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Suíços no exterior: o voto esquecido

Suíço no exterior também tem o que dizer nas votações. swissinfo.ch

No referendo de 24 de novembro, quando a maioria da população rejeitou a proposta de restringir o direito de asilo no país, o voto dos suíços no exterior teve peso inédito.

Políticos começam a dar atenção ao poder de decisão dos 600 mil suíços que estão fora do país.

O referendo do último domingo (24.11) foi uma luta apertada para os membros da União Democrática do Centro (UDC), agremiação mais à direita dos quatro maiores partidos que governam a Suíça. Sua proposta de restringir o direito de asilo acabou sendo derrotada por uma margem de apenas 3.400 votos.

Cidadãos suíços que moram no exterior e que participaram da votação de domingo acabaram tendo um grande peso nos resultados. Nos cantões de Genebra, Lucerna e Waadt, os únicos que contam separadamente os votos desses suíços, as planilhas mostraram que eles votaram massivamente contra a proposta.

60% dos genebrinos votam contra

No cantão de Genebra, por exemplo, mais de 60% suíços do exterior votaram contra. Ao todo participaram 9.193 deles na votação de domingo. Sua opinião frente à proposta de lei foi clara: 6.612 suíços no exterior votaram contra e 2.581 votaram a favor. Sabendo que a decisão final para o referendo deve-se a uma vantagem mínima de 3.400 votos, vê-se claramente que os suíços do exterior tiveram um peso considerável no resultado.

“Essa é uma comunidade muito importante, muitas vezes esquecida pelos partidos políticos”, afirma Julian Hottinger, cientista político da Universidade de Friburgo.

Em 1992, suíços no exterior ganham direito ao voto

Os suíços no exterior ganharam em 1992 o direito de participar nos referendos e plebiscitos, que se realizam no país. Apesar da possibilidade, dos 600 mil suíços que teriam direito ao voto, apenas 82.682 se registraram nas representações diplomáticas da Suíça.

O local de nascimento ou a origem da família determina o cantão, onde será registrado o eleitor suíço que habite no exterior. Por exemplo, isso significa que um suíço que more no Brasil, cujos antepassados vieram de Thun, pode participar das votações e o seu voto será registrado no cantão de Berna.

Aumenta participação dos suíços no exterior

A tendência é do aumento da participação desses suíços, segundo analisa o Ministério das Relações Exteriores. Seu objetivo é acrescer para 20% o número de cidadãos que votam.

Não só o governo, mas também a Associação de Suíços no Exterior (ASO) quer uma maior participação política desses cidadãos. Nesse intuito a ASO lançou a campanha “Registre-se”. “Participar nas votações é fundamental para qualquer suíço, mesmo se ele habite fora do país. Isso pois vários plebiscitos e referendos tratam de temas que atingem diretamente seus interesses, como a aposentadoria ou a posição da Suíça na Europa e no mundo”, lembra Rudolf Wyder, diretor da ASO.

Partidos descobrem os “estrangeiros”

Os partidos também começam a descobrir a força política dos suíços no exterior. Até bem pouco, sua única atuação frente a essa comunidade se limitava a folhetos e revistas distribuídos e contatos pessoais, em viagens ao exterior.

A União Democrática do Centro (UDC), depois da derrota, já incluiu na sua agenda um maior contato com os suíços no exterior. “Nós queremos desenvolver uma estratégia para informar de forma adequada esses cidadãos”, declara Aliki Panayides, secretária-geral da UDC.

Para os sociais-democratas, o interesse frente as comunidades estrangeiras é muito mais do que a intenção. “O suíço no exterior já está incluído na nossa campanha para as eleições em 2003”, ressalta Jean-Philippe Jeannerat, porta-voz do partido.

Suíço no exterior é mais liberal

De acordo com cientistas políticos, a posição política dos suíços que habitam fora do país é liberal. “Esses cidadãos vêem a Suíça de fora; eles são mais modernos e abertos ao mundo”, analisa Claude Longchamp, cientista político do Instituto de Pesquisas Sociais de Berna.

Porém a tese que os suíços do exterior tenham tido um papel decisivo na votação de domingo é relativizada. “Nós poderíamos ter analisado essa vantagem a partir de outros grupos de eleitores”, diz Longchamp.

swissinfo

– 9.193 suíços no exterior participaram do referendo de 24.11.
– 6.612 votaram contra a proposta da UDC.
– 2.581 votaram a favor da propota da UDC.
– A eleição foi decidida por apenas 3.400 votos.
– 600 mil suíços no exterior têm direito ao voto.
– Apenas 82.682 estão registrados nos consulados.

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