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Suíços vão às urnas no domingo

Corrida ao congresso suíço chega à reta final. EQ Images

Terminado o prazo para a campanha, candidatos, partidos e eleitores suíços esperam agora o veredito das urnas. Após 4 anos relativamente agitados, os cidadãos do país parecem querer recuperar alguma estabilidade.

As eleições não devem mudar grande coisa no cenário político suíço, a não ser para os novos partidos.

Uma campanha em geral sem brilho que nem parece que a legislatura que se termina havia sido particularmente agitada, pelo menos durante os dois primeiros anos. O cenário político suíço, tradicionalmente bastante estável até recentemente, chegou mesmo a passar por uma série de turbulências sem precedentes.

Um ministro não foi renovado no cargo, o maior partido do país passou um ano na oposição, dois ministros mudaram de lado e outros dois foram mais ou menos empurrados para fora. Pela primeira vez na história suíça, cinco partidos estão representados no governo. Por fim, duas novas formações surgiram a nível nacional, enquanto outros dois partidos optaram por uma fusão, após mais de um século de rivalidades a nível estadual.

Segundo as últimas sondagens, estes acontecimentos não terão consequências importantes no equilíbrio entre os grandes partidos. Depois de quase duas décadas de polarização, caracterizada por um forte crescimento da direita populista, desta vez o equilíbrio de poder entre os três grandes blocos deve permanecer razoavelmente estável. Direita e esquerda praticamente permanecerão onde estão, enquanto mudanças significativas poderão ser definidas no centro cada vez mais fragmentado.

Remelexo de direita

Os dois principais partidos históricos da Suíça devem sair perdendo nessas legislativas de 2011, especialmente o liberal radical (PLR). Mesmo a fusão com o Partido Liberal da Suíça, feita em 2009, não parece capaz de conter a hemorragia de eleitores do Partido Radical iniciada no final de 1980.

As previsões são ligeiramente mais favoráveis em relação ao Partido Democrata Cristão (PDC), que também sofreu uma erosão constante desde os anos 80, mas que parece ter conseguido parar esta tendência nos últimos quatro anos. Talvez também porque os democratas cristãos foram mais agressivos e flexíveis durante este ano eleitoral, retirando, por exemplo, seu apoio à energia nuclear logo após o acidente de Fukushima.

Entre os que devem sair ganhando, o Partido Verde Liberal e o Burguês Democrático (PBD). Desde que surgiram, estes dois partidos estão emergindo como uma possível alternativa para os eleitores descontentes com o PLR e o PDC. Mas enquanto os verdes liberais têm bom potencial de crescimento em escala nacional, os democratas burgueses estão confinados nos três estados em que foram criados.

Base popular intacta

O Partido do Povo Suíço (SVP, na sigla em alemão) não deve repetir este ano o sucesso das últimas quatro eleições, que lhe permitiu se tornar o maior partido do país. O SVP desta vez foi incapaz de dominar a campanha eleitoral. O partido parece, no entanto, capaz de absorver o choque da separação de sua ala moderada (que formou o PBD em 2008) e deve confirmar sua posição de maior partido do país.

Com um programa sem concessões, o Partido Socialista tentou mobilizar seu eleitorado para conseguir 20% dos votos. Os socialistas, no entanto, não foram capazes de se beneficiar da cobertura da mídia na renúncia da ministra, e atual presidente da Suíça, Micheline Calmy-Rey.

O acidente de Fukushima parecia promover o Partido Verde da Suíça, que esperava ultrapassar pela primeira vez o limiar simbólico de 10% dos votos. Mas os ambientalistas não souberam capitalizar o tema a longo prazo. O governo decidiu renunciar à construção de novas usinas nucleares e outros partidos mudaram rapidamente sua posição em relação à política energética, roubando um pouco o brilho da bandeira verde.

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Nenhuma grande mudança também do lado dos cinco pequenos partidos representados no parlamento. Essas formações, apoiadas há décadas por um eleitorado de nicho, ou apenas em alguns cantões, devem, mais uma vez, se contentar com uma ou duas cadeiras na Câmara.

Entre os partidos que poderiam fazer sua primeira aparição no congresso suíço, o Movimento Cidadão de Genebra, que conseguiu um sucesso considerável na última eleição no estado. O Partido Pirata também promete criar uma surpresa. Na Alemanha, havia registrado um resultado surpreendente nas eleições regionais, em Berlim.

Domingo, as votações estarão encerradas oficialmente ao meio-dia (hora local). Os primeiros resultados estarão disponíveis no período da tarde e as primeiras projeções nacionais são esperadas a partir das 19 horas. Ao longo deste dia de eleição, você pode encontrar no site da swissinfo.ch resultados atualizados regularmente, feedbacks e análises.

As eleições legislativas federais são realizadas a cada quatro anos, no mês de outubro.

Os eleitores devem renovar ambas as casas do parlamento, o Conselho de Estados (Senado) e o Conselho Nacional (Câmara dos Deputados).

O Conselho Nacional representa o povo suíço. Tem 200 cadeiras divididas entre os 26 cantões em proporção à sua população.

O Conselho dos Estados representa os cantões. Tem 46 membros eleitos. Cada cantão tem dois assentos e cada meio cantão um assento.

Política suíça é dominada por quatro partidos do governo, que compartilham cerca de 80% do eleitorado há mais de um século: o Partido do Povo Suíço (28,9% dos eleitores em 2007), o Partido Socialista (19,5%), Liberal-Radical (17,7%) e o Partido Democrata Cristão (14,5%).

Uma nova força política surgiu na década de 1980: o Partido Verde Suíço (PES, na sigla em francês). Os Verdes obtiveram 9,6% dos votos em 2007, mas até agora nunca estiveram representados no governo.

Mais recentemente, duas novas formações criadas de divisões conseguiram um espaço: os Verdes Liberais (separados do PES desde 2008) e o Partido Burguês Democrático (separado do Partido do Povo Suíço desde 2008). As pesquisas indicam que os dois partidos poderão progredir na próxima eleição federal, mas não devem exceder, respectivamente, 5 e 4% dos votos.

O Parlamento também tem cinco partidos minoritários que, juntos, representam 5,5% dos eleitores a nível nacional: a Lega dei Ticinesi, a União Democrática Federal, o Partido Cristão Social, o La Gauche e o Partido Evangélico.

Adaptação: Fernando Hirschy

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