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Suíça é vice-líder em divórcios na Europa

Muitos casamentos duram pouco. christian Helmle

O número de divórcios na Suíça triplicou desde 1970 e hoje gira em torno dos 20 mil por ano, segundo dados do Departamento Federal de Estatísticas (DFE).

Na Europa, a Suíça só perde para a Bélgica nesse quesito. Estudos citados pelo DFE apontam que o risco de divórcio é maior entre cônjuges binacionais.

“Antigamente o divórcio era fortemente estigmatizado. Ao longo do tempo, porém, aumentou sua aceitação social. Hoje uma separação no tribunal não é mais vista como o fracasso de um casamento e sim como parte da vida.”

É o que se lê na introdução da nova edição da newsletter “demos”, uma publicação quadrimestral do Departamento Federal de Estatísticas da Suíça. Mas também outros fatores, como a posição social da mulher e a nova lei do divórcio desempenham um papel.

O DFE também esclarece a importância de analisar esse fenômeno. “Divórcios podem ter consequências graves para a vida dos atingidos. Nesses casos, o nível de vida cai, mães ou pais divorciados são mais atingidos pela pobreza do que pessoas solteiras. Uma separação possivelmente tem fortes efeitos sobre a psique e o meio social dos membros da família atingida”, escreve.

Segundo dados publicados na “demos”, entre 1900 e 1965 ocorriam menos de 5 mil divórcios por ano na Suíça. Daí esse número aumentou de 6.400 (1970) para 21.300 (2005).

Dados publicados pelo DFE após a análise feita na demos mostram que, em 2008, houve 19.600 divórcios no país, 1,4% a menos do que em 2007. Segundo o DFE, isso significa que quase a metade dos casamentos termina diante do tribunal.

Opfikon, capital do divórcio

Na Suíça, foram registrados 2,6 divórcios por 1.000 habitantes em 2007. Com esse índice, o país ocupa o segundo lugar na Europa, sendo superado apenas pela Bélgica, segundo dados do Departamento Europeu de Estatísticas (Eurostat) referentes a 12 países. Portugal aparece em quinto lugar nesse ranking, a Itália em último (veja gráfico na coluna à direita).

O fenômeno também apresenta fortes diferenças regionais. Em 2007, o cantão de Neuchâtel e o município de Opfikon, no estado de Zurique, tiveram índices de divórcio acima da média suíça – 3,5% e 5,3% respectivamente. A “demos” não aponta possíveis causas dessas diferenças.

Segundo a análise do DFE, nem mesmo casamentos de longa duração são “imunes ao divórcio”. Metade dos casais separa-se nos primeiros dez anos de matrimônio – a maioria após o chamado “maldito sétimo ano”.

Desde os anos de 1990, aumenta também o número de divórcios de pessoas que estavam casadas há mais de 20 anos – em 1970, esses casos representavam 10%, em 2007 já eram 30%. De uma maneira geral, porém, a duração média do casamento até o divórcio aumenta: de 1920 a 1990 era de 10 a 12 anos, hoje é de 14,5 anos, lê-se na “demos”.

Casais binacionais



Os autores da publicação explicam que a decisão de se divorciar pode depender tanto de características da pessoa e da sociedade, como também do contexto social (melhor situação financeira da mulher, menos estigmatização do divórcio, conflito entre família e profissão no caso das mulheres) e de determinações legais (p. ex. prazos para se divorciar, que variam muito de país para país).

Com o aumento do número de estrangeiros na Suíça (hoje eles representam 21% da população), aumenta também a probabilidade de casamentos e separações envolvendo cônjuges com diferentes nacionalidades.

O número de divórcios em que os dois cônjuges eram suíços caiu de 59% para 52% do total entre 1991 e 2007, quando em quase metade dos divórcios ou o casal (15,7%) ou o marido (16,5%) ou a mulher (15,7%) tinha nacionalidade estrangeira no momento do casamento – e o número de casamentos binacionais também aumenta (veja gráfico).

Mesmo que esse número seja problemático, diversos estudos citados pelo DFE chegam à conclusão de que, de uma maneira geral, casais binacionais correm mais risco de divórcio. Os autores da newslteter demos advertem, porém, que são necessários estudos mais aprofundados antes de se tirar conclusões definitivas.

Geraldo Hoffmann, swissinfo.ch

Em 26.600 dos 40.330 casamentos realizados em 2007 ambos os cônjuges eram solteiros. Em 13.700 casos, pelo menos um dos cônjuges já esteve casado antes.

O número dos que casam mais de uma vez na Suíça aumentou 20% desde 1970, principalmente em consequência do aumento do número de divórcios.

Em 2007, os homens tinham em média 31,2 anos no primeiro casamento; as mulheres, 28,9 anos.

Desde o início de 2007, homossexuais podem registrar uma “parceria” em cartório. Naquele ano, mais de 2 mil casais (71% gays) realizaram esse tipo de “casamento”.

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