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Suíça dá liberdade a Roman Polanski

Polanski estava em prisão domiciliar na sua residêcia em Gstaad, nos Alpes bernenses. Keystone

Roman Polanski é um homem livre. A Suíça não irá extraditar o cineasta franco-polonês aos Estados Unidos.

A declaração foi feita pela ministra suíça da Justiça, Eveline Widmer-Schlumpf, durante uma coletiva extraordinária de imprensa em Berna.

Problemas formais no pedido entregue pelas autoridades americanas “não podem ser excluídos com a necessária certeza, mesmo após intensivas consultas”, escreve o Departamento de Justiça e Política (EJPD, na sigla em alemão).

As medidas de supressão da liberdade (prisão domiciliar e algemas eletrônicas) contra Polanski foram anuladas.

Widmer-Schlumpf ressaltou frente aos jornalistas presentes que a decisão tomada pelo seu ministério não está relacionada ao crime, do qual o cineasta é acusado. “Não se trata aqui de decidir pela sua culpabilidade ou não.”

O crime de Polanski teria ocorrido em 1977. Aos 44 anos, o cineasta havia convidado uma jovem de 13 anos, Samantha Geimer, para uma sessão de fotos para a revista Vogue, na residência do ator Jack Nicholson, em Los Angeles.

Segundo os autos, o diretor deu à menina champanhe e tranquilizantes, antes de pedir que tirasse suas roupas. Em uma piscina, os dois completaram o ato sexual. Posteriormente Geimer declarou que teve medo do cineasta e por isso se sujeitou ao seu assédio.

O cineasta contestou, na época, a versão da menina, mas confessou ter tido relações sexuais com a menor de idade. Ele foi preso e liberado mediante pagamento de 2.500 dólares de fiança. Durante as investigações, Polanski foi detido novamente, dessa vez por 42 dias.

10 meses de detenção

O diretor foi detido em 26 de setembro de 2009 a pedido da justiça americana quando chegou à Suíça para participar de um festival de cinema.

No evento Polanski receberia um prêmio pelo conjunto da sua obra. Depois de passar algumas semanas em uma penitenciária, as autoridades determinaram que ele ficaria sob prisão domiciliar em seu chalé de Gstaad, nos Alpes berneneses.

Compreensão dos EUA

Segundo Eveline Widmer-Schlumpf, os Estados Unidos manifestaram compreensão frente à decisão da Suíça de não extraditar o cineasta polonês. Contra a decisão não existe a possibilidade de entrar com recurso.

A ministra da Justiça e Polícia teve contatos intensivos com o embaixador dos EUA. Este mostrou compreender a decisão da justiça helvética, explicou Widmer-Schlumpf. A Suíça teria decidido livremente, sem pressão de outros países, manifestou a minista.

Como ainda ressaltou Widmer-Schlumpf, além das dúvidas em relação a formalidades no pedido de extradição, também a confiança tida por Polanski na Suíça teve um papel na tomada de decisão.

Desde 2006, o cineasta possui um chalé em Gstaad e também nunca cometeu um crime na Suíça. Ele viajou em plena confiança ao país e não esperava sofrer o processo que passou. Segundo padrões internacionais, lembra Widmer-Schlumpf, a extradição estaria ferindo a confiança depositada por Polanski no país.

A ministra lembrou ainda que o cineasta estava livre desde a tarde de segunda-feira. “Esse processo foi executado de maneira absolutamente correta”, disse Widmer-Schlumpf ao ser questionada se a Suíça iria se desculpar frente ao cineasta.

Sem indenização

Polanski poderia processar a Suíça por danos morais, acrescentou ainda a ministra Eveline Widmer-Schlumpf, porém ela não acredita que isso ocorra.

Os prejuízos tidos por ele pela duração da sua prisão domiciliar dizem respeito somente à sua duração. Polanski é corresponsável por isso. Ele e seus advogados teriam abdicado de entrar com um pedido de processo rápido e solicitado que a justiça helvética estude outros aspectos da questão.

swissinfo com agências

Polański nasceu em Paris com o nome de Rajmund Liebling, filho de Ryszard Polański (também conhecido por Ryszard Liebling), de religião judaica, e Bula Polański (nome de solteira Katz), uma católica. Em 1937, a sua família voltou à Polônia. A sua mãe morreu num campo de concentração, mas ele conseguiu evitar a prisão e o envio aos campos escapando do Gueto de Varsóvia, e passou a Segunda Guerra Mundial em fuga permanente, de um lugar para o outro. Ao final da guerra estudou na Polônia, tendo concluído estudos na escola de cinema de Łódź, em 1959.

Seu primeiro filme de longa-metragem, realizado em 1962 e falado em polonês, A Faca na Água, recebeu boa acolhida da crítica e o lançou numa carreira internacional dirigindo filmes em inglês e francês.

Trabalhou como ator nos filmes Uma Simples Formalidade (1994), do diretor Giuseppe Tornatore, O Inquilino (1976), do próprio, e Dança dos Vampiros (1967), também dirigido por ele.

Casado com a atriz francesa Emmanuelle Seigner desde 1989, entre seus principais trabalhos estão Repulsa ao Sexo, O Bebê de Rosemary e Chinatown. (Wikipédia em português)

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