisinina, a molécula que combate o paludismo e que descobriu-se ser eficaz mesmo nos casos de resistência aos outros remédios existentes.

Depois de dez anos de trabalho no Centro de Pesquisas Agronômicas de Conthey (sudoeste da Suíça), os agrônomos conseguiram decuplicar a concentração de artemisinina da Artemisia annua.

Charly Darbelley, agronônomo em Conthey, explicou a swsissinfo que centenas de hectares dessa super artemísia estão plantados no Brasil, Tanzânia, Grécia e Birmânia.

“Com apenas dois gramas de sementes, pode-se plantar 1 hectare de artemísia que produz 3 toneladas de folhas e 45 kg de artesinina”, acrescenta o agrônomo.

A maneira química

Até agora, a perspectiva era extrair o princípio ativo da planta e produzir o medicamento.

Mas um grupo internacional de especialistas em química, parasitologia, toxicologia e famacologia anunciou ter produzido a mesma molécula de maneira sintética. A vantagem seria reduzir o custo através da produção do remédio em larga escala.

Os resultados da pesquisa, coordenada pela fundação suíça Medecinas para Vencer a Malária, foram publicados na revista Nature, na edição de quinta-feira (19.08.04). Participaram cientistas britânicos, americanos, australianos e suíços (Instituto Tropical de Basiléia, laboratórios Roche e Basiléia Faracêutica).

As experiências de laboratório com a molécula chamada de OZ 277 (ozonide) demonstraram eficácia superior ao princípio ativo da planta natural, afirma o estudo. Os primeiros testes feitos na Grã-Bretanha, em voluntários saudáveis, indircaram boa tolerância do organismo humano, segundo o artigo da “Nature”.

Testes com doentes em janeiro

A OZ 277 reproduz parte da estrutura da artemisinina, uma espécie de projétil químico que interage com o ferro da hemoglobina humana e libera uma substância que combate o parasita presente no sangue do paciente. Os testes com doentes devem começar em janeiro de 2005.

Charly Darbellay confirma o interesse dos laboratórios pela artemísia mas afirma “que nossos métodos naturais têm menos efeitos secundários”. Ele prevê que ainda vai levar tempo para que um novo remédio tenha uma ampla difusão no mercado e beneficie os doentes.

Milhões de vítimas

Embora seja estudada há mais de um século, a malária continua a matar milhões de pessoas nos países mais pobres, principalmente na África.

Ela pode ser tratada mas o problema é que os remédios são relativamente caros para esses países e há resistência do parasita aos medicamentos existentes. Daí o interesse da artemísia para o desenvolvimento de novos remédios.

swissinfo, Claudinê Gonçalves

A cada 30 segundos, morre uma criança vitimada pela malária.
90% dos doentes estão na África sub-saariana.
A epidemia custa 12 bilhoes de dólares por ano aos países africanos.

Um grupo internacional de pesquisadores, com participação de suíços, conseguiu criar uma molécula sintética derivada de Artemisia annua, usada contra a febre na medicina tradicional chinesa.

Um grupo de agrônomos suíços selecionou uma variedade de artemisia que decuplou o princípio ativo que combate a malária.

Produto químico ou natural, o fato é que, depois das vacinas não terem dado certo, a artemísia é alvo de todas atenções no combate à malária.

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