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Suíça adota código de ética para os negócios

O novo código visa restaurar a confiança entre dirigentes e opinião pública. imagepoint.biz

O código de conduta incita os meios econômicos a agirem com mais ética.

Os críticos afirmam que as medidas preconizadas deveriam ser mais claras e mais severas.

A Associação Suíça por um Código de Ética, um órgão independente formado por representantes dos meios econômicos, apresentou sexta-feira (16/04) um novo código de ética.

“Estamos convictos de que, a longo prazo, as empresas e seus dirigentes têm interesse em melhor respeitar os princípios éticos”, afirma o presidente da associação, Hans Weherli.

“Nosso código não é apenas uma lista de deveres e de regulamentos. Ele está baseado em sete princípios: responsabilidade, integridade, respeito, transparência, justiça, apoio e cidadania de empresa.”

O texto dá conselhos sobre a maneira de reagir frente aos conflitos éticos que ocorrem em contexto econômico. A associação prevê ainda criar um selo ético. As empresas poderão obter o selo num prazo de dois anos.

Escândalos

O novo código de ética é lançado depois de vários escândalos nos meios econômicos como a falência da companhia aérea Swissair e os erros contábeis na maior agência mundial de empregos, Adecco.

Esses e outros casos provocaram a erosão da confiança dos consumidores, conforme constataram várias pesquisas.

A Associação obteve o apoio de 22 patrões de empresas suíças importantes, entre elas a Swisscom, maior operadora de telecomunicações do país, e a companhia aérea Swiss, criada depois da falência da Swissair.

Walter Bosch, vice-presidente do conselho de administração da Swiss afirma que “nesses últimos anos, diferentes problemas desestibilizaram a opinião pública. Salários mirabolantes de certos dirigentes, recessão etc. Portanto, é essencial estabelecer normas éticas para restaurar a confiança”.

Muito vago

Por outro lado, os mais céticos lembram que o código não tem qualquer valor legal e duvidam de sua eficácia.

Mesmo saudando a iniciativa dos meios econômicos, a organização não governamental Declaração de Berna considera que ela não será suficiente. “O risco é que as belas palavras não sejam jamais concretizadas”, afirma Florence Gerber, porta-voz da ONG.

“O código é muito vago e abstrato, continua. Ele não prevê sanções para as empresas que não o respeitarem. Finalmente, trata-se de uma operação de relações públicas”.

Os códigos de conduta estão na moda nos meios econômicos suíços. Nos últimos anos, eles se multiplicaram mas, na maioria dos casos, os objetivos não foram atingidos.

Segundo pesquisa realizada no ano passado, um terço das cem maiores empresas suíças cotadas não respeitaram ou apenas em parte as regras de conduta estabelecidas pela Bolsa suíça.

“Não se pode mudar de comportamento de um dia para o outro, mas esse tipo de iniciativa tem o mérito de sensibilizar os meios econômicos às questões éticas, conclui Walter Bosch.

swissinfo, Isobel Leybold
(Adaptação: Claudinê Gonçalves)

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