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Suíça não vai para a extrema-direita

Comparativamente, o discurso da UDC é moderado. Keystone

Parte da imprensa estrangeira comparou a vitória da direita nacionalista (UDC) nas legislativas com a progressão da extrema-direita em outros países europeus.

No entanto, cientistas políticos afirmam que a situação não é comparável, apesar certas analogias.

Certos analistas estrangeiros traçaram um paralelo entre a vitória da direita nacionalista suíça da UDC (União Democrática do Centro), com a progresso obtido nos últimos anos pelos de extrema-direita na França, Áustria e Holanda.

O vocabulário usado para descrever o partido do líder da UDC, Christoph Blocher, (“xenófobo”, “populista” etc) foi o mesmo empregado para qualificar os diferentes movimentos de extrema-direita europeus.

Alguns foram até mais longe como jornal italiano Unitá que referiu-se a Christoph Blocher, em manchete, como “um milionário nazista triunfa nas eleições suíças”, na edição de segunda-feira (20.10)

Une révolution seulement dans les chiffres

Os resultados dos diferentes partidos de extrema-direita europeus provocaram um verdadeiro choque para a classe política tradicional nesses países. Isso também vem acontecendo na Suíça com a UDC.

Professor no Instituto de Altos Estudos em Administração Pública (IDHEAP), em Lausanne, o cientista político Pascal Sciarini fala em verdadeira “revolução” no cenário político suíço mas somente em números.

“Creio que podemos falar de uma revolução porque é a primeira vez que um partido registra uma tal progressão, afirma. Mas é uma pequena revolução porque é um fenômeno inédito na história suíça contemporânea.

Pascal Sciarini, no entanto, é muito mais reservado ao comparar a UDC com os partidos de extrema-direita. Ele reconhece similaridades no discurso nacionalista, na desconfiança dos estrangeiros e na crítica aos partidos tradicionais.

Blocher não é Haider nem Le Pen

«Mas há diferenças, na medida em que Blocher e seu partido nunca foram atacados por racismo e muito menos por anti-semitismo, afirma o professor. Não cometeram excessos de linguagem como o Le Pen (França) e Haider (Áustria). O discurso da UDC é mais sutil.”

A mesma análise é feita por Oscar Mazzoleni, diretor do Observatório da Vida Política (USTAT), no Ticino, sul da Suíça, que escreveu um livro sobre a UDC.
Ele também encontra semelhanças e diferenças.

Mazzoleni sublinha que a luta pela integridade da nação e o discurso de protesto contra a classe política tradicional considerada como incapaz de atender às preocupações dos cidadãos são elementos comuns dos partidos direitistas, inclusive da UDC.

Ele afirma, no entanto, que a UDC suíça é muito diferente dos partidos de extrema-direita.

«Ela participa do governo há décadas e sua recente radicalização não a impediu de continuar atuando dentro do sistema político de concordância vigente no país. Desse ponto de vista, a UDC é um caso único na Europa”, conclui Mazzoleni.

A droite toute!

Reste à voir maintenant si le renforcement de l’UDC modifiera en profondeur la vie politique suisse. Pour Pascal Sciarini, la victoire électorale de dimanche dernier va simplement accentuer un changement de cap déjà amorcé.

Et le politologue lausannois de citer l’exemple de la politique d’asile: les différents partis de droite ont déjà accepté de donner un tour de vis dans ce domaine pour anticiper ou pour coller aux exigences de l’UDC.

Or si Christoph Blocher ou l’un de ses collaborateurs entre au gouvernement, ce durcissement va certainement se poursuivre dans plusieurs domaines, qu’il s’agisse de l’asile, de l’immigration, de l’ouverture vers l’Union européenne ou encore de la politique économique et sociale.

Les adversaires de l’UDC espèrent que le parti de Christoph Blocher mettra de l’eau dans son vin en assumant davantage de responsabilités au sein du gouvernement. Mais Pascal Sciarini estime qu’ils se bercent d’illusions.

«Il y aura toujours cette possibilité pour le parti de recourir à la démocratie directe si la politique du gouvernement ne lui convient pas, parce que même avec deux membres au gouvernement, ils n’auront pas la majorité», explique-t-il.

swissinfo, Olivier Pauchard et Andrea Tognina

Como ficaram os 4 partidos que estão no governo, depois das eleições do final de semana:
União Democrática do Centro (UDC):26,6% des voix (22,54% en 1999)
Socialistas (PS): 23,3% (22,47%)
Radicais (PRD): 19,9% (17,3%)
Démocratas-cristãos: (PDC): 14,4% (15,9%)

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