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Suíça e Brasil poderiam lançar debate mundial sobre câmbio

Johann Schneider-Ammann na conferência realizada na Fiesp em São Paulo, Brasil swissinfo.ch

Empresários discutem com empresários: um dos pontos altos da missão econômica suíça em sua visita ao Brasil foi o encontro com empresários na Federação de Indústrias de São Paulo (Fiesp), na sexta-feira à tarde.

Para Johann Schneider-Ammann e sua delegação, o evento não se resumia apenas à troca de formalidades. A mais importante organização empresarial brasileira havia organizado um seminário de quatro horas, cujo título já demonstrava o ponto em comum entre os dois países: “Os Efeitos da Oscilação Cambial no Brasil e na Suíça”.

Ao abrir a discussão no auditório lotado na sede na Avenida Paulista, Benjamin Steinbruch, vice-presidente da Fiesp e também presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), ressaltou pontos em comum entre os dois países. “Existe uma convergência de interesses entre a Suíça e o Brasil que eu não imaginava há cinco anos”.

Logo depois o ministro suíço da Economia explicou ter descoberto outras semelhanças. “Escutei hoje no meu encontro com o vice-governador de São Paulo (Guilherme Affif Domingos)  que a economia do estado é a 22° mundo. Isso significa que estamos em verdadeira competição”, declarou Amman, ao fazer alusão à posição da Suíça no ranking mundial e provocando risos na plateia.

Ao falar das medidas aplicadas pelo governo helvético para combater a valorização do franco suíço, Amman falou na aprovação de um pacote de ajuda para o setor de exportação na base de 960 bilhões de dólares e também sobre a decisão do Banco Nacional Suíço, em 6 de setembro de 2011, de fixar um piso para o câmbio de 1,20 franco por um euro, uma medida aprovada por ele. “Não estamos praticando dumping monetário”, declarou o ministro.

Frente aos empresários brasileiros, Johann Schneider-Ammann considerou que uma das formas para a Suíça enfrentar o problema da valorização do franco é reforçar ainda mais as relações com outros países, justificando dessa forma a sua viagem ao Brasil e ao Chile. “No meu encontro com quatro ministros brasileiros nos últimos dias, não apenas sugeri, mas pedi-lhes a darmos finalmente um impulso às negociações de um tratado de livre comércio entre a AELC e o Mercosul”, afirmou.

Para encerrar os debates, Roberto Giannetti da Fonseca fez um alerta. “A guerra cambial é um dos problemas que mais afeta o emprego e o desenvolvimento econômico do país”, declarou o diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da FIESP, completando: “Temos atualmente uma extrema liquidez nos mercados internacionais, o que gera os ataques especulativos.”

Ao discutir o debate sobre o livre comércio, Giannetti foi ao ponto. “As Rodadas de Doha parecem algo do século passado. As nações líderes no G-20 precisam estabelecer um novo dialogo internacional, uma rodada sobre a moeda. Necessitamos de novas regras para o mercado internacional em termos de cambio”, defendeu. Para o analista da Fiesp, a situação atual é crítica. “A globalização traz novos desafios. Se Breton Woods nos trouxe um longo período de prosperidade após a guerra, precisamos agora de um novo acordo internacional para evitar uma guerra cambial, que pode não apenas posteriormente desencadear uma guerra comercial e, quem sabe até, uma verdadeira guerra entre as nações.”

O ministro Johann Schneider-Ammann parabenizou a ideia de Roberto Giannetti da Fonseca de lançar um debate sobre a questão cambial e sugeriu que governos e empresários dos dois países encontrem-se brevemente em Genebra (em meados de dezembro, durante a conferência de ministros, o mais importante grêmio de decisões da Organização Mundial do Comércio) e, em janeiro de 2012, no Fórum Econômico Mundial em Davos, também na Suíça.

Ao se despedir da delegação suíça, Benjamin Steinbruch fez também uma leve crítica. “Não sabia, mas me espantei ao descobrir que as exportações suíças ao Brasil estão na base de 2,3 bilhões de dólares e que as exportações do Brasil em 1,5 bilhões. E desse montante, quase 80% é de produtos agrícolas e alumínio. Portanto, peço ao governo suíço que nos ajude a aumentar o equilíbrio entre os dois países. A sua visita (Schneider-Ammann) é importante, mas temos que melhorar as relações econômicas entre nossos países”, declarou o vice-presidente da Fiesp.

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