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Abertura e pesquisa são essenciais para a inovação

Curiosity, o robô da NASA que pousou recentemente em Marte, tem um pouco de suíço. O sistema de controle da mobilidade foi fornecido por uma empresa suíça. Reuters

A Suíça é uma “potência científica” e líder em inovação, mas precisa continuar aberta e investindo para manter essas posições. Assim pode se resumir as palestras e debates da assembleia plenária de sábado (18) que concluiu a parte oficial do 90° Congresso dos Suíços do Estrangeiro.

“Talvez a maior força da Suíça é que ela é uma grande nação científica, mas que precisa continuar aberta”. Em seu discurso sábado (18) no Congresso dos Suíços do Estrangeiro, em Lausanne (oeste), o ministro das Relações Exteriores, Didier Burkhalter, falou várias vezes da necessidade de manter a abertura do país.

Como exemplo de abertura, o ministro disse que, nas universidades suíças, cerca de um terço dos professores, metade dos pós doutorandos e um pouco mais de um quinto dos estudantes são estrangeiros. Por outro lado, cerca de 21% dos estudantes que se formaram na Suíça em 2008, também tinham estudado no estrangeiro. Lembrou ainda que grande parte dos 16 prêmios Nobel suíços trabalharam no estrangeiro.

O tema do 90° Congresso organizado pela Associação dos Suíços do Estrangeiro (OSE), era “Mobilidade e Inovação: a Suíça na hora dos grandes desafios internacionais”.

Consulado científico no Brasil

“Em minhas viagens, tive a oportunidade de constatar que a Suíça não é vista como um pequeno país de 8 milhões de habitantes, mas como uma potência científica”.  

O ministro fala em “diplomacia científica.” Para isso, os consulados científicos suíços chamados de swissnex, são muito importantes. “Este ano abrimos nosso quinto swissnex em Bangalore, Índia, depois dos de Boston, São Francisco, Xangai e Cingapura”, lembrou Burkhalter. Essa rede será ampliada nos países Brics e o próximo deverá ser no Brasil.

Durante a mesa redonda, Xavier Contesse, diretor de Avenir Suisse (futuro suíço) explicou que em matéria de inovação , nos anos 1980 falava-se muito da Coreia e do Japão e a Suíça estava em 15° lugar. “Em 20 anos passamos para o primeiro lugar, sem grandes planos, mas aproximando as universidades das empresas.”

Nobel de Química vai trabalhar no Rio

O Nobel de Química 2002, Kurt Wütrich, cuja carreira é de pesquisa e ensino, contou que na Escola Politécnica de Zurique (ETH), teve 250 colaboradores de várias nacionalidades e que mais de 80 deles hoje são professores universitários nos cinco continentes. Explicou suas pesquisas em ressonância magnética nuclear, citou descobertas de suas equipes no mapeamento dos príons da doença da vaca louca e gripe aviária.

Wütrich disse ainda que viajou muito para conhecer a cultura dos cientistas que trabalhavam com ele. Hoje ele trabalha na Califórnia e vai brevemente dirigir doutorandos da UFRJ, no Brasil. Disse ainda que o nível de pesquisa na Suíça continua muito elevado, mas que as universidades trabalham cada vez com planejamento de objetivos e prazos, “muitas vezes dependendo da União Europeia para financiamento de pesquisas. “O perigo é perder a autonomia”, concluiu

Swatch foi criado por acaso

Elmar Mock, o suíço que inventou os relógios de plástico Swatch contou a história pouco conhecida, o “Khama Sutra da inovação”. Disse que é filho de relojoeiro e já trabalhava como engenheiro na grande crise do fim dos anos 1970 e início dos 1980, quando o setor perdeu 60 mil empregos por causa da concorrência asiática.

“Trabalhava numa fábrica de movimentos de relógios (ETA); tive a ideia de uma nova máquina, fiz um esboço e mostrei para um responsável. Tinha 26 anos e pensava em um brinquedo para o Natal. Horas depois estava na sala do patrão e ele me deu duas horas para defender a ideia; então  pensei, vou em frente ou perco emprego.”  

Mock explicou que o projeto foi questionado e reformulado várias vezes, que foi taxado de louco, mas que dois anos depois a Swatch estava no mercado.

Trinta anos depois e mais de 500 projetos, ele conta a história para explicar que é preciso saber o que se quer, mas admitir que o início é caótico. “Saber onde se quer ir, sem conhecer o caminho”, exemplifica o processo de inovação.

E conclui que “a renovação trabalha para o mercado e a inovação para criar novos mercados”, mas que ambos são necessários.

O presidente da Organização dos Suíços do Estrangeiro, Jacques- Simon Eggli, entregou ao ministro das Relações Exteriores, Didier Burkhalter, uma petição, lançada em janeiro, com 15 mil assinaturas, pedido a introdução rápida do voto eletrônico para todos os suíços com direito de voto, na Suíça e no estrangeiro.

 

O texto da petição pede que o voto pela internet seja possível nas eleições legislativas federais de 2015 e que “o voto eletrônico é indispensável para o futuro da democracia na Suíça.”

Dos 703 mil suíços do estrangeiro, 143 mil estão inscritos como eleitores e, portanto, podem participar de escrutínios cantonais e federais.

Lausanne

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