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Suíça, corredor de imigrantes clandestinos

Ciganos são detidos na Suíça antes de entrar na França em 22 de setembro de 2002. Keystone Archive

Policiais helvéticos sofrem pelo fato da Suíça não fazer parte dos acordos do espaço Schengen. Desde fevereiro, eles já detiveram 253 imigrantes clandestinos.

Em Vallorbe, o reforço dos controles policiais da França impede a viagem de estrangeiros em situação irregular.

Atualmente eles já são mais de duzentos e, em breve, serão trezentos. Esse número pode crescer ainda mais. Essas pessoas vêm da China, de países do Oriente Médio, do Magreb, dos Balcãs ou da África.

Estamos falando dos imigrantes clandestinos, que na sua odisséia em direção à Europa, e sobretudo à Grã-Bretanha, são detidos nas fronteiras entre a França e a Suíça. Desde de 22 de fevereiro as autoridades francesas reforçaram os controles para acabar ou reduzir esse fluxo,

Os policiais estão vigiando dia e noite locais como a estação de trem de Vallorbe, Suíça, a última para os passageiros provenientes de Veneza ou Roma antes de entrar no território francês.

Um acordo ratificado em 1960 entre os dois países permite que as autoridades de fiscalização trabalhem nas linhas ferroviárias nos territórios vizinhos. Sua função é impedir a entrada de imigrantes ilegais.

Caça aos imigrantes

O lançamento dessa operação policial de grande envergadura pelas autoridades francesas tem suas conseqüências, sobretudo para os suíços.

“Os policiais dos cantões do Valais e de Vaud estão sobrecarregados com os imigrantes clandestinos descobertos na fronteira com a França”, publicou no início da semana a rádio local.

Em apenas um mês e meio, 253 imigrantes ilegais foram expulsos para a Itália. “O retorno dessas pessoas nos consumiu muita energia”, afirma Jean-Christophe Sauterel, porta-voz da Polícia do Cantão de Vaud. Os números mostram a amplitude desse trabalho: 113 policiais, 450 horas de trabalho, 12 mil quilômetros percorridos pelos veículos de transporte.

Eixo estratégico

Espremida entre a Itália e a França, a Suíça paga um preço alto pelo seu isolamento no chamado espaço Schengen. “Qualquer pessoa que abandona uma país do acordo precisa mostrar novamente sua documentação para chegar a um outro”, explica Sauterel.

Segundo o visto, o problema podem se complicar ainda mais. “Não existem apenas os imigrantes cujos documentos não estão em ordem, mas também aqueles que só têm direito a uma entrada nos países do espaço Schengen”.

Nos dois casos, essas categorias de imigrantes em trânsito pela Suíça não são mais controladas pelas autoridades francesas. Os policiais helvéticos não têm outra alternativa a não ser organizar sua expulsão.

O problema fica mais complicado, pois muitas vezes não é possível proibir a entrada na Suíça de pessoas com ficha criminal. “Todos os trens entre Domodossola e Brigue são controlados”, lembra Renato Kaldermatten, do departamento de informação e prevenção da Polícia do Cantão do Valais.

“Não podemos impedir a entrada dessas pessoas na França se elas tiverem um visto legal para a Suíça, mesmo se este for irregular para entrada no espaço Schengen”.

O trânsito de imigrantes clandestinos através da Suíça não cessará. Pelo contrário, esse problema continuará a ser motivo de dor de cabeça para as autoridades helvéticas.

swissinfo, Raphael Donzel
traduzido por Alexander Thoele

“Schengen” é a designação dada a dois acordos internacionais (um acordo e uma convenção) subscritos por um conjunto de Estados membros da União Européia com o objetivo de realizar a livre circulação de pessoas.

Além de Portugal, fazem parte destes Acordos os seguintes Estados: Alemanha, França, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Itália, Espanha, Grécia, Áustria, Dinamarca, Suécia e Finlândia.

A Noruega e a Islândia, Estados não membros da União Européia, assinaram um Acordo de Cooperação com os Estados Schengen.

O Acordo e a Convenção de Schengen instituem um regime de livre circulação de pessoas, independentemente da sua nacionalidade, no território desses Estados, através da abolição dos controlos nas respectivas fronteiras internas (terrestres, aéreas e marítimas).

Este regime inclui um conjunto de medidas compensatórias destinadas a garantir que a livre circulação se efetue sem prejuízo para a segurança dos cidadãos.

Em 26 de Março de 1995 iniciou-se a aplicação dos Acordos de Schengen por parte de sete Estados (Portugal, Espanha, França, Alemanha, Bélgica, Holanda e Luxemburgo) que reuniram as condições exigidas para conciliar a livre circulação de pessoas com os requisitos que garantem a segurança dos cidadãos no espaço Schengen.

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