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Suíça é contra guerra sem aval da ONU

Joseph Deiss: ministro das Relações Exteriores da Suíça Keystone Archive

Em entrevista ao jornal Blick, terça-feira (10/9) em Nova Iorque, Joseph Deiss, ministro das Relações Exteriores da Suíça, fala da futura atuação do país nas Nações Unidas e do provável conflito entre os EUA e o Iraque.

O que pretende a Suíça dentro da ONU?

Deiss: Vamos atuar em todos os assuntos onde nossas tradições culturais e democráticas possam contribuir. Nosso ponto forte será sobretudo em políticas de paz e de promoção dos direitos humanos.

A Suíça poderia então resolver o problema no Oriente Médio?

Deiss: Não. Isso seria impossível unilateralmente. Nesse sentido estaríamos ultrapassando nossas limitações naturais. Porém podemos intermediar ou apoiar com firmeza qualquer iniciativa de paz.

Isso lembra mais a posição suíça de neutralidade no cenário internacional, ou não?

Deiss: Talvez. Nós queremos tomar essa política tradicional e adaptá-la aos novos tempos. Temos afinal de reconhecer que um dos nossos trunfos é a neutralidade. Ao mesmo tempo, é necessário reconhecer que somos agora um dos maiores contribuintes da ONU e por isso temos o dever e o direito de tomar posições.

Quase a metade dos suíços votou em plebiscito contra a adesão à ONU. O governo não estaria esquecendo esse grupo?

Deiss: Nossa obrigação agora é mostrar a esse grupo minoritário, dos céticos em relação a adesão à ONU, que nossos argumentos a favor têm fundamentos e que nossas promessas serão cumpridas.

Como o atentado de 11 de setembro modifica a ONU?

Deiss: Essa mudança ocorre em três aspectos: em primeiro lugar, o atentado uniu ainda mais os países dentro da ONU. Em segundo lugar, países que estavam distantes da comunidade internacional se reaproximaram, mesmo se ainda existem pontos conflitantes como o do Tribunal Penal Internacional. Finalmente, o 11 de setembro deu oportunidade para as Nações Unidas mostrarem sua eficiência: dois meses depois do atentado, ela já estava organizando no Afeganistão um governo provisório.

Apesar de serem mais influentes, os americanos já pensam até em uma guerra contra o Iraque.

Deiss: O atentado de 11 de setembro mostrou para os americanos que eles, como única potência mundial, não devem resolver conflitos sozinhos.

Qual a opinião do governo sobre os planos do EUA?

Deiss: Nós somos absolutamente contra a produção e uso de armas de destruiçãomaciça e apoiamos qualquer controle por parte da ONU. Ao mesmo tempo, somos contra quaisquer medidas e ações de guerra unilaterais. Conflitos armados só devem ocorrer através de uma decisão do Conselho de Segurança. Porém espero que não cheguemos tão longe.

Isso significa que a Suíça apóia uma guerra se o Conselho de Segurança da ONU aprovar?

Deiss: Nós não iremos passar um cheque em branco. Isso depende muito da situação e nós iremos analisá-la com profundidade.

swissinfo

– “Nosso ponto forte será sobretudo em políticas de paz e desenvolvimentos dos direitos humanos.”
– “Temos afinal de reconhecer que um dos nossos trunfos é a neutralidade.”
– “Nós não iremos passar um cheque em branco.”

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